Cazares ou Guilherme?

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FOTOS: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Se você já clicou no link nervoso por imaginar que eu defenderia a contratação de Guilherme, peço que se acalme, puxe uma cadeira e vamos conversar. Atualmente, sou presidente do SETTE (Senta E TTenta Esquecer), movimento que pede a reflexão da torcida sobre nossa dificuldade em se desprender do passado. A sigla está em análise, aceitamos sugestões para possíveis mudanças. Guilherme participou de um bate-papo com setoristas do Galo, no canal do jornalista Breno Galante, e afirmou que toparia um contrato por produtividade com o Atlético.

A declarou gerou a tradicional guerra nas redes sociais, sedentas por assunto durante a quarentena. Para incendiar ainda mais o debate, alguém resolveu comparar Guilherme e Cazares. Lá em Caratinga, encerrávamos essas discussões reunindo a turma do boteco e mandando erguer a mão quem preferia o fulano. Contávamos os votos e pronto. Fechava a conta e ia para casa. Só que a Covid-19 ferrou com a eleição de bar e o mundo virtual estende o debate pelas diversas ramificações, que vão além de quantidade de jogos e número de gols. Para organizarmos a comparação em ordem cronológica, o brasileiro custou seis milhões de euros aos cofres do Galo, enquanto o equatoriano exigiu uma investida menor, já que o contrato estava no fim. Já a atuação de Guilherme em momentos decisivos garantiu cifras, taças e medalhas.

No presente de aniversário de 103 anos do clube, o saudoso Maluf apresentou um ex-jogador do rival para reforçar o time de Dorival Júnior. Na primeira temporada, apenas onze partidas como titular após colecionar lesões. Em 2016, Cazares interrompeu a boa fase e parou por dois meses após uma ruptura do tendão do músculo adutor da coxa. Mesmo assim, comparando a eficácia de ambos no primeiro ano, goleada de Juanito. Na segunda temporada, título estadual nos dois casos, mas Guilherme deixaria o protagonismo com a chegada de reforços e, apesar da grande atuação na final do Mineiro, viveu meses como coadjuvante. No primeiro biênio, a dupla amargou o vice-campeonato de um título nacional, no Brasileiro, de 2012, e na Copa do Brasil, de 2016, com direito a gol do meio-campo, contra o Grêmio. Cazares leva nova vantagem pelo número de gols (9) e assistências (17) no ano de 2017. Dois a zero no placar.

As entrevistas dos companheiros de time sempre foram marcadas por elogios aos dois atletas. Pratto contava as horas para poder contar com Guilherme, Robinho destacava a facilidade de Cazares em deixar os companheiros na cara do gol Habituados com a Cidade do Galo, tiveram um terceiro ano de clube distintos. A favor de Guilherme, pesa a continuidade do mesmo treinador, enquanto Cazares voltou a trabalhar com três nomes durante a temporada. O brasileiro balançou as redes do Horto contra o Newell’s, levando a partida histórica para as penalidades. Conhecido pela frieza em campo, bateu um dos pênaltis contra os argentinos, assim como na final, contra o Olimpia. Por ser decisivo, ponto para Guilherme, que diminui a diferença. Dois a um.

Em 2014, Guilherme voltou a ser fundamental, na Recopa e, principalmente, na Copa do Brasil. Contra o Corinthians, dois gols e uma assistência que garantiram a classificação do Galo. Assim como em 2018, Cazares continuou a colecionar vaias e aplausos. Jogadores, técnicos e dirigente repetindo a mesma frase: “Ele pode mais”. Para fechar a temporada apagada, desperdiçou o pênalti que confirmou a eliminação da Sul-Americana. Dois a dois.

A quarta temporada pelo Galo marca também o último ano de contrato da dupla. Antes da despedida, Guilherme conquistou o estadual, sendo decisivo, mais uma vez, na semifinal, contra o Cruzeiro. Duas assistências milimétricas para Pratto estufar as redes do rival e colocar o Galo na final. O 2020 de Cazares conta com poucos minutos, contra o mesmo Cruzeiro. Não demonstra interesse em continuar e o presidente do clube dispara críticas ao jogador quando vai aos microfones. Fim melancólico em Belo Horizonte e na disputa contra Guilherme. Vira-vira no Deus Me Dibre. Mais um ponto para o brasileiro.

É nítida a superioridade técnica de Cazares. O equatoriano é melhor que Guilherme, assim como é óbvio que Guilherme é maior que Cazares. Juanito comemorou 28 de vida, apesar de ainda ser tratado como menino. Guilherme já alcançou os 31 anos, apesar de pensarmos nele como alguém próximo dos 40. Os pessimistas sempre dirão que Cazares podia mais e Guilherme custou demais. Alguns irão lamentar afirmando que Cazares foi vítima de um clube desorganizado e as lesões de Guilherme impediram um sucesso ainda maior. Os realistas terão a certeza de que o Cruzeiro irá jogar a série B – OI? –  Considerando todos os fatores, qual é a sua decisão? Cazares ou Guilherme? Responda através das redes sociais do Deus Me Dibre.

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