Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro E.C.
Amor e ódio. Assim pode-se definir a relação do torcedor cruzeirense com o técnico Mano Menezes. Entretanto, uma coisa não se pode negar: seu nome já está marcado como um dos treinadores mais vitoriosos da nossa história. Após uma breve passagem em 2015, interrompida por uma proposta indecente da China, mas suficiente para salvar o clube da ameaça de rebaixamento, Mano voltou no dia 26/07/16 para, novamente, tirar o time da 19ª posição do Brasileiro e entregar na 12ª com a 4ª melhor campanha do returno e três anos depois, segue no cargo. Num futebol brasileiro marcado por uma troca insana de treinadores chegando a quase 1 técnico por rodada no Brasileiro, é um feito raro.
São 215 jogos, 104 vitórias, 62 empates e 49 derrotas. Um aproveitamento de 58% conforme imagem destacada. São 4 títulos conquistados (Copa do Brasil 2017 e 2018 e Mineiro 2018 e 2019). Podemos questionar algumas coisas no trabalho do treinador, como o futebol extremamente pragmático e a falta de utilização dos garotos da base. Entretanto, é inquestionável que seu trabalho trouxe frutos. Além disso, seu retorno proporcionou ao Maior de Minas voltar a ser copeiro nos mata-matas, algo que não acontecia há 14 anos (desde 2003, nosso último caneco nesse modelo de disputa). Mano venceu 25 de 38 disputas de mata-mata, tendo sido eliminado dentro do Mineirão em apenas uma oportunidade, contra o Boca Jrs. ano passado numa partida pra lá de polêmica.
My name is retranca. Títulos, raiva e comemoração. A montanha russa do cruzeirense sob a batuta do maestro da orquestra. Foto: Cruzeiro E.C./Twitter
O bicampeonato inédito da Copa do Brasil, assim como a quarta classificação inédita para uma semifinal também são feitos que valem ser destacados, principalmente quando pensamos que nesses confrontos eliminamos equipes como Palmeiras (2x), Flamengo, Grêmio, Corinthians e rival. A maior discussão sempre é a questão do desempenho, principalmente nos pontos corridos e o futebol praticado. Concordo que o estilo adotado pelo treinador não é dos mais bonitos, mas também ressalto que sua filosofia é bem aceita pelos jogadores, que aplicam em campo e até defendem o estilo pragmático. Mano dá sinais que pretende seguir com essa fórmula para tentar buscar nossa terceira final seguida de Copa do Brasil. Se antes da sua chegada o Cruzeiro vinha colecionando eliminações em casa e falta de força nas disputas, com ele nos tornamos pragmáticos, frios e dotados de uma força mental acima do comum.
Penso que a vida é feita de ciclos e acredito que o tempo do técnico como treinador do Cruzeiro está chegando ao fim. Não renovaria seu contrato em dezembro, pois creio que o clube precisa passar por um período de reestruturação financeira e, apesar de entregar resultados, o treinador exige demais do orçamento. Sempre fomos conhecidos por uma equipe que joga um futebol bonito, mas também já ganhamos com times mais pragmáticos, principalmente na década de 90. Entre amor e ódio, Mano escreveu seu nome na história, principalmente num momento de grave crise financeira e institucional. Sua presença vem sendo fundamental para manter o grupo focado em busca de novas taças. Daqui alguns anos vamos lembrar com saudosismo desse time chato, porém campeão.
Parabéns, Mano.
#MeDibre