AS INDIRETAS DE LEVIR CULPI

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Basta abrir a linha do tempo do Facebook, Twitter ou Instagram para captarmos indiretas de todas as maneiras entre os usuários das redes sociais. A ex namorada na balada mostrando para o ex que está mais feliz, apesar de não estar, o cunhado falando sobre confiança e finanças para cobrar uma grana emprestada e as intermináveis cutucadas políticas.

No futebol, Levir Culpi usa a mesma tática ao deixar, nas entrelinhas, as mudanças que pretende fazer na equipe visando a perfeição no desempenho do time. O comandante já havia reclamado da marcação no meio ao justificar a entrada da Zé contra o Danubio, no Uruguai. Contra a Caldense, ao poupar o time titular e deixar Zé Welison de fora da partida, a mensagem foi entregue a Adilson e Elias. “Tenho dúvidas quanto à escolha dos meus dois volantes” – teriam dito Tico e Teco, os dois neurônios do burro com sorte.

Brincadeiras à parte, o cara conseguiu dar um recado aos volantes e a Ymmi Chará em uma só tacada. Nas entrevistas coletivas, a perspicácia de Levir também é fantástica, mesmo que seja ofuscada pelas frases engraçadas. Zé foi expulso cedo demais e o treinador assumiu a culpa ao dizer que a substituição já estava programada. Não foi a primeira vez que técnico ameniza o desempenho dos atletas nas coletivas. Quando Nathan pouco entrega em campo, Levir exalta o jovem e se diz constrangido por dar poucos minutos no final dos jogos. Internamente o papo é outro, o aniversariante da semana sabe que não dá para contar com Nathan, seja com 9 ou 90 minutos, mas o treinador quer o grupo nas mãos. Para isso, elogia, blinda e nos últimos caracteres das frases, vem a essência da mensagem, como na resposta em que coloca Cazares como o mais criativo do elenco, mas reforça que o equatoriano precisa evoluir na marcação.

Se nos microfones a mensagem é de um meio-campo seguro, que garantiu a vantagem obtida no Uruguai, nos treinos, Levir continuará a saga à procura da formação ideal. Nós, treinadores de arquibancada, sempre escalamos Zé e Adilson, Zé e Elias ou até concordamos em manter Adilson e Elias. Levir surpreendeu ao optar pela formação com os três como titulares e certamente não obteve uma resposta concreta se essa é ou não a melhor escolha. Caso o time principal seja utilizado no clássico contra o América, pelo Mineiro, é provável que vejamos mais testes e fórmulas e não me surpreenderia se Jair fosse o escolhido do chefe. Deixar Chará de fora fez com que Ricardo Oliveira ficasse solitário no ataque sem ninguém que se aproximasse, então Elias deve voltar ao meio, onde Adilson não consegue repetir as boas atuações que fizeram com que a torcida pressionasse a diretoria por uma rápida renovação de contrato, além de Zé, que cumpre suspensão pelo cartão vermelho.

Jair vem quietinho, comendo pelas beiradas e até entrando em fogueiras para segurar resultados. Não só pelo que apresentou em campo desde que chegou, mas também pelos tropeços dos concorrentes de posição, é forte candidato a ser o próximo a nos surpreender em escalações. A qualidade do futebol apresentado pelo Villa Nova não apaga a grande atuação de Jair, afinal, foi contra as frágeis equipes do interior que Zé Welison ganhou pontos para ficar entre os onze escolhidos de Levir na decisiva partida da terceira fase da Libertadores da América.

Se Elias voltar para o centro do campo e Chará retornar para o lado esquerdo, o colombiano também pode deixar as barbas de molho, pois Levir não pensará duas vezes para escalar até o questionado David Terans, tudo para reforçar a indiretinha, caso o desempenho não evolua.

Na quarta-feira de cinzas saberemos se haverá mais uma indireta de Levir Culpi. Quer data melhor para indiretas que o primeiro dia pós-carnaval?

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