CLEITON X VICTOR, A LUTA PELA TITULARIDADE

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FOTO: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO

Comemoramos os dois gols de Alerrandro no primeiro tempo do confronto contra o Zamora, pela Libertadores, e ficamos na torcida para que o Atlético não repetisse a fórmula de ver a vantagem escorrer pelo ralo antes do intervalo da partida. Quase aconteceu, aos quarenta e três minutos, quando o time venezuelano acertou um chute na gaveta, obrigando o goleiro Cleiton a fazer uma linda defesa.

A linha do tempo das redes sociais explodiu! Cleiton passou a ser o nome para substituir Victor, não no futuro, pra já, para ontem. Aos desavisados, saibam que a linha do tempo é o local onde nós somos peritos em tudo, seja esporte, política, astrofísica ou qualquer outro assunto. A má fase do Atlético atingiu quase todas as posições e fez a torcida questionar não só os profissionais dentro das quatro linhas, mas, no caso da instabilidade de Victor, Chiquinho, o treinador de goleiros, também é frequentemente citado nas críticas.

Colocar Cleiton em um time desorganizado, como é o Atlético dos últimos anos, é arriscar cartucho na cruel fase de início de carreira. O apoio conquistado nas quartas-feiras à noite é frágil no bipolar mundo da internet. Elogios podem passar por uma rápida mutação, se transformando em combustível na fogueira das críticas. Não é só uma avaliação da torcida na era da internet, é uma autocrítica para quem escreve no calor das vitórias e derrotas.

O clube trabalhou a transição de maneira correta em 2019. Escalou Cleiton em jogos do Mineiro e lhe deu a oportunidade de atuar em uma partida da Libertadores. O jovem arqueiro se mostrou seguro, fez boas atuações e garantiu algumas vitórias, além da baixa média de gols sofridos. A facilidade em sair jogando com os pés teria chamado a atenção do Fluminense de Fernando Diniz no início da temporada, mas o Atlético não teria nem cogitado o empréstimo do jovem talento.

Agora Cleiton Schwengber precisa se blindar e não deixar que a ansiedade da arquibancada o contagie. Nós também pedimos Alerrandro no ataque, o mesmo que tanto criticamos nas primeiras chances de 2018, com Igor Rabelo, em quatro meses de contrato, fizemos o trajeto céu-inferno diversas vezes. Imploramos pela titularidade do Guga e, em poucos jogos, cogitamos a volta do antigo lateral, que, aliás, substituiu Marcos Rocha, outro que lamentamos a saída após expulsá-lo com chutes na porta do carro. Nós somos totalmente malucos!

Nossas certezas não duram vinte quatro horas na instituição que apresenta três treinadores e três diretores no ano. Torcedores, técnicos, dirigentes, imprensa, a doença da “certeza frágil” parece ter contagiado a todos. Uma campanha pela titularidade imediata do jovem goleiro nesse momento é extremamente prejudicial ao próprio jogador, não só pela citada fase ruim de toda a equipe, mas pelo momento caótico dos bastidores do Atlético.

Até parada para a disputa da Copa América, talvez tenhamos a sequência de duelos mais difíceis de 2019, partidas que nos deixam com os nervos à flor da pele, prontos para metralhar qualquer um após falhas que comprometam os resultados. Victor possui uma casca mais resistente para críticas, por isso defendo sua titularidade, por pensar no futuro da carreira de Cleiton. A hora do garoto chegará e que ele continue fazendo defesas tão difíceis quanto o sobrenome que assina. Sorte, Cleiton Schwengber!

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