ARENA MRV NÃO É POÇO DE PETRÓLEO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Minha vida é conversar com atleticanos espalhados pelo mundo. Contra o Colón, pude encontrar alguns que vivem na Argentina, as redes sociais proporcionam interação com pessoas de outros estados e viver em Belo Horizonte é discutir escalação com o padeiro no café da manhã e, no fim de noite, debater sobre o jogo anterior com o motorista do Uber. Me impressiona como os discursos se repetem, independente da idade ou classe social. Uma ideia que tem se espalhado entre torcedores é que a Arena MRV será a casa da moeda do Tio Patinhas, um poço de petróleo encontrado no Bairro Califórnia que nos trará reais, dólares e euros, levando o clube a outro patamar. Adianta faturar sem saber gastar?

Outra frase que me causa arrepio é que a melhor solução atualmente é vender o que nos resta do Shopping Diamond Mall. Seríamos o vencedor do Big Brother que fatura um milhão, torra tudo e faz rifa para pagar as dívidas meses após o fim do reality show. Durante a programação da rádio 98FM, um ouvinte destacou que o Atlético trouxe um time inteiro em 2019 e continua na estaca zero em relação ao mesmo período de 2018. Wilson, Guga, Réver, Igor Rabello, Lucas Hernández, Jair, Ramón Martínez, Vinícius, Maicon Lesma, Geuvânio e Di Santo (Papagaio) foram apresentados na Cidade do Galo na atual temporada.

Quase sempre, procuramos por quem está disponível no mercado ou por se tratar de uma negociação menos complicada. Não buscamos o que o treinador precisa, não nos questionamos qual é a maior carência no momento, apenas compramos uma bugiganga na fila do caixa por estar ao alcance das mãos. A regra também é válida para a escolha do comando técnico. É a decisão mais barata, vamos economizar e sair da crise financeira. Seguimos torrando nossas cifras em Chará, Hernández e Martínez, insistimos no excesso de incógnitas e flertamos com a chance de mais uma temporada nula na história do clube. Um time apresentado em 2019, um time e meio em 2018, tudo isso para acordarmos com a sensação de só o Atlético não evolui e não aprende com os erros no futebol brasileiro.

Luvas de TV foram pelo ralo com Daniel Nepomuceno, desperdiçamos a chance de reduzir as dívidas e paramos no tempo em 2015. Desde então, somos um time de meio de tabela à procura de salvação no estadual e torcendo por crise do outro lado da lagoa para amenizar a mancha do lado de cá. Juros de dívida e pendência por jogador adquiridos em outras administrações se tornou muleta para resultados ruins. “O atleticano precisa entender que tivemos seguidas derrotas e eliminações, mas um trabalho tem sido feito a longo prazo para melhorar a situação quando estivermos com a Arena MRV em mãos.” Enquanto não assumirmos falhas no planejamento e corrigirmos essa característica, seremos caranguejos, saindo do lugar, mas sem andarmos para frente.

Pobre Arena MRV, que os engenheiros reforcem as estruturas do estádio, pois o espaço já nasce com um peso a mais. Assumiu a função Diamond de solução rápida, a qualquer momento. O Atlético não tem dinheiro e não sabe gastar quando decide se endividar. É duro falar isso nesse terreiro alvinegro, mas, seguindo o padrão de organização de time dos últimos anos, tenho medo de que divisão estaremos quando a “solução” financeira chegar.

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