
FOTO: VINNICIUS SILVA/ FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Após um 2019 marcado pelos escândalos administrativos envolvendo a diretoria mais nefasta que passou pelo Cruzeiro, o resultado de campo não poderia ter sido diferente do que era feito fora das quatro linhas: rebaixamento. O maior desastre da história de um clube quase centenário. A campanha terrível no Brasileiro marcou negativamente uma temporada que até começou com boa expectativa com o título do mineiro, segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores e uma invencibilidade que durou 21 jogos.
Com a queda de divisão e uma redução brusca de receitas, a diretoria que assumiu em janeiro composta por um conselho gestor precisou reduzir drasticamente a folha de pagamento resultando na saída de 20 atletas que não quiseram repactuar seu salário nem disputar a Série B. No entanto, ao acompanhar o destino de alguns em seus novos clubes não é difícil perceber que não foi apenas pelos escândalos que o time não engrenou e entregou a pior campanha do clube na história dos pontos corridos: muitos jogadores evidenciaram que não condiziam com a expectativa criada e o investimento feito para contar com eles. Recentemente desligado do Coritiba após vazarem imagens expondo sua presença em uma festa com aglomeração, o atacante Sassá é apenas mais um de uma lista que já conta com alguns nomes. Devolvido ao Cruzeiro e já tendo somado 10 jogos na Série A – o que impossibilita a ida para outro time – seu futuro é incerto.

Após passagem discreta e sem deixar saudades pelo Athlético, Marquinhos foi reintegrado e já treina no Cruzeiro. Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro.
Pelo Coxa, Sassá esteve mais envolvido em polêmicas do que bom futebol. Foram apenas 4 gols marcados em 18 partidas e um pênalti perdido contra o Cuiabá, ainda na primeira fase da Copa do Brasil, que resultou na eliminação da equipe. Não satisfeito, ainda se envolveu em uma confusão com os atletas adversários ao fim da partida. Com um extra-campo conturbado há muito tempo, não é uma presença positiva no atual elenco do Cruzeiro, repleto de jovens que precisam de bons exemplos. Além dele, o clube recebeu na semana passada o retorno do meia-atacante Marquinhos Gabriel, emprestado ao Athlético Paranaense em janeiro e que em comum acordo rescindiu com o clube, não deixando saudades no torcedor. Pelo Furacão foram 20 jogos disputados, três gols marcados – um deles cobrando falta em amistoso contra o Racing, na Argentina (2 a 2) – e duas assistências.
Dos mais marcantes, o volante e ex-capitão Henrique acertou sua saída em janeiro para o Fluminense e também não durou muito. O Cruzeiro anunciou seu retorno em junho após sete jogos pelo Tricolor. Sua volta, no entanto, não foi comemorada. Em campo, o experiente jogador não vem somando boas atuações e uma das críticas ao trabalho do ex-treinador Enderson Moreira foi justamente a insistência no volante. Lesionado, Jean entrou em seu lugar e foi destaque na última vitória da equipe. Ariel Cabral, ainda no elenco, passou 30 dias na Argentina. Apesar de ter renovado com o clube até dezembro do ano que vem, suas atuações também não vem agradando ao torcedor. Até pode ser útil, mas não como titular absoluto.
Os mais polêmicos: O goleiro Rafael, cria do clube e que há 10 anos era reserva de Fábio, optou por sair judicialmente do Cruzeiro e acertou com o rival. Apesar do bom nível apresentado, terá a concorrência de Everson, contratado recentemente a pedido de Sampaoli. O ex-jogador do Santos possui um jogo com os pés melhor do que o atual titular, fundamental no sistema de jogo do técnico. Peça diretamente responsável pelo rebaixamento do clube com atuações irregulares e polêmicas, a principal de ter sido pivô da saída de Rogério Ceni, Thiago Neves teve seu contrato rescindido com o Grêmio após péssimas atuações e uma cláusula que renovaria seu vínculo por mais um ano em caso de 20 registros em súmula. Robinho até chegou a vestir a camisa celeste no primeiro jogo contra o CRB, pela Copa do Brasil mas teve o contrato rescindido em junho e acertou com o Grêmio em agosto. Fez quatro partidas, todas saindo do banco de reservas. Também negociado com o Grêmio no início do ano, o colombiano Orejuela é um dos poucos que conseguiu destaque após sair. No tricolor gaúcho, soma 16 partidas e uma sequência de 12 jogos como titular. Pode ser adquirido em definitivo ao fim do empréstimo por 3,5 milhões de euros.
