ALERTA SOBRE SÍNDROME RARA EM JOGOS DO GALO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Toda síndrome tem um nome, mesmo as mais raras, normalmente homenageando o cara que a descreveu pela primeira vez. Sendo assim, precisamos de um nome para debatermos sobre essa síndrome que assola nossa torcida levando à cegueira total com o tempo. Se a preocupação dos países é receber doenças que chegam pelas fronteiras, nesse caso, o causador da doença é quem desembarca através da ponte aérea.

Sem mais delongas, me refiro à diferente análise da arquibancada ao avaliar o desempenho de um gringo, seja antes, durante ou depois da passagem do atleta por essas bandas. DEPOIS? Sim, depois. Muitas pessoas ainda acreditam que faltou ritmo ao Cárdenas apresentar o mesmo futebol que chamou a nossa atenção em cento e oitenta minutos na Libertadores 2014. Também houve lamentos pela saída de Tomas Andrade, que já está de saída do Athletico após uma temporada apagada. Dos que ainda fazem parte do elenco, uma seita secreta em Minas Gerais luta por continuidade para David Terans e, nas orações, os fiéis pedem esquemas diferentes, até com a utilização do uruguaio como falso nove, desde que não fique de fora. Por se tratar de um nome bonito, vamos batizar nosso estudo como síndrome de Terans.

Como contraponto da síndrome de Terans, desenvolvi o estudo da síndrome de Chicão, sem referência a um jogador específico, mas com a ideia de que o mesmo desempenho de Terans, Tomas e Cárdenas teria outra avaliação se a atuação fosse do Chicão, vindo do Ceará. Jair, do Sport, é exemplo fácil entre nossos principais reforços de 2019. Apesar de elogiar os primeiros minutos de Jair, usei termos chulos, como “pegamos o volante do Sport”. Essa é a síndrome de Chicão! Fosse um Hernandez, cabeludo e sul-americano, entregando o que o Jair, volante do Sport, nos entrega, veríamos filas em tatuadores para marcar o deus do futebol na pele. Uma vez apresentados à síndrome de Terans e à de Chicão, deixemos os ex-jogadores do clube descansarem em paz e vamos ao parágrafo da polêmica.

Convido você, que é fã do atacante Di Santo e defendeu a titularidade do argentino após jogos ruins do jovem Alerrandro, a fazer um teste comigo. Feche os olhos e imagine o menino de 19 anos matando as bolas na canela, perdendo na corrida, se enrolando com a redonda e entregando para o adversário, como aconteceu nas últimas partidas com o gringo de 30 anos. Você xingaria, vaiaria, ficaria puto pra caramba nas redes sociais do clube e do jogador. Se Di Santo pode cometer tais falhas nos dias em que o grupo vai bem, porque Alê não pôde viver dias ruins no pior momento do Galo na temporada? Tenho convicção de que oito gols do argentino no estadual, gols na Libertadores classificando para a Sula, gol na Sula levando para os pênaltis e gols no início do Brasileiro teriam outro peso.

Alerrandro Chicão deixou o Atlético, vida que segue e essa foi a última vez que o citei por aqui. Vamos para o meia Otero. Nos vinte e seis jogos em que atuou desde que retornou ao Galo, o venezuelano marcou dois gols e contribuiu com duas assistências. Quantas partidas boas fez? Poderíamos contar nos dedos essas raras situações. Não é decisivo, não contribui com o sistema defensivo e mesmo assim improvisamos em escalações para Otero não ficar de fora. Quando vai para o banco, recupera a vaga no primeiro tropeço da concorrência. Com uma lista enorme de pontos a evoluir, Bruninho demonstrou nervosismo em algumas oportunidades e não está pronto para brigar por uma vaga no time titular. Mas qual o critério para esperar seis meses pela volta da bola forma do gringo e em cinco partidas definir que ainda não é a hora do jovem da base? Paciência seletiva! Do clube e da arquibancada.

Não se trata de um pedido para persegui-los, pelo contrário, veja o copo meio cheio, apenas peço a mesma paciência e carinho com o que formamos aqui ou com brasileiros que promissores que o clube venha a contratar. Talvez Otero deixe Minas Gerais em janeiro e será ótimo para a síndrome de Terans, pois teremos outros exemplos. Não se trata de perseguir fulano ou cicrano, pois torço para que Di Santo seja eleito o melhor atacante da próxima temporada, mas, até que isso aconteça, que ele tenha o mesmo tratamento de quem lutar por uma vaga no ataque em 2020.

Exceções existem e essa anomalia exige estudos mais profundos. Juan Ramón Cazares Sevillano é gringo, nasceu no Equador, ostenta bons números, grandes atuações, mas sempre aparece em listas de dispensa feitas por torcedores. O Otero dos poucos jogos bons é peça fundamental e o Cazarinho colecionador de assistências e autor de muitos gols deve puxar a fila da renovação. Me interna, doutor. Os deuses devem estar loucos!

Para encerrar, a vigilância sanitária comunica que a síndrome de Terans já afeta espaços dos treinadores. Sebastián Beccacece, Ariel Holan, Ángel Ramírez, basta sondar um gringo para que os internautas fiquem empolgados. É como se lá fora ficassem empolgados com a contratação de Marcelo Oliveira ou Vagner Mancini, com título grande no currículo, mas… Cuidado, o ministério da empolgação adverte que nem todo mundo é Sampaoli e nem todo mundo tem o orçamento de Jorge Jesus. No meio desse angu pode vir caroço Paulo Bento e Diego Aguirre. Esse é um assunto longo, bom para falarmos sempre. Ou você prefere hablar?

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