Mozart concede entrevista coletiva e fala de resultados, salários, desempenho e perspectiva

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FOTO: REPRODUÇÃO / YOUTUBE / CRUZEIRO E.C.

Após a derrota do Cruzeiro por 3 a 0 contra o Avaí, em pleno Mineirão, o técnico Mozart se apresentou para uma entrevista coletiva, com perguntas gravadas de forma prévia enviadas à assessoria do clube e repassadas ao treinador. O treinador, que não vive bom momento – são 6 jogos sem vitórias – foi questionado sobre suas escalações, substituições, questões de atrasos de salários e as pretensões do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro.

Em relação ao time que iniciou o confronto contra o Avaí e as substituições, Mozart disse que entrou em campo com o que apresentou melhor rendimento nos treinos durante a semana. O técnico ainda identificou nas substituições uma melhora do time em campo.

“Com relação a escalação, foi em base com o desempenho da semana. Com base no desempenho eu escalei essa equipe pra iniciar o jogo de ontem. Com relação às trocas no intervalo, elas surtiram efeito. Nós voltamos melhor, tivemos uma finalização importante com o Marcelo (Moreno) e a última substituição tirando o Léo (Santos) e trazendo Ariel (Cabral) para zagueiro, em outras oportunidades, eu já fiz essa troca e tive sucesso. Infelizmente nós acabamos tomando dois gols em contra-ataque e aí eu não tenho problema algum em assumir a responsabilidade principalmente desses últimos dois gols, porque nós ficamos desarrumados, mas pode ter certeza que foi tentando empatar o jogo. Como o Avaí tava praticamente só se defendendo, a ideia era justamente tentar empatar o jogo.”

Questionado sobre a guinada que o Cruzeiro precisa de dar para reverter a situação do momento, em que o clube ocupa a 16ª colocação, com apenas 11 pontos conquistados em 12 jogos e a pressão em relação aos próximos jogos, Mozart deixou claro que lida de forma natural com isso.

“Um clube desse tamanho a pressão é diária. Mesmo se nós estivéssemos lá em cima, seria para continuar lá em cima. Infelizmente, estamos em baixo e a cobrança é para brigarmos lá em cima. Então eu acho bem natural essa pressão. Com relação a jogo de terça, normalmente os cenários no Brasil o treinador sempre vai pressionado ao próximo jogo e acho isso natural. Então, mais do que isso, não perder realmente o foco, tentar juntar os cacos, passar tranquilidade ao jogador, confiança, pode ter certeza que minha convicção não muda, a derrota dói, mas não muda. É continuar trabalhando no campo. Só o campo que vai te proporcionar essa mudança. Lidar de maneira bem natural.”

Sobre o próximo adversário, o Remo, treinado por Felipe Conceição, ex-técnico da Raposa:

“Nós temos que nos reorganizar. Uma derrota como essa é dolorida, pode gerar algumas dúvidas, então é justamente não deixar que isso aconteça. É óbvio que o Felipe conhece esse elenco, ele vem de dois resultados positivos, então é um jogo difícil. Nós já sabemos. O Remo em casa é uma equipe forte. O conhecer, ou deixar de conhecer, é subjetivo. O que mais importa é nossa preparação para enfrentar o Remo.”

A questão salarial segue sendo um dos problemas que o Cruzeiro não consegue solucionar. Com mais de três meses de atrasos, fora outras remunerações como o direito de imagem, Mozart alegou ter confiança na diretoria para sair dessa situação. E reiterou que isso não é um fator motivador para o problema de desempenho que o Cruzeiro vem enfrentando.

“É óbvio que é uma situação difícil. Não vamos falar o contrário. Mas o dia a dia desses jogadores é muito bom. Eles se entregam. Os jogos também. Nunca faltou espírito e dedicação. Pode ter certeza que a diretoria ta correndo atrás pra resolver esse problema, então esse é um assunto que cabe mais a eles, até. Mas eles não estão medindo esforços pra resolver essa questão. Independente da dificuldade ou não, esses jogadores estão se entregando, é questão de detalhes pra nós voltarmos a vencer.”

