A CONTRATAÇÃO DE WILSON VISTA DO OUTRO LADO DA MESA

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Quando citamos os maiores clássicos do mundo, lembramos de Brasil e Argentina, Barça e Real, River e Boca, além do Galo contra a arbitragem. Diariamente, dentro e fora das quatro linhas, temos também o duelo RAZÃO x EMOÇÃO no futebol, um dos embates mais duros desse esporte fantástico. Foi mais um jogão ao avaliarmos a contratação do goleiro Wilson pelo Atlético.

Nós, torcedores, temos um bloqueio natural causado por diversos nomes anunciados na atual gestão, incontáveis tropeços dos dirigentes ao apostarem em jogadores que passaram poucos meses na Cidade do Galo ou ainda estão por lá, com poucas aparições até mesmo na lista de relacionados. O nome de Wilson veio ainda como déjà vu de 2016 e a apresentação do goleiro Lauro, três meses antes de uma despedida sem entrar em campo.

Então nosso veredicto foi de que os dirigentes erraram ao optarem pela contratação de Wilson para os meses que restam na temporada 2019. Como representante do nosso Galo na TV, optei por criticar, ainda na dúvida se manifestava minha opinião com embasamento ou me guiava pelo caminho mais fácil do raciocínio – o da maioria. Pedi oportunidades para o goleiro Matheus Mendes, figurinha carimbada nas convocações das seleções de base e colecionador de boas atuações com a camisa do Atlético no Mineiro Sub-20 e Brasileiro Sub-20.

Enquanto saboreava um filé de tilápia no almoço, pensei qual seria minha postura se um garoto de vinte anos estreasse em uma semifinal de Sul-Americana, na Argentina. Provavelmente criticaria a ineficácia do diretor de futebol por não garantir peça de reposição a tempo, mesmo sabendo da complicada recuperação do arqueiro Victor e de constantes convocações do jovem Cleiton. Reitero que o Atlético precisa perder o medo de utilizar atletas vindo da base e evoluir no processo de transição entre as diversas categorias e o profissional, mas diante do peso de uma Copa Sul-Americana,  dou o braço a torcer de que esse não é o momento para a estreia de Matheus Mendes, pois usei o mesmo argumento quando temi pela fogueira armada ao lançarmos Cleiton no desorganizado time do primeiro semestre. As redes sociais são cruéis em falhas e as imagens em HD marcariam negativamente uma carreira ainda no início.

Havia outra opção? Talvez sim. Só que citamos outros tantos nomes possíveis nas nossas negociações imaginárias, sem termos acessos aos contratos nos respectivos clubes e ignorando a condição de que poderíamos contar com três goleiros “titulares” em janeiro de 2020. A princípio, Wilson tem data para arrumar as malas e o compromisso de arcar com o maior salário do Coxa precisa ser encarado como um “seguro” de vida por três meses. A metade cheia do copo me alivia por não termos mais uma interrogação contemplada com cinco anos de contrato, prática comum em 2018.

Cleiton já tem uma proposta de renovação em mãos com merecida valorização salarial, Victor continuará o tratamento no departamento médico e em breve nossa discussão será a disputa sadia entre as duas opções. Quem será o escolhido por Rodrigo Santana? Aliás, Rodrigo Santana teve voz na chegada de um novo goleiro? Apresentaremos algum dia alguém que tenha sido pedido pelo treinador? Essa sim é a minha preocupação para janeiro de 2020.

Wilson deixou claro que o banco de reservas em um torneio continental ou na série A é mais confortável que o amargo banco da segundona. Sem acesso às ligações com representantes da CBF e laudos do departamento médico, é natural que nós estejamos sempre receosos com as decisões tomadas em Lourdes. Então seguimos torcendo pela emoção, lembrando que nesse clássico é permitido mudar de lado e levantar a bandeira da razão sem problema algum.

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