
Foto: Bruno Cantini / Atlético
Em 2015 Levir Culpi era o técnico do Galo e conseguiu o vice-campeonato do Brasileirão daquele ano. Quatro anos depois o técnico paranaense, consagrado aqui nas bandas de Minas Gerais, retorna ao Atlético. Mesmo no início de temporada, numa passada rápida pelas redes “anti-sociais” após o empate nesta terça na estreia da Libertadores, parece que eu havia voltado quatro anos no tempo ao ler as avaliações da partida contra o Danúbio do Uruguai.
Ao passar por esta experiência e tentando praticar a empatia, imaginei um diálogo entre os dois Atleticanos que vivem em mim. Mas ao começar questionei-me: qual o Atleticano Paulo Azulay que vai escrever? O que olha o Galo com o coração (emocional) ou o que olha com a razão (racional)? Então vivi o seguinte “diálogo” entre os dois:
– Cara, Levir tem que sumir do Galo. Ele é teimoso, burro com sorte e acabou com o Atlético – Disse o Emocional.
– Velho, calma. Levir ajudou ao Nepomuceno a equacionar a folha salarial lá em 2015 e neste ano de 2019 não exigiu grandes contratações do Sette Câmara e, por isso, pagamos em dia salários, direitos de imagens e premiações que vinham atrasadas desde a era do turco – Ponderou o Racional.
– Ah, então agora o que vale é salário em dia e nada de título? Porque mineiro não é título. Nosso preparo físico é ridículo. Eu odeio esse Levir!!!
– Não, sô. Precisamos ter paciência. O nosso amado Galo vem de quatro boas temporadas. Ganhamos Libertadores, Copa do Brasil, Recopa, Estaduais e estamos indo para a sexta Libertadores em sete anos, com dois vices do Brasileirão. Uma hora esse tal de Brasileirão vem, inclusive.
– Rapaz, deixa eu te falar uma coisa. Sou do tempo que o Galo não aceitava este tipo de técnico e este tipo de jogadores como os que aí estão. O Galo é raça. Sempre foi para cima dos adversários e a massa empurrando. Esses caras tão de sacanagem. Me ajuda aí …
– Bicho, eu te entendo. Mas nessa época que você citou aí, a gente passava maus bocados com elencos pífios e poucas taças. Hoje lutamos em igualdade com o eixo.
Então, eis que surge um terceiro Paulo Azulay que, inspirado por Clarice Lispector, diz:
– “Eu escrevo sem esperança de que o que escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou do outro.” Sou uma mistura de vocês dois. Sou o olhar emocional e o olhar racional e sugiro que nós três possamos ter um olhar espiritualizado para o Atlético. Olhemos nosso time criticamente. Precisamos sempre cobrar de Presidente, Diretoria, Comissão Técnica e Jogadores. É salutar tal cobrança, mas não deixemos de lado a compreensão, reconhecimento e, sobretudo, o amor pelo clube.
Meu coração espiritualizado torce para que os caminhos do Galo em 2019 possam ser de glórias e títulos.
Por @pauloazulay