BOATES E BOATOS – APRENDEMOS POUCOS NAS CRISES DO GALO

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Nossa vida de Galo nos traz a sensação de que estamos sempre revendo filmes do passado. Levir sendo apresentado cheio de esperança, Levir sendo dispensado, enquanto planejamos protestos na porta da Sede de Lourdes. Entramos na final do Mineiro, de olho no Brasileiro, mas esbarrando no discurso de orçamento baixo para investimentos na equipe. Foi assim com o Minhoca, Paulo Cury, Nélio Brant, Ricardo Guimarães, Ziza… Talvez os mais novos não saibam quem são alguns dos ex-presidentes citados e é isso que nos dá a sensação de que vivemos algo inédito. O mundo de uma maneira geral é assim, uma eterna roda-gigante repetindo os mesmos cenários, enquanto as novas gerações se desesperam com o ineditismo e os mais velhos não buscam dos arquivos da memória.

Se não está ao nosso alcance alterar o que envolve tanta gente, nos resta aprender e nos comportarmos melhor quando começar o “Não vale a pena ver de novo”. Hoje tivemos mais um desses flashbacks e, aparentemente, aprendemos pouco com o passado. Pedimos a saída do goleiro, dos laterais, zagueiros, volantes e atacantes; apenas o treinador não foi citado, pois não temos um. Os motivos são os de sempre, bebida, noite e ausência de vontade em campo. Três vitórias consecutivas e não existe mais álcool, boates e boatos de atrasos nas contas bancárias. Demitiremos nosso próximo treinador e as boates reabrem as portas no ciclo sem fim.

Na atual fritura generalizada, muitas peças citadas sairão, atletas que talvez estejam realmente em uma fase ruim, resultado de uma desorganização coletiva, e os veremos como destaque em outros clubes futuramente. Nesta sexta-feira, apresentamos o quarto diretor em um ano e cinco meses, na próxima semana teremos o quarto treinador no mesmo intervalo. Cada um com uma característica, cada um virando o volante para a direção contrária à do anterior. Não precisa ser um gênio da bola, nem ter devorado livros do Guardiola para ter a certeza de que o final da saga é apenas um – VAI DAR MERDA.

Gallo, Marques, Rui Costa, Oswaldo de Oliveira, Larghi, Levir – O que eles queriam? Certamente cada um tinha sua convicção, seu plano. E o que pretendia quem os contratou? Fica a impressão de que a certeza de Sette Câmara tem prazo de validade extremamente curta. Nada diferencia o torcedor que aplaudiu o time em março e ontem pediu a saída de todos os atletas do clube para o presidente responsável por nos administrar em três temporadas. Nós estamos perdidos, ele também!

Nos discursos na TV e internet, citei o Patric exatamente 13.492 vezes em 2019 à espera que o técnico desse chances ao novo reforço no time titular. Porém, ser o primeiro nome cobrado em um protesto nos mostra que estamos tão perdidos quanto nosso presidente. Patric saiu e não apresentamos melhora alguma em campo, Guga não renderá como esperávamos, assim como Igor Rabello e Chará, tampouco Ricardo Oliveira. Nos despediremos de todos e em 2020 estaremos em novos protestos na porta da Sede de Lourdes com a lista de culpados atualizada. Enquanto o Atlético não souber o que ele quer, nós teremos as mesmas dúvidas. Daremos chance ao Cleiton, enquanto Victor acerta a rescisão e em seis meses ouviremos gritos de que o jovem é goleiro para o Guarani de Divinópolis. Claro que os jogadores têm parcela de culpa em cada derrota, em cada demissão, mas enquanto nossas respostas ficarem limitadas à bebida, balada e salários em dia, presidentes estarão apresentando diretores e treinadores semestralmente.

Jogadores dos clubes classificados na Libertadores também bebem e salários atrasam em praticamente todos os clubes, mas ter nove treinadores e seis diretores em dois anos e meio é uma marca difícil para ser batida no país. Nosso Galo conseguiu a proeza e por coincidência (será?) é campeão de protestos nos últimos anos, seja no centro de treinamento ou na Sede da instituição. Sérgio Sette Câmara não se preocupou com a mira nos dezesseis meses de mandato, está longe de acertar o alvo e, por não perceber o erro, continuará gastando munição. Nós percebemos que ele tomou decisões erradas e o que pedimos que ele faça? Venda as armas! O alvo continuará intacto, enquanto lamentamos a ausência de um arco e flecha para substituir o rifle.

Peguem os jornais da década de 90 ou do início da década passada, a história é a mesma. Sem dinheiro, treinadores demitidos, novos diretores apresentados e a torcida na avenida Olegário Maciel. Se a gente quer que o final da matéria seja diferente, é preciso que nossas ações sejam diferentes. Tchau, Victor, Patric, Rabello, Fábio Santos, Elias, Adilson, Cazares, Chará e Ricardo Oliveira. O que restou? A mesma caneta que contratou e demitiu tantos técnicos em poucos meses. Por que essa caneta funcionaria dessa vez ao repor essas peças? Pense nisso! Nós não sabemos o que queremos e o presidente também não. Difícil definir que período da história estou me referindo.

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