A TORRE DE BABEL ATLETICANA NÃO SABE O QUE QUER

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Desde a pausa no calendário para a Copa do Mundo, o futebol apresentado pelo Atlético não enche os olhos do torcedor. Com seis vitórias em dezessete partidas, o aproveitamento de apenas 45,1% no segundo semestre deixa Thiago Larghi com a corda no pescoço nessa reta final de campeonato. Tropeços em casa e resultados pífios como visitante transformaram o sonho do título no pesadelo de perder a vaga no G6 do Brasileiro.

Peritos que somos em demissões de treinadores, sabemos que o encerramento da era Larghi parece próximo, aguardado a cada apito final das partidas. O assustador é que, desde 2015, nosso álbum de figurinhas tem todos os perfis de comandantes, o mestre do tatiquês, o paizão nos vestiários, a solução caseira, o experiente, as apostas, mas ninguém conseguiu começar e terminar a temporada no clube. Trocamos o médico durante a cirurgia, mas não sabemos que doença estamos tratando.

No processo de fritura, nos despedimos do volante que não dava carrinho, do lateral disperso com bola nas costas, dos atacantes “cones” e que já deveriam estar aposentados, até o presidente não é o mesmo desde o início da dança das cadeiras de treinadores. Em entrevista à radio 98FM, Fábio Santos citou a pressão da torcida e da imprensa por um estilo de jogo suicida, conhecido “Galo Doido” em Minas Gerais. Atletas, técnicos, dirigentes, torcida e imprensa, cada um com seu idioma, queremos que nossa construção toque o céu, mas não conseguimos construir o primeiro andar. Nos tornamos a Torre de Babel Atleticana.

Analisando todos os envolvidos, vamos ao discurso do Fábio Santos e, infelizmente, terei que citar outro time de Minas nesse espaço alvinegro. Os torcedores do clube rival odeiam e criticam o estilo de jogo característico de Mano Menezes, a imprensa abraçou o discurso da torcida e Mano balançou no cargo por isso. Sabe o que o elenco e a diretoria fizeram? Seguiram com o que acreditavam ser o correto. Chega de outros times por aqui, de volta ao Galo…

Em uma torcida gigante como a do Atlético e com canais que dão voz ao torcedor, como as redes sociais, é comum que exista pressão e que diferentes discursos ganhem força nos momentos de crise. Atribuir os fracassos ao comportamento do atleticano e à cobertura da mídia é se acovardar e fugir das responsabilidades da função, seja dentro de campo ou com a caneta na mão em Lourdes.

Encerramos 2017 sem a certeza de que Oswaldo era o cara certo para a temporada seguinte e o sentimento seguiu nas primeiras semanas de 2018, o que resultou na demissão do treinador. Parece que o filme se repetirá novamente! Assim como em 2017, teremos que esperar até dezembro e a definição da vaga na Libertadores para decidirmos sobre o peso e a quantidade de reforços. Caso fique de fora da maior competição do continente (tá amarrado em nome de Jesus), o escambo deve voltar à Cidade do Galo em 2019. Não procuramos por características específicas ou pensamos em setores carentes ao buscar técnicos e atletas, apenas assinamos com quem está livre no mercado.

Se não mudarmos o comportamento, será mais do mesmo, com ou sem a demissão de Thiago Larghi. Quais foram os erros detectados pelas lideranças do grupo nos fracassos da Libertadores 2017, Brasileiro 2017, Mineiro 2018, Copa do Brasil 2018 e Sul-Americana 2018? O que eles entendem como imprescindível para que possamos viver novos tempos em 2019? Meu treinador atende esse perfil? Como equilibrar minha capacidade de investimento e as necessidades do técnico? A impressão é que essas perguntas básicas não são feitas nas decisões de demissões e contratações.

Continuamos com nossos mil idiomas, a torre não cresce mais e parece que se ela não CAIR, já está bom demais para quem a planejou.

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