Atlético em foco: entrevista com um dos principais apoiadores do clube

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FOTO: PEDRO SOUZA / ATLÉTICO

O Atlético passa por um momento de reestruturação. Nos últimos 2 anos, um grupo de fortes empresários mineiros, dos mais diversos ramos, começou a ajudar o clube na busca pela sua redenção financeira e esportiva.

Um dos grandes pontos deste novo Atlético, que vai além da construção da nova casa e da contratação de grandes jogadores, é a volta da credibilidade do clube, além, claro, do respiro da parte econômica.

Ainda na primeira quinzena de abril, como já informado pelo portal Deus Me Dibre, o Atlético terá o “Galo Business Day”; uma apresentação completa e detalhada de toda parte econômica do clube. Um dos principais temas, será a dívida alvinegra, que atualmente está na casa dos R$ 1 Bilhão, e que tanto atormenta o torcedor.

Visando apresentar as ideias e principalmente, o projeto deste Atlético que vem sendo construído, conversamos com um membro do grupo de apoiadores do clube, que preferiu não ter seu nome identificado, para que ele pudesse falar de pontos como o orçamento, venda do Diamond Mall, estatuto, portal da transparência, clube empresa e a participação de empresários, enquanto pessoa física, dentro do clube.

Confira a entrevista

– Com todo o impacto que a pandemia vem causando no futebol, você acredita que o Atlético conseguirá cumprir o orçamento projetado para esse ano, principalmente de “venda de jogadores”, que é de 120 milhões? E se não conseguir, que impacto poderá causar ao clube?

De fato, é um ano duro (difícil), nós prevemos, sim, vendas de atletas. Acreditamos que nosso elenco está muito valorizado, se tivermos um bom desempenho nas competições; certamente, a probabilidade de fazermos boas vendas, melhorará muito. Nós achamos que a janela de meio de ano será uma janela melhor, e ainda teremos a janela de fim de ano, como mais uma opção. Tudo isso, dado que os clubes (europeus) compraram poucos atletas nos últimos dois anos. Por isso, a acreditamos que as janelas deste ano possibilitarão que o Atlético cumpra o orçamento de R$120 Mi.

Temos um elenco extremamente valorizado, com vários atletas com boas possibilidades de venda, como Guga, Marrony, Igor Rabello, Savinho, Alan Franco, Guilherme Arana, Allan… ou seja, muitos atletas com potencial, né? Alguns ainda em etapa de crescimento. Certamente, nós equilibraremos o orçamento do clube com as vendas.

– Visando o saneamento das dívidas do clube, um ponto sempre levantado é da venda da % (do percentual) restante que o Atlético detém do Diamond Mall. Você acredita que essa seja uma venda necessária?

Sobre a venda do Diamond Mall, essa decisão é do conselho. O que eu posso dizer é que esse é um patrimônio que não rende muitos recursos para o clube, e que uma eventual venda aceleraria rapidamente ou bastante, a recuperação financeira do clube. E esta venda, só seria feita após a aprovação de um novo estatuto, que daria uma governança muito maior para o clube, em respeito ao orçamento, e a auditoria de contratações; e isso será apresentado em breve. Mas certamente, o novo estatuto blindará o clube, e trará uma gestão muito mais transparente e muito mais profissional. Certamente, este novo estatuto será o mais moderno dentro do futebol brasileiro.

– Há algum tempo, o Atlético falava na criação do portal da transparência do clube. O portal disponibilizado, hoje, é o que você considera o ideal?

Bom, em relação ao portal da transparência, o que foi divulgado, no ano passado, foi uma primeira versão. Ao longo deste ano, o portal será incrementado. Colocaremos muito mais informações do que as disponíveis no portal atual. Será algo único. Nenhum clube dará tanta transparência a números, a parte financeira/contábil. O Atlético será referência em gestão e transparência.

– Você acredita em um modelo de clube empresa ou prefere o clube como uma associação?

Em relação ao modelo de clube, nós achamos que o mais importante não é se o clube será “clube empresa”, ou uma “agremiação esportiva”, mas, sim, a forma que ele será gerido. O novo estatuto, o novo sistema de governança, serão similares ao de uma empresa de capital aberto, só que funcionará para uma associação esportiva, um clube de futebol. E se em algum momento o conselho entender que uma situação de “clube empresa” faz sentido, esse movimento será feito, (ou seja) o Atlético estará pronto para fazê-lo. Mas na nossa visão esse não é o ponto mais importante. Os pontos mais importantes são, de novo, a transparência, governança e gestão. É gerir o clube como se fosse uma empresa do mais alto nível, uma empresa de capital aberto. Esse é o nosso desejo.

– Como você enxerga a participação de pessoas (físicas), no suporte e investimento dentro do clube?

Em relação a participação das pessoas físicas, como é sabido por todos, o Atlético tem uma grande dificuldade. A receita vem sendo adiantada. Hoje, o Atlético tem receita adiantada até 2023, e isso foi feito, parte, em 2015, parte, em 2017, 2018, tornando o fluxo do clube, completamente comprometido. As contratações feitas desde 2011, pode-se dizer que, praticamente, nenhuma foi paga, nenhum empresário foi pago, nenhuma comissão foi paga, nenhum imposto foi pago. Então, criou-se uma bomba relógio a partir de 2011. É por isso que hoje temos as condenações na FIFA, que, inclusive, tem encargos, juros e multas altíssimas. Jogadores como Maicosuel, Douglas Santos, Diego Tardelli, custaram mais que o dobro do que o valor divulgado. Como o câmbio corrigiu, alguns custaram o triplo do que foi anunciado, a época.

Nosso aporte, como pessoa física, foi para dar sobrevivência ao clube. Os apoiadores colocaram por volta de R$ 300 mi no Atlético, nos últimos 24 meses. Sem esse recurso, o clube teria explodido.

Estamos tentando fazer uma transição com uma equipe de alto desempenho, um elenco jovem e qualificado, para competir, para ter receita com sócio, para ter receita com premiação, receita com bilheteria, receita com venda de atleta. E, ao mesmo tempo, fazer essa transição para uma gestão admirável e única dentro dos clubes da América Latina. Por isso, é tão importante nós termos feito esta ponte do Atlético do passado para o Atlético do futuro. Sem esse aporte de trezentos e poucos milhões, o Atlético teria implodido. Infelizmente, essa é a verdade e ninguém queria que isso acontecesse.

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