O Cruzeiro deixou escapar, na tarde desta quinta-feira (20), uma grande oportunidade de se aproximar dos times que estão brigando pela liderança do Campeonato Brasileiro. Em um jogo movimentado e de altos e baixos no Alfredo Jaconi, a Raposa empatou por 3 a 3 com o Juventude, pela 34ª rodada da Série A, e chegou aos 65 pontos, mantendo-se atrás de Flamengo (71) e Palmeiras (69).
Na entrevista coletiva, Jardim adotou um tom mais direto ao analisar a atuação. O treinador reconheceu que o Cruzeiro entrou mal em campo, com erros incomuns de um dos sistemas defensivos mais seguros do campeonato. Segundo ele, o time pagou caro pela má postura inicial, quando viu o Juventude abrir 2 a 0 ainda no primeiro tempo.
“Em relação ao jogo, acho que temos que ser corretos. Muitos erros defensivos, de uma das melhores defesas do campeonato. Tivemos mal. Uma desvantagem de 2 a 0, e fomos a procura do resultado. Melhoramos na parte final do primeiro tempo e no segundo tempo fomos melhores. Criamos situações que poderíamos ter feito mais 2 ou 3 gols e acabamos por não finalizar. O empate é um resultado negativo, a gente procurava os três pontos porque a gente já iria consolidar a fase de grupos da Libertadores, o objetivo e acabamos por não fazer.”
Virtualmente classificado, mas em busca da classificação matemática, o treinador preferiu deixar de lado qualquer discussão, como a Copa do Brasil, e reforçou a importância do próximo confronto, contra o Corinthians, mesmo adversário que a Raposa terá nas semifinais da copa:
“Sinceramente, não tô preocupado com a Copa do Brasil, porque não temos os pontos suficientes pra atingir a fase de grupos da Libertadores. Procurar mais três pontos para colocar a equipe direto na fase de grupos. Depois desse objetivo, verificar, as equipes da frente tem uma margem grande, mesmo que tenham deslizes, depois pensar nesse duelo. Mas, neste momento, os próximos três pontos são fundamentais.”
Os problemas defensivos foram questionados ao treinador, inclusive citando o lateral direito William, mas Jardim optou por não individualizar:
“Quando eu digo linha defensiva, são todos. Não estiveram bem. Verifiquei poderia refrescar os laterais e ter mais intensidade pelos corredores. Lançamos mais um jovem no meio para dar mais intensidade. E acabamos por fazer os outros 20 minutos mais fortes. Estou satisfeito com os jovens que entraram, são sempre soluções que trabalham todos os dias e estão à espera de oportunidade.”
O técnico também foi questionado sobre sua visão do futebol brasileiro e os debates recentes envolvendo arbitragem, calendário, entre outros pontos de melhoria. Jardim adotou um discurso de evolução e reforçou que suas críticas buscam contribuir para melhorias e evitou falar sobre futuro no Cruzeiro.
“Eu sou uma pessoa que quando chama atenção de uma situação é para progressão. Nossa confederação tem tomado medidas, fair play, valorização dos gramados e assuntos importantes. Evolução faz parte da vida e temos que estar abertos pra melhorar. Profissionalização da arbitragem. Vim para o Brasil por opção, é um país que eu adoro, trabalho com brasileiros há anos e queria viver essa emoção. Tô aqui 100%, dedicado ao Cruzeiro. Em relação à próxima época, já fui bem claro, o importante é a gente focar naquilo que eu disse anteriormente: pontos suficientes pra equipe ir direto pra fase de grupos. E depois disso eu, Jardim, jogadores, diretores, vamos pensar o futuro. Não podemos ultrapassando metas com obstáculos pela frente pra desenvolver.”
Jardim comentou o momento de três jogadores em especial quando questionado: o atacante Sinisterra, autor de um dos gols da partida; Matheus Henrique, que foi titular após retornar de uma lesão nas costelas e Japa, que tem aproveitado as chances dadas pela comissão.
“Sinisterra teve grandes problemas físicas nos últimos dois anos, mas sabemos da qualidade dele. Com certeza não está no nível que pretendemos, mas não é por acaso que o tempo de jogo ele já está entre os melhores da equipe. Vai dar muitas alegrias ao Cruzeiro, talvez mais no futuro que no presente. Em relação ao Matheusinho, já estava a treinar há 15 dias, nos últimos 10 já com algum contato com alguns jogadores, mas não estava bem no jogo e pelo cartão amarelo foi substituído. E o Japa é um jogador interessante pra nós, ele mostra resiliência e tá aproveitando as suas oportunidades, mas pro próximo ano, o clube tem que gerir bem a situação.”
Por fim, o treinador minimizou o impacto das ausências do elenco, afirmando que o tropeço se deu pelo desempenho aquém do esperado dos jogadores que estiveram em campo: “Eu acho que elas (ausências) não tiveram impacto. Quem jogou é que não esteve bem. Nossa linha defensiva é a mais utilizada da liga. Claro que se eles estivessem, poderíamos ter mais soluções, mas quem joga no Cruzeiro tem que ter qualidade pra vencer em alto nível contra qualquer oponente.”