
FOTO: DOUGLAS MAGNO/LIGHT PRESS/CRUZEIRO E.C.
Ufa. Esse deve ter sido o sentimento do cruzeirense após Maurício acertar sua cobrança de pênalti – com enorme colaboração do goleiro – e garantir a classificação do Cruzeiro à terceira fase da Copa do Brasil. Mesmo sem vencer na competição (dois empates até aqui) o time garante a premiação de R$ 1,5 milhão por conquistar a vaga diante do Boa Esporte, em Varginha. Foi mais sofrido do que o necessário e após um primeiro tempo aceitável, voltamos a despencar em termos de produtividade na etapa final. Em 9 jogos da temporada, fomos vazados em sete.
Adilson optou pela entrada de dois centroavantes e, com isso, Thiago retornou ao time após se recuperar de lesão na coxa ao lado de Marcelo Moreno. O jovem atacante não jogava desde a partida de estreia da equipe contra o próprio Boa Esporte, em janeiro. Ambos tinham liberdade para se movimentar e foram importantes retendo a bola e fazendo o pivô, dando trabalho aos defensores do Boa e conseguindo manter a bola no campo ofensivo. Pela esquerda, Everton Felipe talvez tenha feito sua melhor partida pelo time. Buscando jogo, driblando, sofrendo faltas e gerando desequilíbrios por ali, conseguiu bons passes para os atacantes. Foi o que mais driblou no 1T (4/5), sofreu faltas (3), venceu duelos pelo chão (8/10), achou passes decisivos (2) e acertou cruzamentos (2/4). Maurício ficou pela direita e, novamente, teve pouco suporte de Edilson no setor, custando a aparecer na área ou chegando atrasado em alguns momentos. Machado era responsável pela saída de bola e Jadsom deveria avançar, mas não fez um bom jogo e apareceu pouquíssimo. O time tinha mais posse (58%) e finalizações (2/7). Aos 36’, Machado cobrou escanteio na medida, João Lucas deu uma casquinha e a bola ainda desviou na zaga do Boa Esporte antes de entrar. 1 a 0.
Ao segundo tempo, no entanto, o desempenho da equipe voltou a ser irregular. Mais reativo, não conseguiu fugir da marcação mais adiantada do Boa Esporte e começou a ter dificuldades principalmente no espaçamento entre às linhas de marcação. Aos 13′, Claudeci aproveitou um corte errado de João Lucas e, livre de marcação pela distância dos volantes que não conseguiram fechar a zona do funil, finalizou de fora da área e acertou o canto esquerdo do gol de Fábio. 1×1. A partir daí, o Cruzeiro não conseguiu mais se achar na partida. Adilson tentou mexer colocando Marco Antônio no lugar de Thiago, o meia atuou entre os volantes mas não conseguiu trazer equilíbrio e uma maior ligação entre defesa e ataque, pois o time seguiu abusando dos lançamentos e sem Thiago e com Marcelo já desgastado, não conseguíamos mais ganhar a primeira bola. Jhonata Robert ainda entrou no lugar de Moreno gerando ainda mais aborrecimento do torcedor com o técnico que começou a partida com dois centroavantes e terminou com nenhum. No último minuto, Pedro Bicalho entrou no lugar de Jadsom para ser um dos cobradores de pênalti, mas não chegou a bater.

Problema recorrente. Distância entre os volantes da última linha defensiva e posicionamento equivocado deixaram o jogador do Boa (marcado com um círculo) livre de marcação para finalizar, gerando o gol de empate. Foto: Reprodução.
No fim das contas, superamos o adversário por 5×4 nas penalidades máximas e avançamos. No entanto, seguimos com um desempenho irregular e com dificuldade para sermos intensos e objetivos com a bola. Ainda é comum ver o um zagueiro tocando pro outro, depois pro lateral, ponta, lateral e zagueiro… numa espécie de “U” que algumas vezes lembra o Cruzeiro do Deivid. Quando não conseguem avançar na troca de passes, tentam o chutão e perdem a posse. Além disso, dificuldades na proteção a última linha defensiva, com os volantes dando espaço na zona do funil, o que acaba gerando finalizações de risco que podem culminar em gol, como aconteceu hoje.
A sensação é que Adilson Batista não está conseguindo extrair mais do que estamos vendo do elenco. O papo de reconstrução é real, mas temos jogadores com capacidade de apresentar um nível maior do que o atual se o jogo coletivo apresentar evolução, algo que está em falta. Roberson começou e terminou no banco, enquanto Vinicius Popó sequer foi relacionado. Valeu pela classificação mas fica o alerta pra próxima fase, contra o CRB.