A CULPA NÃO É DO ESTÁDIO, NEM DO FUTEBOL AMERICANO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Ir para a frente das câmeras após derrota do seu time não é das tarefas mais fáceis, principalmente quando ele foi eliminado em uma atuação vexatória. Contra o Botafogo, pela Copa do Brasil 2017, eu falei com todas as letras – “quem vier falar de estádio, você manda para a puta que pariu”. Não foi a primeira e provavelmente não será a última vez que falei merda em um microfone com grande alcance.

Desde então, sempre que me pego sonhando com a construção do nosso estádio, lembro daquele momento infeliz ao envolver uma grande página a ser escrita na nossa história com resultados, funcionários e atletas que não tinham relação alguma com o projeto da Arena MRV.

Minha reação não é um caso isolado. Infelizmente, os tempos de acesso fácil a um microfone, câmera e até a simples caixa de comentários mudaram o dia a dia de um clube de futebol e o Atlético não é exceção. Digitar é muito mais fácil que pensar e a metralhadora cheia de mágoas não tem alvo específico. Vai do lateral ao atacante e não se limita aos onze em campo. Derrota na final do estadual, eliminação na Copa do Brasil e Sul-Americana, resultados que saem caro não só para quem escalou ou foi escalado.

Quer outro exemplo além do estádio? Qualquer citação das mídias sociais sobre o futebol americano é atacada – “tem que pensar é na defesa mais vazada do campeonato”, “fomos eliminados e vocês preocupados com futebol americano”. O que nós, atleticanos, precisamos entender é que o Thiago Larghi não deixou a Cidade do Galo um dia sequer para se dedicar ao time de futebol americano.

Sérgio Sette Câmara, Alexandre Gallo e o Leonardo Silva não possuem a senha do Instagram, do Twitter, Facebook ou qualquer outra mídia do clube, portanto não desperdiçaram um segundo sequer do tempo que estariam focados no “soccer”. É maravilhoso ver o Atlético levando a marca dele para outro esporte e eu lamento até que não tenha mais opções. A Corrida do Galo foi a maior de um clube na América do Sul e é fantástico ver essa confraternização na família alvinegra.

Em uma postagem do Galo Na Veia Kids, li que devemos deixar “isso de paixão para pensar só em títulos”. Provavelmente o cara escreveu isso com a camisa do Real Madrid, feliz pela conquista da “Tiempions”, mas sem associar ao trabalho que o “meu Realzão” faz nos bastidores da instituição.

Relaxa que o estádio será construído e a comissão responsável pelo projeto não tem que treinar a defesa, nem escolher o camisa 10. Sossega esse seu teclado, pois o quarterback não consegue assinar contrato com o atacante livre no mercado. O GNV Kids não optou por reservas na Sul-Americana, a Corrida do Galo não era peneira para achar velocista para o time.

É preciso separar as diversas áreas de um clube gigante como o nosso ou não precisaremos de rival, nós mesmos explodiremos todos os projetos interessantes que já existem e os que estão por vir. A única pessoa que pode estar com a função sendo afetada pela ansiedade por esse estádio é o prefeito de Belo Horizonte.

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