COLÔNIA DE FÉRIAS SEM COBRANÇA? É NA CIDADE DO GALO!

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BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

“Não posso desmerecer o que esse grupo já construiu até aqui”. A frase foi dita pelo diretor Rui Costa após o empate com o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, e mostra que continuamos no nosso Fantástico Mundo de Bob, ou Alice no País das Maravilhas, para compreensão dos coroas. O que é que foi construído até aqui?

Já observaram que existe sempre um discurso de que esse não é o melhor momento para cobrança? Perdemos a final do Mineiro, mudaram o foco para a arbitragem e na sequência engataram que o ideal, no momento, era apoiar o time na semana da partida decisiva contra o Nacional, do Uruguai. Quando a Libertadores acabou na fase de grupos, o destaque era a sequência de vitórias como visitante e o bom início no Brasileiro. Eliminados pelo Cruzeiro na Copa do Brasil, mas com a obrigação de valorizar a grande atuação e entrega do elenco. Hora de apoio na Sul-Americana.

Vale também para dirigentes, atletas e comissão técnica. Não se pode cobrar do diretor no início do trabalho, do treinador que subiu do Sub-20, do presidente que paga as contas de outras administrações, dos jovens laterais e atacantes, dos recém-contratados, dos ídolos. Se você critica o bom atleta por saber que ele pode entregar mais, se torna alvo dos fãs, os treinadores estão sempre em início de trabalho por aqui, então nunca é hora de questionar. Com o passar dos anos, nossa torcida foi adestrada a absorver a palavra ‘cobrança’ como algo negativo, fica a sensação de que estamos jogando contra nossa bandeira.

Ao conversar com torcedores na quinta-feira, tive a sensação de que o Atlético havia se classificado na Copa do Brasil. O rival que se classificou estava preocupado pelas atuações ruins e o atleticano aliviado pelo “quase”. Sinto que estou ficando louco! Já não consigo acreditar nas entrevistas que ouço. “O grupo está chateado”, “hoje aprendemos uma grande lição”, “vamos com esse espírito nos próximos jogos” – palavras ao vento de quem quer só ganhar tempo até que o atleticano esfrie a cabeça e esqueça o passado. Cito o passado em noventa por cento dos meus textos, pois ele ensina demais.  Colecionamos tragédias há anos, mas vou pinçar apenas o desempenho dos últimos 24 meses. Jorge Wilstermann (Libertadores 2017), Cruzeiro (Mineiro 2018), Chapecoense (Copa do Brasil 2018), San Lorenzo (Sul-Americana 2018), Cruzeiro (Mineiro 2019), Cruzeiro (Copa do Brasil 2019), Cerro e Nacional e (Libertadores 2019). O que esse elenco construiu até aqui, Rui Costa?

Nada foi construído dentro e fora de campo. Continuamos com péssimos resultados, péssima administração do departamento de futebol, contratando mal, renovando mal, trocando de técnico três vezes por ano. Líderes que não lideram e craques que não decidem nos levam a mais uma temporada com sabor amargo. Nossa entrega, nossa vontade de vencer durou quarenta e oito horas. Acho que o atleticano que cantou após aquele clássico merece mais que quarenta e oito horas de dedicação desse grupo.
Chega de arroz com feijão. Nós cobraremos de todas as maneiras possíveis, em qualquer data do calendário. Chegou a hora de encerrarmos essa eterna colônia de férias que se tornou a Cidade do Galo.

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