CHEGA DE COLABORAR COM O BOTAFOGO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Se eu pudesse escolher entre Barcelona e Botafogo para enfrentar nessa semana, certamente já estaria estudando a melhor maneira de marcar Messi no ataque dos catalães. É que o Botafogo foi a pedra no sapato da minha geração, o clube que mais se aproveitou das seguidas crises na Cidade do Galo. CRISES, no plural mesmo. Todas as vezes que definiam o alvinegro carioca como nosso adversário em mata-mata, por mais que estivéssemos em paz, a rota dos planetas começava a se alterar e algo estranho acontecia, o mundo conspirava contra. Enfrentar o Botafogo era encarar um mercúrio retrógrado eterno, os deuses do futebol acertavam alguma conta com os caras tirando da gente. Deixando de lado a astrologia, investigações do Padre Quevedo e teoria dos deuses do futebol, será que nós não contribuímos para as mesmas tragédias se repetissem?

No duelo pela Copa do Brasil 2017, a torcida estava confiante na classificação para a semifinal. Com novas ideias, o campeão mineiro Roger Machado substituiu Marcelo Oliveira e tinha em mãos um elenco com Robinho, Fred e cia ltda. O tempo passou e eu sofri calado. Roger era o técnico do Atlético na vitória do jogo de ida contra o Botafogo e Rogério Micale assumiu para ser goleado no jogo de volta. Dez anos antes, Levir Culpi comandou a equipe no jogo de ida, pelas quarta-de-final da Copa do Brasil 2007, foi para o Japão e o auxiliar Tico Santos viu Carlos Eugênio Simon errar e ser decisivo para a eliminação do Atlético no Macaranã. Curiosamente, após um clássico contra o Cruzeiro com placar elástico no primeiro encontro e sensação de “quase” no segundo.

Em 2008, se conseguimos manter o técnico nos dois jogos pela Copa do Brasil, quando reencontramos os cariocas na Sul-Americana, na mesma temporada, Geninho havia sido demitido e Marcelo Oliveira era o treinador. Ou seja, o quadro é ainda mais sinistro. Alexandre Gallo cai, Geninho contratado, comanda contra o Botafogo, Geninho sai, Marcelo Oliveira assume. Opa… Troca contínua de treinadores e excesso de apostas ao reforçar o elenco? Lembre-se que estamos falando de 2008 e não 2019. É que citar como Levir, Marcelo Oliveira, Alexandre Gallo etc. nas duas décadas pode confundir o leitor.

Calma que ainda não acabou. Em 2011, a derrota para o Figueirense foi a despedida de Dorival Junior, demitido setenta e duas horas antes da decisão com o Botafogo, pela Sul-Americana. Derrota no jogo de ida com Patric, Réver e Leo Silva como titulares no sistema defensivo. Saudade daquele tempo que demitíamos treinadores a cada quatro meses? Se o Atlético repetisse o simples hábito de olhar para trás e aprender com os próprios erros, muitos desses parágrafos teriam outro final. Dois anos após a eliminação de 2011, Cuca reencontrou o Bota, dessa vez na Copa do Brasil 2013, ainda de ressaca pela conquista da Libertadores. No papel, aquele time de Cuca não sairia para o Botafogo, mas histórias de bastidores contam que o elenco já não aguentava mais os longos períodos de concentração exigidos pelo chefe. “Causos” que prefiro não acreditar. Entregar uma classificação por desentendimento quanto ao período em que se deve ficar concentrado me tiraria noites de sono seis anos após o ocorrido.

Por que lembrar desses cenários de duas décadas justo no dia do reencontro com o Botafogo? Para que a gente não tropece nas próprias pernas, para que o Atlético não elimine o Atlético, chega de ficar som a sensação de que nós colaboramos para as glórias do adversário. Dentro ou fora de campo, vejo que ainda somos nosso maior rival e o Botafogo é o exemplo perfeito para exemplificar essa teoria.

Dado o recado, hora de cutucar botafoguense que ousou ler até aqui. Em todas as ocasiões citadas, ox cariocax não conseguiram levantar o caneco da competição. Nós podemos dizer que já trouxemos taça do Maraca com direito a Dadá Maravilha parando no ar. Na dúvida, o ideal é aplicar uma sonora goleada no Rio para colocar um ponto final nessa discussão e mostrar que os erros do passado não serão repetidos. Já nos vingamos de Flamengo e Corinthians pelas décadas de 80 e 90, chegou a hora de acertar as contas com o Botafogo.

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