A MAIOR DOR DE CABEÇA DO ATLETICANO NO CLÁSSICO ACONTECE FORA DAS QUATRO LINHAS

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FOTO: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO

Não é só a tremedeira do lado azul que se repete em todos os clássicos, a desorganização e desinteresse geral em proporcionar maior conforto ao torcedor marcam todas as partidas entre Atlético e Cruzeiro, seja no Horto ou no Mineirão. A bola ainda não rolou para os dois duelos pela Copa do Brasil, mas o Atleticano já passou por situações de stress e momentos constrangedores ao tentar adquirir o ingresso pela internet, para o jogo no Independência, e na venda física, para a partida no Mineirão.

Na venda online para o segundo confronto, com mando do Galo, o sistema do site Galo Na Veia não suportou o fluxo de pessoas e deixou muita gente a ver navios. Vídeos de como contornar a situação alterando o código da página rodaram pela internet para que os primeiros torcedores comemorassem a compra. O Atleticano tem que se transformar em um hacker do The Intercept para ir aos grandes jogos. Para quem tentava pelo celular e não conseguia alterar o código, foi preciso esperar o final do expediente no trabalho ou da aula e optar pelo setor que restava.

A venda física para o jogo no Mineirão começou no domingo de manhã e na fria madrugada já havia a movimentação de atleticanos que perderam o primeiro desafio, contra a ansiedade, e optaram pela noite em claro na fila. Já nos primeiros minutos, informações desencontradas sobre opção de meia-entrada e nenhuma organização para evitar a farra dos cambistas tomando os primeiros lugares e voltando para o mesmo posto após a compra.

Mário Konichi, promotor de justiça, protocolou um ofício solicitando ao Governo a liberação do estacionamento do Mineirinho para a torcida visitante na quinta-feira (11). Não sou especialista em segurança pública, mas existem decisões dos organizadores dos eventos que nos traz uma enorme dúvida – QUEM FOI QUE PENSOU ESSA MERDA? Fechar o estacionamento e obrigar o torcedor visitante, inclusive torcidas organizadas, a descerem no meio da torcida rival para conseguir estacionar. Eles querem que dê merda, é intencional, não existe outra explicação. Normalmente conseguem e estavam perto de obter êxito mais uma vez, não fosse a interferência do Ministério Público.

Após a partida no Mineirão, sempre testemunhamos escuridão total em uma escada apertada para a saída da torcida visitante. A polícia quer pressa, usa de força, spray de pimenta e outras táticas “eficientes” para a dispersão rápida dos atleticanos. Muitos torcedores optam pela descida no barranco para sua própria “segurança”.

A impressão é que o torcedor recebe um cachê enorme para passar por toda essa saga até conseguir assistir o time do coração em campo. “Se você conseguir virar a noite na fila, superar os cambistas, caminhar na torcida rival, levar spray de pimenta e descer pelo barranco, você está classificado para a etapa dois. Agora vem a compra online, decifre todo esse código HTML, garanta seu ingresso e finalmente você receberá sua verba de mil reais”.

Não é favor, torcedor paga caro, muitos apertam o cinto com as finanças para estar ali. Estive em um grande evento de música em Belo Horizonte e observei que, mesmo com grande público, não havia problema algum com a logística no local. O torcedor exagera no álcool? Nunca vi tanta gente bêbada como nesse evento e a única pimenta nos olhos foi quando saboreei um petisco da tia dos salgadinhos.

Dirigentes de futebol, de uma maneira geral, procuram mil fatores externos que expliquem estádios cada vez mais vazios no futebol e se esquecem do próprio quintal. O Atlético tem conseguido casa cheia sempre? As rendas das partidas e a forma como tem conseguido tapar essas lacunas na arquibancada explicam os números.

Polícia Militar, BHTrans, Minas Arena, Atlético, entre outros setores envolvidos na logística e planejamento dos jogos têm colaborado para que o sofá de casa se torne mais atraente que a arquibancada do estádio. O amor pelo escudo continua nos incentivando a comprar essa briga para apoiar nosso Galo na arquibancada, mas o ideal é que esse teste não se prolongue por muitos anos.

Se não se esforçam para resolver agora, vão resolver com a Arena MRV? De que adianta construir o estádio mais moderno do país se o planejamento ainda é da idade das pedras? Começa a se preocupar com o Atleticano, Galo. Ele te ama demais.

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