
FOTO: GUSTAVO ALEIXO / CRUZEIRO E.C.
Rafael Cabral chegou ao Cruzeiro com a dura missão de substituir o goleiro Fábio, um dos maiores ídolos da história do clube e recordista de jogos pela Instituição com 976 aparições e que saiu há pouco mais de 20 dias após não chegar a acordo com a equipe de Ronaldo Fenômeno e acabou acertando com o Fluminense. O novo goleiro chega após rescindir seu contrato com o Reading, da Inglaterra, e concedeu sua primeira entrevista coletiva na Toca da Raposa II.
O jogador não fugiu de perguntas como a pressão da responsabilidade de substituir um ídolo do clube, exaltou a história de Fábio e de outros goleiros históricos da Raposa, destacou sua vontade de vencer, a adaptação em relação ao estilo de jogo utilizado pelo técnico Paulo Pezzolano e o desejo de ser protagonista no Cruzeiro.
Responsabilidade de substituir o goleiro Fábio
“A história do Fábio é insubstituível no clube, pro coração do torcedor cruzeirense ele é insubstituível. Não tenho essa pretensão de substituí-lo. Venho para construir a minha história, com muita vontade e determinação para escrever meu nome. Não encaro como uma substituição, mas uma sucessão. Ele é insubstituível, é um cara que todos admiram, e sou um deles. Sou fã do Fábio, pra mim é uma honra ser escolhido pelo Cruzeiro para jogar após ele e dar seguimento ao trabalho excepcional que ele fez. Não estou vindo para substituir a história de ninguém, a história dele é linda. Venho aqui para construir a minha história, assim como ele não substituiu a história de outros goleiros que passaram por aqui, como Gomes que ganhou a tríplice coroa, Dida, Raul Plassmann, Paulo César Borges que ganhou sete títulos aqui. Venho com muita humildade para construir minha história, finalizou.”
Aprendizado na Europa e capacidade de atuar com os pés
“Evolui demais (na Europa). Saí do Brasil muito novo, com 23 anos, conhecia somente a escola de goleiro brasileira. Tive a oportunidade de trabalhar com treinador de goleiro espanhol, português, inglês, italiano. Evoluí muito. Se a gente para de aprender, esquece do que aprendeu. Me sinto um goleiro mais completo. Em relação a esse jogo com os pés é algo que me sinto muito a vontade. Tenho treinado muito, trabalhado muito. Venho aqui para aprender, contribuir e dar o meu melhor, podendo ajudar da melhor maneira possível e essa experiência na Europa foi fantástica.”
Motivos de ter escolhido o Cruzeiro, mesmo na Série B, após anos na Europa
“Jogo futebol porque eu amo, sou apaixonado pelo que faço. Não vim para o Brasil encerrar a carreira, tenho 31 anos. Primeiro que fui escolhido pelo Cruzeiro, pra mim é uma honra, depois eu escolhi vir pra cá. Não vim ao Brasil porque não tinha proposta da Europa. Eu tinha. Tinha proposta da Série A também. Vim pra cá por paixão, pelo desafio, pela grandeza do clube, de 101 anos de história. Foi considerado o maior clube brasileiro do séc. XX. Conheço o Cruzeiro, já joguei várias vezes contra o Cruzeiro, já tomei muita bolada, já fui muito xingado pela torcida do Cruzeiro, sei o quão difícil é jogar contra. Venho pelo desafio, paixão, por aquilo que me motiva até hoje.”
Análise sobre o projeto do Cruzeiro, aversão a acomodação e vontade de vencer
“Minha escolha pelo Cruzeiro é sonho e desafio. Sinceramente, tenho dificuldade em aceitar jogador acomodado. O jogador acomodado não entendeu o quão privilegiado e abençoado nós somos por trabalhar fazendo aquilo que a gente ama e ganhar muito bem pra isso. Desde o contato comecei a analisar e ver entrevistas, seguir jogadores, ver a postura dos jogadores aqui. As decisões que tomaram de reduzir salário, as entrevistas e expectativas, o brilho nos olhos enquanto eles falavam. Conversei muito com quem comanda o clube hoje. Vi um lugar com fome, desejo e vontade. Não um lugar de pessoas acomodadas e foi isso que me motivou. Tinha proposta de Série A, conversas avançadas com time de fora, Premier League. Não voltei ao Brasil para encerrar carreira, voltei para viver os meus sonhos e poder escrever o meu nome na história de um clube de 101 anos, muitos títulos, com duas libertadores, quatro brasileiros, seis Copas do Brasil, 38 estaduais e eu quero poder aumentar esses números e farei de tudo pra isso.”
Período sem jogar no Reading na atual temporada
“Eu estava jogando, joguei os últimos dois anos. Começou essa temporada, o clube estava com muitos problemas e não começamos muito bem. Estava fazendo meu trabalho e tive uma lesão na mão, fiquei um jogo fora, o time ganhou e o treinador me chamou e falou que queria dar uma continuidade ao goleiro para que ele jogue, porque você tem contrato até o final do ano, e eles sabiam que a possibilidade de eu sair em janeiro era real, até pela minha vontade. Eles não queriam que eu saísse, foi algo que pedi. Me sinto muito privilegiado pois sai pela porta da frente por todos os lugares que passei. Estou muito bem fisicamente, joguei agora antes de eu sair, queriam me voltar pro time (titular), mas era uma decisão que eu já tinha tomado.”