CLARO QUE A CULPA É DO CAZARES

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FOTOS: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Lá se vão três anos e meio desde que o jovem equatoriano de vinte e três anos vestiu o manto alvinegro do Atlético pela primeira vez. Quarenta e três meses assistindo uma máquina de triturar treinadores e atletas funcionando a todo vapor.

Nomes conhecidos mundialmente, como Robinho, Pratto, Judas Fred e Ricardo Oliveira não conseguiram entregar tudo o que se esperava, ídolos ouviram vaias, promessas ficaram pelo caminho, mas, como ele ainda está por aqui, a impressão é que a mira de grande parte da arquibancada estará sempre voltada para Juan Ramón Cazares Sevillano. Quando vai mal, o comentário mais fácil é que o equatoriano escolhe as partidas para jogar em alto nível. E se o adversário se preparou para anular a peça mais habilidosa do Atlético por perceber que não há armação sem ele? Não temos uma válvula de escape com passe tão apurado para acionarmos o plano B? Não temos. Sem querer isentá-lo de culpa por todas as atuações ruins, mas é nítido que, vez ou outra, cai sobre ele até mesmo o peso pelo desempenho de quem joga ao lado. A dependência de Cazares no elenco justifica nossa exigência de cinquenta jogos impecáveis na temporada.

Já assistiu o filme corpo fechado? Se a resposta for não, assista quando sair dessa página. Bruce Willis interpreta um personagem que não adoece e nunca sofre qualquer lesão. Na Cidade do Galo, Cazares é obrigado a viver dia após dia com o corpo fechado, pois entrar para a lista do departamento médico é ter a certeza de que em poucos minutos teremos um laudo nas redes sociais de que é mais um “migué” ou tática para fugir do exame antidoping. Como vivemos na geração que não questiona nada que circula no “zap”, o boato ganha a cidade e a mentira se torna verdade.

Clubes do Rio e São Paulo conseguiram grandes negócios nos últimos anos por rótulos positivos dados a jogadores que atuaram grandes clubes dos respectivos estados. Por aqui, os rótulos costumam ser negativos. E estamos falando de alguém que marcou trinta e nove gols com a camisa do Atlético e contribuiu com quarenta e uma assistências para gols dos companheiros de time.

Desde a apresentação do equatoriano de poucas palavras, em 2016, ano após ano, assistimos a um revezamento de atletas passando por momentos ruins no clube. Por que só o Cazares não tem momentos ruins, por que é sempre má vontade? Que jogador do Atlético não oscilou entre bons e maus momentos na temporada 2019?

A lista de reforços dos últimos anos me faz torcer para que eu reclame dos jogos com “má vontade” de Cazares pelo Atlético em 2020. Tenho medo do que pode chegar como um possível substituto. Melhor assistirmos a poucas partidas ruins com a camisa do Galo do que assistir a diversos jogos bons de Juanito por clubes de outros estados.

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