
FOTO: REPRODUÇÃO / STREET VIEW
Para muito além dos próprios conselheiros remunerados, um dos fatores que mais gerou debate e controvérsia na gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro também praticou atos que levantam suspeitas não só por ilegalidade ou descumprimento do estatuto, mas pela imoralidade e pela falta de ética. Se o regimento do clube é claro sobre conselheiros trabalhando para o clube – e ainda assim a situação precisou ser judicializada – as manobras usadas continuam surgindo.
Nossa reportagem teve acesso a documentos que comprovam que o Cruzeiro comprava materiais de construção em geral e demais produtos para as manutenções da sede, que estava sob responsabilidade de Vitório Galinari, com sua irmã Inês Cristina Galinari Costa, na loja “Depósito Chris & Cris”. No período de janeiro de 2018 até março de 2019, o clube gastou mais de R$60 mil reais com a loja.
No total, foi possível apurar 35 notas fiscais emitidas no período de janeiro de 2018 a março de 2019, pela empresa da irmã de Vitório Galinari contra o Cruzeiro, somando um valor de R$63.003,28. As notas dizem respeito a produtos de material de construção, como carrinho de mão, sacos de cimento, argamassa e semelhantes.
Vitório Galinari foi diretor da sede campestre do Cruzeiro de abril de 2018 até dezembro de 2019 e prestava serviços ao clube através de sua empresa aberta em março de 2018. Vitório também foi um dos conselheiros expulsos pelo ex-presidente Dalai Rocha, que esteve à frente do clube após a renúncia de Wagner Pires de Sá. Antes da sua expulsão, o caso de Vitório Galinari e todos os outros conselheiros que recebiam do clube foram levados a uma Comissão de Ética e Disciplina.
O conselheiro também se tornou figura conhecida após ter citado, em entrevista à rádio Super, uma proposta de um xeque árabe para “comprar o futebol Cruzeiro” feita a ele. Na ocasião, Galinari disse que poderia dar mais detalhes dentro de um futuro próximo – o que acabou não acontecendo. Na mesma entrevista, Vitório também se mostrou grato e defendeu o amigo Itair Machado, ex-vice-presidente de futebol do clube – investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil por crimes como lavagem de dinheiro, falsificação de documento particular e outros.
Nossa reportagem entrou em contato com Vitório Galinari, e o mesmo disse que todas as compras em valores acima de R$350,00 passam por aprovação do departamento de compras do Cruzeiro. “As compras acima de 350 reais passavam pelo departamento de compras do Cruzeiro. Eu não compro nada. Eles autorizam. E tudo que era comprado era pra manutenção da sede. E tudo que era comprado na loja era com preço abaixo do custo. E em uma loja mais próxima da sede.” Questionado se havia alguma pendência em aberto ou se o Cruzeiro devia algum valor, Vitório Galinari disse que não há nada a receber.