CIDADE DO GALO, O PLAYGROUND DE ALEXANDRE

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Em dezembro de 2017, ao apresentar a nova diretoria do Atlético, Sérgio Sette Câmara detalhou a função de cada um. Desde a primeira entrevista, quando o assunto foi futebol, a resposta do presidente era direta – “Futebol é com Alexandre Gallo”!

Dez meses depois, o cenário já não é o mesmo. Foi Sette Câmara quem procurou Levir Culpi e negociou o retorno ao clube, explicando a situação que o burro com sorte encontraria no Atlético. Na apresentação do treinador, um Gallo calado no canto da mesa, enquanto o presidente detalhava todo o departamento de futebol, do trabalho de Larghi ao promissor lateral direito. Quando peguei o microfone para questionar Gallo sobre as alterações que o planejamento 2019 sofreria de acordo com as características de Levir, a coletiva foi encerrada.

Ainda sobre treinador, trocamos Oswaldo de Oliveira após seis jogos e toda a pré-temporada foi por água abaixo. Vários reforços apresentados em janeiro já deixaram a Cidade do Galo, outras promessas bancadas por Alexandre Gallo exigiram detalhada pesquisa no Google. Róger Guedes, dos poucos tiros certos, teria deixado o clube antes da negociação com os chineses, não fosse a interferência dos caciques do elenco. Adilson, com contrato até fevereiro de 2019, embarcou para a Florida Cup e não participou da pré-temporada, enquanto Arouca assumia a posição no meio-campo do Atlético. Oswaldo deixava claro nas entrelinhas que gostava do volante e que não era uma decisão do técnico.

Roberto Abras, da Rádio Super, comentou sobre interferência externa de terceiros nas escalações de Thiago Larghi, mas não citou o nome de quem estaria à frente dessas interferências. Contra o Fluminense, no Engenhão, Gallo teria procurado Abras para reclamar sobre a informação dada pelo jornalista. Nenhum nome foi citado, a carapuça apenas pairava sobre o centro de treinamento à procura de uma mão para abraçá-la.

A gigante lista de chegadas e saídas mostra que o time não teve padrão em 2018 e o discurso de gasto responsável se perdeu em algum trecho da estrada. De volta à coletiva de apresentação da diretoria, em dezembro de 2017, Sette Câmara elogiava Gallo por ser do mundo da bola. Sérgio destacou que não teria que repetir a rotina de Daniel Nepomuceno ao dividir a atenção entre a parte administrativa e o futebol. Certamente, se fizer uma avaliação fria do trabalho, o presidente saberá que não é o que acontece atualmente.

Ainda no vídeo da apresentação da diretoria, disponível no canal da Tv Galo, Alexandre Gallo fala poucos segundos e foca no trabalho de revelação das categorias de base. Na prática, Hulk, Bruno Roberto e Alerrandro tiveram poucas chances, já Marco Tulio foi repassado ao Sporting para abater PARTE da dívida por Elias. O sub-20, último degrau antes do profissional, sequer chegou à final do estadual. Mais uma etapa do planejamento não concluída.

Caminhamos para janeiro de 2019 com os mesmos problemas de 2018, peças que pouco produzem e indefinição sobre competições a serem disputadas, o que interfere na qualidade dos reforços. Aparentemente, Sérgio Sette Câmara segue com o diretor e, dos três anos de mandato, o segundo fica em xeque graças à insistência ou dificuldade em assumir o erro cometido no início do planejamento, antes mesmo das eleições no clube.

Do Villa Nova à CBF, como jogador, treinador e dirigente, Alexandre Tadeu Gallo nunca deixou saudade por onde passou. Peço desculpas aos apaixonados pelo mundo da política, mas ao ouvir ‘ELE NÃO’, só consigo pensar em uma pessoa, e ele não é candidato à presidente da república, é “apenas” um diretor de futebol de Minas Gerais.

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