CLÁSSICO – GRAVATA X ARQUIBANCADA

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“Funcionários dos dois clubes se envolveram em uma confusão na saída do gramado após a final do Mineiro”, “o clima era tenso no camarote durante o clássico”… Sabe quem vai se ferrar com tudo isso? Sim, o torcedor.

Ao representar um clube gigante como o Atlético na TV, você se torna um verdadeiro escudo da instituição pelas ruas. O torcedor vai te pedir ajuda para solucionar o problema com o cartão de sócio na catraca, vai mostrar o tecido da nova camisa que desfiou ou pode exigir contratações ali, naquele mesmo instante.

Só nos clássicos a pauta nunca muda. Falha na segurança, logística para dezenas onde estão milhares, spray de pimenta, ingresso a preços altíssimos, horas para adquirir o bilhete, mesmo com a data do jogo definida há meses.

Sabe com o que a turma da gravata se importa? Com os camarotes. Eles não são amassados contra portões de aço na entrada do estádio, não ficam sem ar e com os olhos ardendo ao receber spray de pimenta a centímetros do rosto. Possuem credenciais e não se importam se a venda para a torcida visitante durou quatro horas ou quatro dias. No final das contas, todas as versões e notas culparão os torcedores.

Isso sim é extremamente grave, afasta o público e ninguém pressiona por mudanças como vimos nos dois casos envolvendo as delegações dos clubes.

Há anos vemos Atlético, Cruzeiro, Federação Mineira e detentoras dos direitos de transmissão ignorando tudo que é de interesse dos torcedores, seja no Mineirão ou no Independência. Ninguém toma providências, não se vê as lideranças buscando soluções para os mesmos problemas de sempre e as reuniões mais parecem discussões do maternal.

Deixa eu repetir. Sabe quem perdeu com a ira dos dirigentes após a final do Mineiro e o jogo pelo Brasileiro? O torcedor! Certamente vão reforçar o esquema de segurança na saída do gramado no Mineirão e é provável que mudem a posição dos camarotes, mas nenhuma providência será tomada com a falta de iluminação e aquela escada ridícula que liga o Mineirão ao Mineirinho. A essa hora os dois lados devem estar pensando no que aprontar para os adversários na próxima vez em que se encontrarem.

Eu queria o Castellar, o Sette Câmara e o Itair descendo aquela escada com todas as delegações juntas. Se alguém empurrasse alguém, spray de pimenta na turma toda. Eles precisam sentir na pele o que passa o torcedor, seja no Horto ou no Mineirão. Já que é culpa do torcedor e não da logística, nos ensinem como devemos proceder.

Nós, da arquibancada, até damos risada quando é o outro lado se estrepando. Aí o tempo passa, vem o próximo campeonato e lá estamos nós, chegando do interior e procurando cambista para pagar trezentos reais, pois só foi possível comprar ingresso no final da tarde de sexta-feira.

Os caras estão cagando na gente e nós estamos nos preocupando com os problemas deles. Pouco me importa se vai ter copinho de água no camarote do visitante no próximo confronto, eu quero saber é se o torcedor será respeitado. O que eles passaram nas últimas partidas não se compara a cadeirante que ajudei a descer em uma escadinha lotada, não chega aos pés de uma idosa correndo de confusão causada simplesmente pelo fato do espaço não ser ideal para receber o público.

Torcedor, vamos abaixar a bandeira até a bola rolar. A briga tem que ser outra. Nesse caso, o clássico se resume a nós contra eles. Nós temos algo em comum, não recebemos por aquilo que pagamos. O que é do setor VIP tem destaque e é rapidamente resolvido.

Vai comprar essa briga ou vai assistir de camarote?

FOTO DE CAPA: ALEX DE JESUS

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