Bastante criticado pela torcida em 2019, Edilson chegou a atuar nesse ano em nove jogos e marcou dois gols antes de rescindir seu contrato em junho. Acertou com o Goiás e já estreou falhando no empate contra Coritiba. O lateral-esquerdo Egídio fechou com o Fluminense em janeiro e, apesar de ter jogado em 26 dos 32 jogos do clube carioca na temporada, não é querido pelos torcedores, sendo constantemente criticado nas redes sociais, algo que o cruzeirense entende muito bem devido as suas oscilações. Fabrício Bruno e Ederson, que também optaram por sair do clube via Justiça, convivem com altos e baixos. O zagueiro acertou com o Red Bull Bragantino, atualmente na lanterna da Série A do Brasileiro e atuou em 10 partidas (todas como titular) dos 25 jogos feitos pelo massa bruta na temporada. Perdeu a titularidade após a expulsão contra o Coritiba e não joga há cinco jogos. Já o volante teve um bom início no Corinthians, disputando 15 dos 27 jogos da temporada e marcando 3 gols. Contudo, caiu de rendimento nos últimos jogos, sendo substituído com 15 minutos após a última derrota contra o Fluminense e sofrendo com protestos dos torcedores da Gavião da Fiel
Quebra pau e protesto na chegada do Corinthians em São Paulo!
Protesto com membros da gavião da fiel cobrando todo mundo!pic.twitter.com/VqIhhslwgh
— VI$H SPORTS (@vishsports) September 14, 2020
Discreto durante a passagem pelo Cruzeiro (apenas 14 jogos no Brasileirão de 2019, oito como titular), o volante Jadsom foi emprestado ao Bahia até o final da temporada. Até o momento foram apenas onze jogos disputados, seis como titular e 18 jogos no banco de reservas sem ser utilizado. Contratado a peso de ouro por 7 milhões de dólares (40 milhões aproximadamente), o meia Rodriguinho assim como Jadsom trocou o Cruzeiro pelo Bahia. Pela Raposa foram poucos jogos (jogou somente cinco partidas pelo Brasileiro de 2019), mas vem sendo titular no Bahia com 19 atuações (titular em 18) dos 37 jogos do time na temporada. Marcou 5 gols, mas vê sua equipe mal na tabela, amargando a 16° posição. O Cruzeiro ainda convive com uma dívida de 3 milhões de dólares (cerca de R$ 16 milhões aproximadamente)na FIFA cobrada pelo Pyramids em referência ao atleta.
Bastante criticado em 2019 pelos 33 jogos no Brasileiro sem conseguir marcar gols, o velocista David também saiu do Cruzeiro pela Justiça e acertou com o Fortaleza a pedido de Rogério Ceni. Pelo tricolor, já são 27 jogos disputados e somente 3 gols marcados. O jogador convive com um jejum de 16 jogos e foi substituído nas últimas 10 partidas. Pedro Rocha, que chegou rodeado de expectativas, foi titular em boa parte de 2019 com 33 jogos disputados, mas somente 4 gols marcados. Atualmente no Flamengo, fez sete partidas e vem recebendo mais oportunidades após a saída de Jorge Jesus.
Outros atletas negociados:
Weverton – vendido ao Red Bull Bragantino por 1 milhão de euros (na época, cerca de R$ 4,6 milhões). Atuou em 8 partidas, 3 como titular.
Dodô – Apesar do empréstimo com obrigação de compra junto à Sampdoria, o Cruzeiro não exerceu o dever para contar com o jogador em definitivo após o final do vínculo. Com isso, o atleta retornou à equipe italiana, mas não foi utilizado. A situação está sendo decidida na Justiça.
Rafael Santos – Fez duas partidas no Brasileiro em 2019, permaneceu no elenco em 2020, mas foi emprestado à Chapecoense em junho. Na atual temporada, Rafael Santos chegou a fazer quatro partidas pela Raposa.
Fred – Envolvido em alguns problemas com o Cruzeiro, o centroavante de 36 anos nem atuou pelo clube em 2020 e, após entrar na Justiça, teve contrato rescindido. Voltou ao Fluminense e em nove jogos marcou um gol.