Auxiliar de Cuca fala sobre bastidores, jogador que se recusou a viajar e saída do treinador

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FOTO: PEDRO SOUZA / ATLÉTICO

Depois de quase dois meses fora do Atlético, o auxiliar técnico de Cuca, Eudes Pedro, deu uma entrevista, ontem à noite, ao canal do Youtube Breno Galante, relembrando bastidores da temporada vitoriosa do Atlético no ano passado. Eudes falou sobre a decisão de Cuca de deixar o clube, falou sobre o motivo de Alan Franco ter tido poucas oportunidades e ainda citou um pequeno atrito do atacante Savarino com o técnico no final da temporada.

Um dos jogadores que não teve muitas chances com Cuca foi o volante Alan Franco, que havia feito uma boa temporada com o antecessor, Jorge Sampaoli. Com a chegada de Cuca, o atleta foi perdendo oportunidades ao ponto de não ser relacionado em vários jogos. O fato, que incomodava alguns torcedores do Atlético, foi esclarecido pelo auxiliar.

Tanto o Alan Franco, quanto o Dylan Borrero também. Eles são dois grandes jogadores, dois jovens. A gente batia nessa dificuldade dos sete estrangeiros no grupo, e só podia levar cinco para o banco. E na nossa necessidade dos cinco, às vezes, um volante a mais no banco não seria necessário. Infelizmente, a gente sacrificou bastante o Alan Franco, devido às nossas necessidades. Como nosso time tinha mais pode ofensivo, agressividade, e poderíamos trocar mais peças, levando o Savarino, o Vargas, então tínhamos que deixar um desses dois fora do banco. E como nosso objetivo maior, foi sempre a agressividade ofensiva, sempre sobrava para eles. O Cuca fica muito triste, querendo que a gente arrumasse uma solução, mas não tinha, infelizmente. Mas, eu concordo com o torcedor também, ele poderia ter tido um pouco mais de participação, e a gente se cobrou bastante por isso, tanto por causa dele, como pelo Dylan Borrero também.

Eudes falou também sobre o atacante Keno, uma das peças fundamentais para o Atlético no final da temporada. O auxiliar técnico explicou o motivo do atacante demorar tanto a desempenhar o seu melhor futebol no time comandado por Cuca.

O Keno vinha jogando de uma forma diferente com o Sampaoli. Ele jogava mais posicional. Então, o Keno, o Savarinho, eles tinham as funções de jogarem abertos, até a bola chegar nos pés deles. Já o nosso estilo de jogo, é um estilo diferente, a gente tem essa movimentação do Keno por dentro, Savarino. O Arana jogando quase de ponta. E na hora da nossa recomposição, nós temos uma recomposição mais agressiva. Já o Sampaoli, ele recompunha numa segunda linha, e numa terceira linha, ou seja, deixava a pose de bola para o adversário. E nós não. Nós já brigamos para a perda de bola, logo no início. Então, para o Keno, que acabou o ano bem, você mudar tudo isso na cabeça de um jogador, ele tem que comprar a ideia. E ele teve dificuldade, mas ele foi entendendo, e aí se tornou o Keno que todo mundo conhece.

Um jogador que surpreendeu muito a comissão técnica de Cuca, foi o atacante Vargas. Eudes cita que a postura profissional do jogador foi importantíssima para que ele terminasse a temporada como titular do time.

A gente conhecia o Vargas pouco. Mas o Vargas teve uma atitude profissional, com ele mesmo, ou seja, perdeu peso, começou a trabalhar mais no dia a dia, e o crescimento do futebol dele foi notório. O cara que em diversos momentos, se tornou um titular nosso, pela qualidade que tem. Então, às vezes, o jogador, ele está ali no clube, e se contenta com a reserva. Mas ele, realmente, foi um cara que nos surpreendeu bastante, do meio para o fim do campeonato. Inclusive, na Seleção do Chile também, fazendo jogos bons, e a gente sempre acompanhando.

