Cruzeiro 100 anos: das glórias ao necessário renascer

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A história não é novidade para ninguém. As glórias são notórias. O tamanho de um gigante não se mede. O Cruzeiro Esporte Clube é uma entidade que dispensa apresentações. Responsável por colocar todo um estado no mapa do futebol nacional, internacional e mundial, uma camisa outrora verde e vermelha, leva há décadas um símbolo que transcende o próprio planeta Terra.

Eu sei, o cruzeirense não vive um momento muito fácil. Nem mesmo quando precisou lidar com as consequências de uma guerra mundial e mudar sua identidade, ou quando amargou praticamente uma década sem títulos, o clube se viu em um momento tão fragilizado. E não foi a queda para a segunda divisão do futebol nacional – isso é algo que acontece com todo e qualquer clube gigante – mas sim quando expôs as entranhas da sua política e deixou evidente para a sua torcida que a instituição está sendo comandada por pessoas que aparentemente desconhecem o que é o Cruzeiro.

Não são os adversários, as federações, os estádios ou as torcidas rivais. Quando o problema é interno, quando o que machuca vem de dentro pra fora, quando a doença é autoimune, fica difícil até fazer o diagnóstico. Mais difícil ainda é escolher um remédio, que combata essa doença sem efeitos colaterais. Hoje, uma torcida estimada em mais de 9 milhões é refém de mandatários e conselheiros problemáticos, com disputas políticas, interesses pessoais e um desprezo pela própria história. 

Chega de falar dos problemas. Mesmo diante de tudo o que foi dito, a instituição permanece. Gigante, alçada ao hall dos maiores e eternos. São 100 anos que, independentemente do que aconteça, somarão mais 100 e sem qualquer dúvida. O Cruzeiro não se limita aos campos de futebol. É mais que isso, é história, é serviço social, é paixão, é amor, é espiritualidade, é transformar vidas e realizar sonhos.

É impossível contar a história de Minas Gerais, sem passar por uma das suas mais sagradas instituições. Não se fala de Brasil, sem citar o Cruzeiro tetracampeão brasileiro, que bateu o até então invencível Santos de Pelé de goleada, viu Alex ser coroado e protagonizou uma hegemonia com Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart. A América lhe deu uma alcunha própria: “La Bestia Negra”, por ter acertado aquele chute ousado com Joãozinho – ou com Elivélton também.

O Cruzeiro é a representação daquilo que construiu e continua construindo. O Cruzeiro é Niginho, Ninão, Bengala, Carazo, Guerino, Raul, Procópio, Piazza, Vanderlei, Natal, Pedro Paulo, Zé Carlos, Evaldo, Dirceu Lopes, Tostão, Nelinho, Perfumo, Joãozinho, Palhinha, Revétria, Douglas, Ademir, Balu, Edson, Geraldão, Careca, Charles, Adilson, Ronaldo, Dida, Célio Lúcio, Nonato, Fabinho, Ricardinho, Marcelo Ramos, Gottardo, Elivélton, Fábio Júnior, Giovanni, Sorín, Gomes, Cris, Edu Dracena, Luisão, Maldonado, Alex, Deivid, Aristizábal, Fábio, Fabrício, Marquinhos Paraná, Roger, Gilberto, Montillo, Ceará, Tinga, Lucas Silva, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Rafael Sóbis, Arrascaeta e Marcelo Moreno.

O Cruzeiro também é sua torcida. Apaixonados, fiéis, donos de recordes imbatíveis e de marcas inalcançáveis, uma legião de torcedores que superam qualquer fronteira, seja real ou virtual. A maior torcida fora dos grandes centros populacionais do país. Não importando em que competição esteja ou qualquer que seja a divisão.

O Cruzeiro hoje é centenário. Um gigante incontestado. E assim, pra sempre, permanecerá.

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