
FOTO: STAFF IMAGES / FLICKR / CRUZEIRO
A goleada do Cruzeiro sobre o América, por 4 a 0, na sexta rodada da Série A do Campeonato Brasileiro pode ter parecido ser um jogo fácil para quem não acompanhou a partida, mas o placar não necessariamente correspondeu ao que foi o jogo e essa foi a leitura do técnico Pepa, em sua coletiva pós jogo.
Precisando de encerrar um tabu de sete jogos seguidos perdendo para o América, o Cruzeiro de Pepa não contava com alguns jogadores que vinham fazendo boa temporada na equipe e, para isso, houve a necessidade de uma mudança na equipe que foi a campo na noite do último domingo (14).
Além dos aspectos técnicos da partida, Pepa também falou sobre a sequência pesada de jogos, o papel da torcida do Cruzeiro, as opções disponíveis para o meio de campo e mais.
Confira os principais pontos da coletiva do técnico Pepa:
Análise da partida
“Quem olhar só pro placar pensa que foi fácil. 4 a 0. Pra mim, a história do jogo resume-se a muita inteligência por parte dos jogadores do Cruzeiro. O jogo no primeiro tempo, entrou num registro que não é nosso, mas nós tivemos que ser muito combativos, muito aguerridos. Perceber que era um jogo de duelos, de intensidade, às vezes um jogo partido. Se nós ali, baixássemos a guarda, o América poderia marcar primeiro e teve duas claras pra fazer o gol. Depois, no segundo tempo, era impossível manter tanta intensidade, agressividade. Agora, se marcasse primeiro, fica mais fácil pra gerir o jogo. E nós conseguimos marcar, aguentar sem baixar muito e no segundo tempo conseguimos colocar a bola mais no chão, jogar muito mais e com naturalidade os espaços foram aparecendo. Mas sempre um jogo muito difícil… quem não viu o jogo, pensa que foi fácil. Eu até me arrisco a dizer que foi um dos piores primeiros tempo com bola, na qualidade de jogo que nós queríamos ter, mas não baixamos na intensidade e isso faz toda diferença.”
Cruzeiro visto de outra forma.
“Não tem jeito. Isso é inegociável. Pés no chão. Se entrássemos hoje de peito feito, tínhamos perdido o jogo. Como também tivemos as oportunidades, várias, pra fazer no jogo anterior com o Fluminense e não fizemos, hoje fizemos. Mas não podemos abdicar da nossa atitude, saber que vamos passar por momentos difíceis, mas quando chegarem esses momentos, vamos ser uma equipe competitiva e aguerrida. É uma maratona. São 30 minutos pra derrota e pra vitória, já estamos focados no Grêmio, mais um jogaço, temos ambição e objetivo internos na Copa do Brasil. É recuperar bem.”
Tabu contra o América
“Pra todo torcedor do Cruzeiro tava difícil, né?! Sete derrotas seguidas contra o América. Eu senti isso quando eu cheguei, senti que estava atravessado aqui (garganta). Mas não podemos entrar no desespero e olhar para o passado, para história e entramos em campo desorganizados, no grito, a ganhar de toda forma. A única forma pra ganhar era organizado, compacto e perceber os momentos do jogo. Estão de parabéns. Foi uma delícia ver momentos do segundo tempo que conseguimos aproveitar os espaços, ter mais bola. Isso foi benéfico pra nós.”
Sequência pesada e aproveitamento dos jogadores
“É com muito trabalho e confiança. É duro e é difícil. Hoje mesmo, alguns jogadores que entraram foram mesmo nesse intuito. Não foi poupar pra nada. Foi mesmo saber quem é que está no “red line” (linha vermelha), quem é que está no limite. O Gilberto estava no limite, William no limite. O próprio Dourado, primeira parte mais física, muitos duelos… mas sabíamos que o Gilberto ia ser importante na fase final. Nesse aspecto foi muito positivo pra nós. Agora é agarrarmos no departamento médico, performance, a toda as condições que são de excelência no clube para acelerarmos a recuperação dos jogadores e saber que eu também tô aprendendo. A densidade é tão grande e a intensidade é tão alta, que começa a conhecer os jogadores. Quem é que demora mais a recuperar, quem não demora.”
Aspecto de jogo e intensidade
“Se nós jogássemos sozinhos, era fácil de resolver. Por muito que nós quiséssemos no primeiro tempo ter mais bola, guardar mais a bola, às vezes não dá. Conseguimos no segundo, por aquilo que foi acontecendo. Depende sempre do que está do outro lado. Temos é que estar preparados para aquilo que acontecer no jogo.”
Formação inicial com três volantes
“É mérito do América. Foram muito agressivos e intensos. Muita bola longa, muita profundidade. Basta ver o Aloísio. Houve momentos que nem foi pelo meio, foi por fora. Teve momentos que no nosso lado direito nós passamos mal. Sabíamos que tínhamos que ser mais fortes. Não posso dizer que o América foi superior a nós no primeiro tempo. Foi equilibrado, agora o jogo estava mais nas características do América, mas nós fomos nos adaptando e saber gerir os momentos do jogo.”
“Nós tendo Machado, Ramiro e Neto, o objetivo era pressionar mais alto e termos os dois volantes à frente do Machado para controlar o espaço interior e saírem pra fora quando fossem precisos. Sabíamos que esse jogo vertical do América, eu precisava de ter meias que conseguissem voltar rápidos para a segunda bola. Subindo o Neto, conseguimos condicionar um pouco mais à frente, porque o Dourado defensivamente não é tão forte na linha de pressão. As coisas melhoraram.”
Papel da torcida e gritos ao técnico
“Futebol, às vezes, é o momento. Não vou ficar inchado com isso, nem vou ficar depressivo quando vaiarem. É nossa vida. Fico contente acima de tudo pelo vestiário, pelos jogadores. Foi uma pena um dérbi desse, um clássico, estar um estádio tão vazio. Agora, dentro do possível, nós pareciamos que estávamos jogando em casa. Hoje parecia um jogo dos tempos do Covid. Estamos agradecidos à torcida mais uma vez.”
Opções do meio de campo nas próximas partidas
“Quem não entrou agora, pode entrar depois. Não entrou Daniel, não entrou Nikão. Mas não tem a ver com a semana de trabalho, tem a ver com opções. A confiança é total em todos. Mas não vou dizer que ficamos mais forte sem o Richard e sem o Vital, mas é nossa vida, acontece aqui, acontece em todos os clubes. Por isso trabalhos de forma que todos estejam preparados.”