A PRIMEIRA ETAPA NA RENOVAÇÃO DO ELENCO PARA 2020

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Certo dia, passando por portais de notícias, me deparei com um estudo sobre futebol em que cientistas analisaram a balança entre prazer e stress no futebol. Algo extremamente válido, pois tenho a teoria de que o torcedor tende a sentir certo prazer na raiva causada pelo time do coração. São segundos de comemoração após o gol antes de reiniciarmos nosso ciclo, o que me faz crer que 90% da vida de arquibancada é reclamar.

Vez ou outra, reclamamos até do que pedimos e aconteceu. O caso ‘Luan’ no Atlético ilustra bem a situação. No início do ano, houve pressão da arquibancada para que o clube não negociasse o jogador por se tratar de um ídolo na história e, meses depois, uma onda de questionamentos ganha as redes sociais pela permanência de um atleta de alto salário que sequer é relacionado para o principal jogo do ano. O Corinthians queria Luan e Luan queria ir para o Corinthians, o Atlético queria Clayson e estava disposto a melhorar a proposta para contar com o jogador na temporada 2019. Após um 2018 de relacionamento instável com o torcedor, Sérgio Sette Câmara preferiu evitar desgaste ainda maior e optou pela permanência do camisa 27. Se os dirigentes optassem pela negociação, a corneta também tocaria.

Acredito que não exista outra torcida com tamanha dificuldade de se desapegar de jogadores que passaram pelo clube. No mundo do futebol, acontece um ciclo como o de qualquer outra empresa, funcionários chegam, se despedem certo tempo depois e seguem seus respectivos caminhos, mas nosso ímã alvinegro busca sempre atrair Tardelli’s, Dátolo’s, Pratto’s, Donizete’s… Em entrevista divulgada recentemente, Alecsandro confessou que por pouco não voltou, trouxemos Réver, Leo Silva ficou, Victor renovou, Jô chegou a usar a estrutura para tratar lesão e por pouco não fechou. Há alguns anos, listas de reforços sugeridas pela arquibancada são recheadas de nomes de que passoaram pela Cidade do Galo nos anos de 2013 e 2014. Quem não se despediu e ainda está por aqui, como Luan, cria raízes profundas e difíceis de cortar.

Mesmo o Atlético optando por viajar com os reservas contra o Avaí, Luan estar entre os relacionados foi motivo de reunião interna no clube. Apesar de uma grande reforma na casa onde vive em Lagoa Santa, ele também sabe que faria bem recomeçar em outro lugar, deixando para trás desgastes que surgem com o tempo, como em qualquer outro ambiente de trabalho. O ciclo fechou e entramos em contagem regressiva para um ponto final na história do maluquinho pelo Galo. Vale a lição para a próxima janela de transferências, nem sempre é bom atender aos pedidos de quem age com emoção. Rui Costa e Sette Câmara precisam se blindar para qualquer reação através de faixas ou hashtags, não só no caso Luan, pois o encerramento do calendário abre um capítulo especial no início de uma nova década. A conquista da Sul-Americana dá maior suporte financeiro à necessária renovação de várias peças do elenco, ficar de fora da Libertadores e da Sul-Americana 2020 exigiria um caminho espinhoso ao começar da estaca zero, ainda apostando em atletas promissores.

Que possamos ter equilíbrio entre valorizar o passado e quem fez muito pela nossa história, mas entender que o Atlético segue em frente e isso não muda o que passou.  Após sete anos na Cidade do Galo, viver novos ares em 2020 fará muito bem para Luan. Independente do rendimento e utilização do jogador nos meses que restam em 2019, chegou a hora de uma nova etapa na reformulação do elenco e nos despedirmos do Luan faz parte desse duro processo. Vale para ele, para Leo Silva e até para outro grande ídolo, mas essa é uma conversa para outra ocasião. Uma coisa é certa, nós vamos reclamar.

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