
FOTO: BRUNO HADDAD / FLICKR OFICIAL / CRUZEIRO E.C.
Não satisfeito com o fundo do poço, o Cruzeiro parece seguir em busca do pré-sal. O time foi derrotado pelo Avaí dentro do Mineirão pela primeira vez na história e contabiliza apenas uma vitória nos últimos oito jogos, somando oito pontos em 11 rodadas. Hoje, a proximidade do Z4 é maior do que a possibilidade de cogitar o acesso cada vez mais distante.
Ney Franco resolveu mandar a campo um time modificado em relação a derrota para o CSA, então lanterna da competição, com Daniel Guedes e Ariel Cabral nos lugares de Rafael Luiz e Jadsom, respectivamente. Chama a atenção a insistência no volante argentino. Não importa o técnico, ele segue no time titular mesmo não apresentando nada dentro de campo que justifique tamanha confiança. Talvez seja algo que ninguém além de quem acompanha os treinamentos consiga observar, pois com a bola rolando não se justifica. Mais uma vez, sua atuação foi medíocre. Mesmo com uma semana de treinamentos, os primeiros 45 minutos não mostraram nenhuma perspectiva de evolução da equipe. A principal oportunidade foi com Manoel aos 44’ após cobrança de falta de Machado, o zagueiro fintou o marcador com o corpo e ficou livre para tentar o gol de cabeça. A bola raspou a trave esquerda do goleiro e saiu pela linha de fundo.
Mesmo com um futebol abaixo da crítica, Ney Franco optou por voltar com a mesma equipe da etapa inicial. Aos 7′, porém, resolveu mudar (por que não fez isso no intervalo? ninguém sabe dizer). Marquinhos Gabriel entrou no lugar de Maurício – que mais uma vez jogou muito mal, mas segue tendo oportunidades em demasia enquanto Marco Antônio sequer foi inscrito na competição – e Régis entrou na vaga de Aírton. A melhor chance da segunda etapa ocorreu aos 16′ com Arthur Caíke após cruzamento de Daniel Guedes. Mesmo tendo mais posse de bola e controlando o jogo, o Cruzeiro não conseguia ameaçar o Avaí e começou a ceder espaços. Aos 33′, Pedro Castro apareceu nas costas de Matheus Pereira após cruzamento de Getúlio e se livrou facilmente de Cacá. O meia-atacante finalizou no lado direito do gol de Fábio. 1×0. Desesperado, a equipe de Ney Franco não conseguiu buscar o empate.
Foram 26 finalizações e apenas seis no alvo, porém nenhuma que realmente levasse perigo real de gol. A equipe trocou 502 passes e cruzou 50 bolas, com apenas 10 acertos. Os números evidenciam a falta de ideias para romper a defesa de um time que veio se defender e aproveitar uma escapada para castigar e conseguiu. Emocionalmente fragilizado, o Cruzeiro é um alvo fácil para qualquer adversário. Basta entregar a bola pra Raposa, se fechar com duas linhas compactas e esperar uma oportunidade. Afinal, o time não consegue marcar um gol mas é vazado facilmente. Somente em duas rodadas não sofremos gol e dessa maneira fica difícil acreditar em acesso. A realidade implacável sugere uma luta contra a Série C.
O cenário lembra muito o do ano passado, quando ficávamos esperando rodada após rodada uma postura diferente que nunca acontecia e, quando nos demos conta do abismo era tarde demais. A equipe joga sempre no limite da tensão, da necessidade urgente de uma vitória, pressionado e, como diria a música do Ney Franco, “na beira do caos”. Sem confiança, qualidade e iniciativa, a bola queima. A aposta em Ney Franco sinalizava que a troca seria apenas seis por meia dúzia, mesmo assim o presidente Sérgio Santos Rodrigues resolveu bancar contra tudo e contra todos. A diretoria de futebol que se mostra incompetente, perdida e sem convicção segue prestigiada e sem aparecer para justificar tantas lambanças. Não falta só qualidade mas também compreensão da situação. Principalmente numa diretoria que segue contratando sem critério, com um planejamento baseado no que o treinador indica e se negando a encarar a realidade de uma Série B.
O próximo adversário será a Ponte Preta, em novo duelo no Mineirão. O compromisso está marcado para quarta-feira, às 19h15 e a sensação é de que ninguém sabe o que fazer dentro do Cruzeiro. Estamos, literalmente, esperando por um milagre.