Atlético é eliminado e deixa o Brasileirão Sub-18 de cabeça erguida

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FOTO: ADRIANO FONTES / CBF

O Galo foi eliminado ainda na primeira fase do Brasileiro Sub 18, com 2 vitórias, 1 empate e 3 derrotas. A equipe, que se juntou para a disputa da competição, ensinou diversas coisas que  vão muito além do futebol durante essa curta participação. E não vou nem começar a falar de superação e de como são guerreiras, porque atleta nenhuma precisa ser guerreira. Jogadoras precisam de condições dignas para trabalhar e de forma alguma a falta de valorização deve ser vista como mérito.

Não vou me prolongar em dizer da falta de incentivo e cuidado que o Atlético teve com a equipe e com as jogadoras, ao não oferecer ao menos o uniforme do ano para as suas representantes no futebol de base. O descaso foi evidente e o clube deixou isso claro ao informar oficialmente que só participou da competição porque a CBF obrigou.

Quero destacar, inicialmente, a vontade e a união das atletas, que permaneceram juntas mesmo após o desmonte das categorias femininas de base em Minas Gerais, que mesmo sem uma camisa forte ou qualquer investimento que custeasse a manutenção do esporte, continuaram a jogar e a se aprimorar visando um futuro onde não precise pagar para jogar.

 Destaco também que o futuro do futebol feminino em Minas passa obrigatoriamente pelos pés de cada uma delas. Que ainda que todas não se tornem atletas profissionais, as que se tornarem o serão por terem tido umas as outras quando não tinham ninguém. Se a gente espera que o futebol feminino tenha um futuro, é preciso olhar para o presente. É preciso ver os talentos que surgem e não deixar que se percam na falta de oportunidades. Se Marta jogou na várzea e se tornou melhor do mundo, quantas Martas desperdiçamos por falta de oportunidades? Quantas Martas poderemos ter ao investir no futuro do esporte?

O talento de cada uma delas ficou visível a cada partida. E a cada vez que as derrotas chegavam, em sua maioria provenientes da falta de fôlego e de preparo físico, vinha também a certeza que com o preparo adequado poderiam ir muito além. Um time que com todas as dificuldades enfrentadas segura o Santos, com uma a menos, até os últimos minutos da partida, não é um time qualquer. Um time que com três jogos apenas passa a se encaixar bem e aprende a jogar junto, deixa muito clara a capacidade que tem. E não é pouca.

E não dá pra falar de base em Minas Gerais sem falar do Lelei. Porque qualquer pessoa que tenha contato com o futebol feminino sabe que ele é no mínimo diferenciado. Entre acertos e erros, ele faz pelo futebol feminino muito mais do que qualquer clube, porque aposta não só no presente, mas no futuro do esporte. Ao colocar as atletas para discutirem as estratégias de jogo e decidirem em equipe, ele ensina o valor do grupo. Ao não permitir que elas desistam, ele ensina não só sobre esporte, mas sobre humanidade. Ao levar o time montado às pressas, com jogadoras do profissional e da várzea, e fazer com que atuem juntas, ele ensina que todas elas estão no mesmo lugar, que é o futebol.

A classificação era difícil, mas a ida por si só foi uma conquista, fruto da vontade e da persistência das atletas e da comissão. Ao representarem o Atlético, elas representaram a realidade do futebol feminino, cujas lutas são imensuráveis. E no fim das contas a única derrota é de quem não valoriza o futebol feminino.

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