
FOTO: VINNICIUS SILVA/FLICKR OFICIAL/CRUZEIRO E.C.
Quatro meses e dezenove dias depois do rebaixamento, Dedé enfim se manifestou no programa “Seleção Sportv” do Sportv, falando o que todos já sabiam sobre a queda. Ressaltou que o fato de terem priorizado Copa do Brasil e Libertadores, deixando o Brasileiro de lado, foi um dos fatores que pesaram no momento que as coisas não funcionaram. O zagueiro disse que teve o salário reduzido em 78%, que não recebe os vencimentos de maneira integral há mais de um ano e revelou que teve proposta do Atlético-MG, mas não continuou a conversa, pois só pensa, neste momento, em se recuperar da cirurgia no joelho direito. Declarações como essa demonstram que, infelizmente, o zagueiro não faz ideia do tamanho que teve na história do clube.
Em vários momentos da entrevista, o jogador buscou encontrar justificativas que minimizassem sua participação no pior capítulo da história do Cruzeiro, como ter ressaltado que jogou no sacrifício em diversas oportunidades e que se lesionou atuando pelo clube, mas se esquece que durante os três anos de inatividade não só teve seu salário pago (uma obrigação) como também seu contrato renovado no início de 2016, um sinal claro de como era valorizado. Ao citar o fatídico episódio da invasão da torcida em uma festa particular, Dedé novamente tenta se justificar. É claro a atitude foi errada, mas ignorar o contexto do momento que vivíamos com uma festa que ocorreu poucos dias após a derrota para o CSA no Mineirão, demonstrou ou pelo menos sinalizou um desleixo e falta de sensibilidade com a situação. Há momentos pra tudo na vida e aquele exigia concentração e dedicação. Se recuperando de uma lesão no joelho, pegou muito mal às imagens do zagueiro “dançando” com outros jogadores.
O jogador também evitou tecer críticas a Thiago Neves, seu companheiro de equipe e um dos principais responsáveis pela queda do técnico Rogério Ceni onde o zagueiro foi um dos protagonistas quando “pediu a palavra” no vestiário após o empate contra o Ceará, no Castelão, o que culminou na saída definitiva do treinador por entender ter havido uma quebra de hierarquia. Dedé optou por defender o companheiro, mas tendo a oportunidade de finalmente reconhecer o erro, tirou por menos.
Dedé é um exemplo clássico de como os jogadores vivem numa redoma que muitas vezes os impedem de ter senso crítico ou cobrar do companheiro devido ao corporativismo que existe. Além disso, a torcida segue aguardando um posicionamento contundente além de apenas lamentos, quer resolução. Quer saber o que ele pode fazer pra ajudar agora. Um dos principais zagueiros que passaram pelo clube na última década, com quatro conquistas nacionais, parece não se importar. Mais do que isso, não dá satisfação do que pretende fazer. Ao dizer que vai esperar sua recuperação para definir seu destino, não descartando inclusive atuar pelo rival, pode estar fechando com “chave de ouro” a sua história dentro do Cruzeiro. Não adianta pedir a palavra, é preciso saber utilizá-las e, principalmente, ter gratidão. Um possível fim melancólico para quem demonstra não ter entendido absolutamente nada do que conquistou.
#MeDibre