Em relação à sua continuidade no clube e o respaldo que teria da diretoria para continuar desenvolvendo seu trabalho, Mozart foi enfático ao dizer que não pediria pra sair e comentou sobre a pressão dos resultados.

“Seria muito fácil da minha parte chegar aqui e pedir o boné. Não é do meu feitio e nunca foi. Nem como atleta e principalmente agora como treinador. É óbvio que é um momento difícil e os resultados estão aí pra comprovar isso, mas ao mesmo tempo eu só conheço um caminho, que é o trabalho diário. Minha rotina é chegar cedo, trabalhar, assistir vídeos, esmiuçar o adversário, é assim que eu entendo futebol é assim que vou continuar fazendo. Com relação a diretoria, entendo a pressão que acontece em torno dos resultados e é muito natural isso. Pra mim, passaram apoio e confiança.”

“Eu sinceramente nem penso nessa hipótese. Eu não conheço a vida da grande maioria das pessoas que estão aqui, mas são histórias muito parecidas. Eu sou de uma origem humilde. Sempre foi uma história de muita luta e dedicação, então… é um momento difícil? Sem dúvidas. De resultado e desempenho em alguns momentos do jogo. Mas não passa pela minha cabeça. Eu tento sempre ver as coisas de forma positiva. Eu tenho saúde e disposição pra trabalhar, pode ter certeza que eu vou estar aqui todos os dias continuando meu trabalho com dedicação e sabendo que esse trabalho de maneira honesta vai ser abençoado.”

Um dos tópicos da coletiva foi o corte do lateral-esquerdo Matheus Pereira. Mozart vem preferindo improvisar Felipe Augusto no lado esquerdo do campo a utilizar o jovem atleta proveniente da base celeste. O técnico explicou a opção, mas não descartou retornar o uso do jogador, ressaltando a importância de um ativo da base como é o Matheus.

“É um ativo do clube, um jogador importante pra nós. O Matheus começou a perder espaço naquele jogo contra a Ponte Preta, que nós mudamos o sistema e colocamos o Felipe (Augusto) como ala. E tivemos desempenho e resultados positivos. Ele voltou contra o Guarani e a equipe, como um todo, não foi tão sólida defensivamente e com a chegada do Jean, optei pelo Jean que entrou bem e dei uma sequência pra ele. Mas isso não significa que o Matheus ta descartado. Pelo contrário, quem tá treinando aqui ta na mesma condição de quem vem jogando mais, as informações são as mesmas, pra todos. A briga ta sempre aberta. Ele é um jogador importante pra nós, como todos são.”

Por fim, Mozart também falou sobre a situação do acesso – cada vez mais distante – do clube. Questionado sobre a real situação do time, Mozart deixou claro que prefere não pensar no futuro e trabalhar o presente, trabalhando jogo após jogo e relembrando o seu próprio trabalho com o CSA, onde deixou a zona de rebaixamento e quase conseguiu subir para a Série A do Campeonato Brasileiro.

“Nossa briga é sempre pra ganhar o próximo jogo. É nisso que eu acredito. Principalmente sendo treinador de futebol, não tem médio ou longo prazo. Sempre pensar no próximo, que é o que vai te dar três pontos, que é o que vai te dar confiança. Eu venho de uma experiência recente de sair da 19ª colocação e ir pra 5ª e brigar pelo acesso até o último. É claro que o objetivo maior tá distante, eu não vou aqui vender uma ilusão pro torcedor. Seria uma irresponsabilidade da minha parte. Mas pode ter certeza que jogo após jogo nós vamos nos dedicar pra ganhar esses jogos. E o Campeonato é mais importante como você termina ele, muito mais do que como você inicia. Estamos num momento difícil, mas nada como um dia após o outro, um jogo após o outro.”

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