A transição da base para o profissional precisa mudar

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FOTO: PEDRO SOUZA / ATLÉTICO

O Atlético está muito próximo de anunciar a venda do atacante Sávio, para o Grupo City, dono de diversos clubes, incluindo o Manchester City. A notícia, dada em primeira mão pelo jornalista Igor Assunção, da Rádio 98, além de pegar muita gente de surpresa, começou uma verdadeira discussão entre os torcedores nas redes sociais. Vender ou não o jovem jogador?

E isso tem explicação: o valor do negócio. Ainda de acordo com o jornalista, Savinho sairia do Atlético por 6,5 milhões de euros (R$38,2 milhões na cotação atual). Seria este um valor justo pela negociação?

De um lado um clube que precisa vender ativos. Engana-se o torcedor que pensa que o Atlético, em 2022, é um clube que não tem dividas a pagar. Têm… e não são poucas! Desde o início do ano já era sabido que o Galo precisaria, nesta temporada, negociar alguns jogadores. De acordo com a diretoria, o clube precisa fazer, em vendas, R$140 milhões. Em janeiro Junior Alonso rumou ao futebol russo. Foram R$46 milhões para os cofres alvinegros. Com os empréstimos de Nathan, Hyoran e Alan Franco, foram cerca de R$2,5 milhões. A venda de Marquinhos, confirmada na segunda-feira (14), mais quase R$10 milhões. Tudo isso já totalizou, R$58 milhões. Nada mal, se lembrarmos que a principal janela europeia é a do meio do ano. Em pouco menos de 2 meses, quase metade do necessário foi alcançado.

Faltariam então, cerca de R$80 milhões em vendas. A negociação de um jogador, que quase não atuou nas últimas temporadas por metade deste valor, seria inimaginável. Esta é uma forma de olhar e pensar.

A outra é: vender um jogador de apenas 17 anos, citado por muitos jornalistas, portais nacionais e internacionais, além de especialistas, como um grande “prospecto”, ou seja, alguém que nos próximos anos poderá estar entre os grandes jogadores do futebol, por “apenas” 6.5 milhões de euros, é pouco.

O ponto é: Savinho tem condições de atingir qual patamar?

Só é possível chegar a essa conclusão de uma maneira: assistindo o atleta jogar. Coisa que, no Atlético, não foi possível.

Sávio teve, em 2021, apenas 398 minutos jogados. Número esse que corresponde a apenas 6% do correspondente a toda temporada atleticana. Grande parte desse tempo, em campo, foi no início do Campeonato Mineiro (310 minutos), quando o Atlético atuou apenas com reservas e jogadores da base. Após a volta de todo o elenco, foram 88 minutos em pouco mais de 70 jogos.

Foto: Pedro Souza / Atlético

E se o torcedor acha que o jogador esteve machucado ou atuando pela base alvinegra, errou. Sávio tinha condições de jogo. Estava treinando normalmente com o time principal. Pelo Sub-20, em 2021, foram apenas 4 jogos. Já no Sub-17, duas partidas.

E não faltaram oportunidades para colocar a jovem promessa em campo. Na partida de volta da semifinal da Copa do Brasil, contra o Fortaleza, após vencer o jogo de ida por 4 x 0, nem relacionado Savinho foi. No último jogo do ano, contra o Grêmio, com todo o time titular poupado, apenas 5 minutos em campo.

Muitos podem pensar: “Mas o Savinho só tem 17 anos”. Nessa idade, atualmente, diversos clubes dão oportunidades a jogadores que acreditam ter condição técnica para isso. Um grande exemplo, atual, está no Botafogo. Matheus Nascimento, apenas um mês mais velho que Sávio e companheiro do atleticano na seleção brasileira Sub-17, vem sendo muito aproveitado no clube carioca, já tendo atuado, nas duas últimas temporadas, por cerca de 1500 minutos, quase 3 vezes mais do que o atacante do Atlético.

A transição entre base e profissional precisa ser bem feita. O Atlético, como qualquer outro clube endividado, precisar “criar” e vender. Mas, não tem investimento que seja feito na formação do jogador, que trará grandes lucros para o time, se não der oportunidade para eles na equipe de cima. Sávio, Neto, Calebe… A base precisa de espaço. E não é espaço em péssimos gramados no interior, com a equipe toda modificada e sem entrosamento. Precisa de espaço de verdade! E que o torcedor saiba ter a paciência necessária para a maturação e evolução do jogador!

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