Questionado se houve algum atrito entre Cuca e o atacante Savarino no final da temporada, Eudes confirmou que um problema aconteceu. Na ocasião, o atacante se negou a viajar com a equipe por não ser titular, mas a situação foi contornada e resolvida da melhor maneira possível.

É verdade. Quando a gente montou a equipe, ele (Savarino) achava que seria titular. Como o Sasha pode achar, como o Dodô pode achar. E não foi. Aí, o Cuca conversou com ele, explicando que ia começar com o Zaracho. Ele não aceitou. E o Cuca falou para ele, que ele era importante, como todos são importantes. Cuca falou : “Savarino, você é titular, como Vargas é titular, como Nacho é titular, como Keno é titular, e você é importante para o grupo. Agora, se você não quer jogar, não é problema meu, tem que falar com a direção do clube, porque você é jogador do clube, você recebe salário pelo clube”. Foi um conflito, que você tem que mostrar para o jogador, a importância dele. Mas foi contornado. Savarino é um menino que todos adoram ele. Os jogadores conversaram com ele, os estrangeiros. Ele pediu desculpas ao Cuca depois, e se prontificou, ficou no banco. Entrou lá no jogo contra o Athletico Paranaense. Foi tudo contornado.

Eudes falou também sobre as categorias de base do Atlético, segundo o auxiliar técnico, ela tem muito a melhorar ainda e não está no mesmo patamar que Palmeiras e Flamengo.

O Atlético, agora com Rodrigo Caetano, ele está remodelando toda a base do Galo. O Damiani está aí como coordenador. Eu acho que o Galo está melhorando. Mas tem muita coisa ainda a melhorar. Principalmente, na formação de jogadores. A gente não tem uma base forte, igual ao Palmeiras, igual ao Flamengo. Eu acho que a o Galo vai chegar nesse nível ainda, de ter uma base forte. E eu vejo também, que a política, para fazer com que esses jogadores cresçam, era deixar o Regional para eles. O Athletico Paranaense faz isso, e faz muito bem. A equipe principal não joga o Campeonato Regional. Então, é uma coisa, que se você colocar em mente, você vai economizar no ano, no mínimo uns doze jogos. E viagens, e desgaste, e vai se preparar para uma Copa do Brasil. Eu acho que esse é o objetivo maior. Acho que daqui há um tempo, quando o Galo tiver essa base forte, sólida, vai fazer com que isso aconteça.

O auxiliar aproveitou para falar de Savinho, que na concepção dele é um jogador promissor, porém, precisa de uma sequência de jogos para conseguir se firmar.

Savinho é um jogador muito promissor. Ele está no nível daqueles meninos do Santos, do Ângelo, que é da mesma safra dele, jogam juntos na Seleção. Mas, se não tiver essa continuidade, de pelo menos, uma competição, a gente sabe que é difícil o jogador desenvolver. Então, só em Seleção, volta, amistoso, volta, e ele não tem uma sequência de jogos, você termina queimando algumas etapas dele, na formação do atleta. Regional, o Galo deveria começar com esse pessoal, é a minha opinião.

Eudes finalizou, falando que não queria ter deixado o Atlético, mas que foi uma decisão pessoal de Cuca, por conta de problemas familiares.

Antes do Cuca tomar a decisão, a gente conversou bastante. Um mês antes, a gente já vinha conversando. Ele dizendo da necessidade de dar uma parada, devido a alguns problemas familiares. E a gente entende, são coisas que só você pode resolver com a sua família. Mas, eu não queria sair, isso é notório. A gente conversava bastante. Minha opinião é que deveríamos ficar. Cuquinha, ora sim, ora não. E quando chegou a hora, o Cuca é o comandante, ele decidiu que a não íamos ficar, e a gente como equipe, saímos juntos. Não fui procurado pelo Galo para ficar, mas também não tinha como. O Atlético tem uma equipe formidável (comissão técnica permanente) na casa, de grandes profissionais, e ainda não tinha como eu tirar a vaga de um para ficar.

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