
Nos últimos cinco anos o Galo não só marcou território nas principais competições sul-americanas, como entrou como grande favorito em todas elas. Ficamos tão mal acostumados a cruzar a fronteira nesse meio tempo que muitos de nós atualizamos nossos currículos com espanhol fluente, mesmo tendo como único recurso aquele portunhol netflix usado basicamente para pedir Mc Lanche Feliz nos restaurantes fast food de Buenos Aires.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas e nem Joseph Climber passou por tantos perrengues quanto o torcedor atleticano em 2017. De favoritos ao título, com um time absurdamente caro, a vergonhosamente desclassificados por um time com nome de condomínio fechado em cidade do interior. Até hoje não sei escrever o nome daquela desgraça, mano. E fomos assim, de obrigação em obrigação, perdendo tudo que disputamos, inclusive a vaga para a Libertadores desse ano.
É aí que entra a Copa Sul-Americana, a versão moderna e piorada da Copa CONMEBOL, torneio em que somos Bicampeões. A Sul-Americana é, senão um alento, uma forma de dizer para o resto do continente que ainda estamos aqui, apenas dando um tempo da principal competição latina enquanto arrumamos a casa e que nosso lugar tá lá, reservado para o ano que vem. Não sei vocês, mas eu tinha imaginado o Galo ganhando essa bagaça, botando as mãos nos R$ 19 milhões de premiação do torneio, trazendo o Tardelli de volta pra jogar a Liberta, a Recopa, a Copa Suruga e da Copa EuroAmericana em 2019. Mas aí a casa caiu.
Quando eu vi o tweet do Léo Gomide, responsável direto pela melhora do desempenho do Atlético em 2018 (entenda demissão de Oswaldo Caralho é Você ô Babaca de Oliveira), informando que o Galo ia para o jogo decisivo contra o San Lorenzo com um time formado por reservas e alguns jogadores que nem mesmo relacionados para as ultimas partidas estavam sendo, eu fiquei puto demais.
Primeiro porque eu acredito mesmo que a Copa Sul-Americana seja o caminho mais fácil para a Libertadores do ano que vem. São 12 jogos para o título, contra 14 jogos da Copa do Brasil e mais 38 jogos do Campeonato Brasileiro. Além do fato de ser um título internacional de prestígio que qualifica o campeão para a disputa de outros torneios oficiais interessantes, que se não são tão valorizados, ao menos ajudam na internacionalização da marca, além de trazer mais um trocado para os cofres dos vencedores.
Depois eu fiquei mais puto ainda porque lembrei que o Galo havia aberto a pré venda para o jogo a preço de partida importante e decisiva, como se fôssemos realmente em busca da vaga “contra tudo e contra todos”, na base do “eu acredito” e o escambau, quando na verdade está convocando a torcida para uma partida onde não ser goleado é lucro. Lembrem-se que nosso time alternativo sequer conseguiu vencer o Ferroviário do Ceará. “Ah, mas é o Galo” . Eu sei que é o Galo, carai. Justamente por isso.
“Ah, mano… tem o desgaste do time e temos que fazer escolhas”. Beleza, faz sentido. Então já que o Galo pode abrir mão da participação nas próximas fases do torneio, que abra mão também do lucro na partida. Porque não fez preço popular? Porque não abriu os portões e trocou ingresso por um quilo de alimento? Entende? A questão é não fazer o torcedor de otário. Nego que pagou ingresso caro acreditando que o negócio era pra valer, tem todo direito de ficar puto e isso não faz dele menos atleticano que os outros. Do mesmo jeito, quem tá afim de ir lá, mesmo sabendo que a coisa vai ser feia, tem mais é que ir mesmo. Os caras que estarão em campo vão precisar. Só precisa saber que isso também não te faz melhor que ninguém, apenas te dá a chance de presenciar mais um milagre.
Até porque milagre ali a gente já viu de montão e é claro que pode acontecer mais um. Só que dessa vez o milagre precisa ser dos grandes, porque precisaremos de uma vitória por mais de um gol de diferença, contra um adversário tecnicamente superior. Só 1×0 não dá… já imaginou uma disputa de pênaltis sem a canhota de São Victor pra nos salvar? Então.
Queima minha língua, Galo. Tô puto, mas eu te amo.