FOTO: DEUS ME DIBRE / RODRIGO GENTA
Ser Cruzeiro é sonhar em ser Raul, Dida ou Fábio. Ser Cruzeiro é achar que dibra como Joãozinho, que faz gol como Marcelo Ramos, Charles ou Aristizabal, que tem a genialidade de Tostão, Dirceu Lopes ou Alex, a velocidade de Natal, Robson, Alex Alves, Mário Tilico ou a categoria de Zé Carlos. Ser decisivo como Roberto Gaúcho. É ser implacável na defesa como Piazza, Fabinho, Ricardinho, Douglas ou Ademir, é ser Nonato, o maior lateral esquerdo da história do clube e destro, ter a raça do Edson, é ter total certeza que se tivesse a chance, também marcaria o gol que o Elivelton marcou. É a rebeldia do João ou a dedicação de Augusto Recife. Ser Cruzeiro, meu amigo, é não conseguir elaborar um parágrafo para incluir todos os craques que vestiram essa camisa.
Ser Cruzeiro é ganhar tudo, tudo mesmo. Ser Cruzeiro é não enjoar de levantar os mesmos canecos. É repetir até ser o maior campeão (Copa do Brasil), e quando um único título escapou (mundial), a eleição do maior campeão do século XX pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS) mostra a grandeza do Maior clube de Minas Gerais.
Ser Cruzeiro é mentir para os avós que vai ao clube e ir parar em qualquer cidade para acompanhar o time, é matar aula para ver o time jogar o Campeonato Mineiro, faltar ao serviço para ir em jogos da Libertadores e não ir no outro dia porque está comemorando a conquista, é ter as melhores amizades que duram 90 minutos, mais a prorrogação e os pênaltis. Ser Cruzeiro é alterar a própria identidade seguir existindo e ser lembrado a cada olhada para o céu, durante a noite, avistando a constelação do Cruzeiro do Sul.
Agora, nesse momento complicado da Instituição, é preciso mais do que nunca “SER CRUZEIRO”. Pois quem torce para o Cruzeiro quer somente o melhor para o clube, vendo retornar ao caminho de vitórias e conquistas. Quem é Cruzeiro, acima de tudo, ama e protege essas cores, esse escudo e essa história.
Ser Cruzeiro é não se calar contra absurdos, é não ter medo de apontar os erros cometidos, é defender e falar o que ninguém quer ouvir, mas é preciso ser dito. É, mesmo em momentos de vitórias, alertar que às glórias devem ser conquistadas sem colocar em risco a saúde financeira de um clube que representa milhões de sentimentos, vidas e particularidades. A resiliência e fidelidade mostrada em Felício Brandi anda em falta nos dias atuais, principalmente nos cartolas que representaram o clube nos últimos anos.
Ser Cruzeiro não permite mais aceitar discursos populistas e personagens que só querem utilizar a Instituição de palanque. Ser Cruzeiro é nunca mais ter dirigentes de estimação, pois a irresponsabilidade deles deixou sequelas que teremos de lidar por muitos anos, num processo que causa dor, angústia e desgosto. Mas, afinal de contas, ser Cruzeiro é estar ao lado do clube no seu momento mais delicado. São 100 anos, milhares de títulos, histórias e emoções. A vida seria incompleta, ia faltar muita coisa, faltaria o ORGULHO DE SER CRUZEIRO.