COBERTOR CURTO, O MAIOR DESAFIO DE RODRIGO SANTANA

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Praticamente todas as adversidades enfrentadas pelo Atlético são continuações de uma longa saga ou remake de um filme do passado. Vez ou outra, nos bate aquela sensação de “já passamos por isso”. Sendo assim, embarquemos na tão utilizada máquina do tempo do DEUS ME DIBRE para relembrar o ano de 2018.

Demitimos um treinador experiente e deixamos um jovem interino no comando da equipe. Vale lembrar que estamos falando de 2018. O Atlético encerrou o primeiro turno do Brasileiro 2018 como o melhor ataque da competição, com elogios ao técnico interino por mostrarmos mais organização em campo. Porém, a defesa instável era a segunda pior do campeonato, o que nos distanciava da briga pelo título. Veio o segundo semestre, Thiago Larghi fechou a casinha e o ataque passou a ser inoperante, o que nos levou da liderança à sexta colocação após a última rodada.

Veio 2019, encerramos fevereiro como o melhor ataque do país entre os times de primeira divisão, mas ela, a defesa voltou a falhar em jogos decisivos. Perdemos o título do Mineiro, eliminados na Libertadores, técnico experiente demitido, interino no cargo e elogios por apresentar um futebol melhor, principalmente com o setor defensivo sofrendo menos.

Ao analisar o empate com o Santos, no Horto, pela Copa do Brasil, Rodrigo Santana destacou o bom desempenho da defesa, mas reclamou sobre as poucas chances criadas para que a bola chegue aos pés de Ricardo Oliveira. Chutamos muito de fora da área, a torcida aplaudia as finalizações, mas encontramos novamente o cobertor curto que nos separa do título do Brasileiro há décadas. A ansiedade, um possível nervosismo pelos seguidos protestos da arquibancada, a ausência de um meia que jogue centralizado, fatores que dificultaram a saída de bola da defesa até o ataque. Apresentamos um futebol pobre, passando a sensação de que a prioridade era apenas não perder.

Sem discutir a arbitragem de outros anos, tão ruins como a que vimos contra o Santos, sempre deixamos escapar as taças pela incerteza do que queremos realmente, como utilizaremos as peças que temos em mãos, se dá pra fazer bolo de chocolate se temos apenas morangos (lembra dessa?). Depois culpamos apenas o golzinho sofrido no final e os deuses do futebol. A janela de transferências será o período para comprarmos mais tecidos e, mesmo que seja tarde para remendar o cobertor curto, é melhor não passar frio.

O que mais preocupa o torcedor é que, se não mudarem o roteiro, o novo treinador chega no meio da temporada sem a percepção de que o cobertor é curto. Vai tentar tapar os pés, depois puxa para a cabeça e lá se vai mais um campeonato. Faça um teste! Digite no Google o nome de treinadores que comandaram o Galo nos últimos anos seguido da palavra ‘equilíbrio’. “Roger Machado equilíbrio”, “Marcelo Oliveira equilíbrio”, pode até ser mais ousado e buscar por “Rogério Micale equilíbrio”.

Em julho de 2016, Marcelo Oliveira buscava equilíbrio defensivo para utilizar Prato, Robinho e Fred no ataque; em março de 2017, Roger Machado destacou a necessidade de encontrar o tão sonhado equilíbrio, Micale em agosto de 2017, falou de bolo e de “equilíbrio”. Cuca, Levir (em 2014 e em 2019), Diego Aguirre, Thiago Larghi, todos em busca do equilíbrio que ainda não encontramos.

O maior desafio de Rodrigo Santana, no momento, não é a permanência no cargo. Santana é mais um desbravador em busca do equilíbrio entre descansar as luvas do Victor e fazer trabalhar as chuteiras de Ricardo Oliveira. Caso consiga, teremos um novo final para os filmes do passado.

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