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No início da noite deste sábado (19), o Atlético enfim anunciou o substituto de Cuca. E como já era esperado, o novo treinador não é brasileiro. Trata-se do argentino, Eduardo Coudet, de 48 anos. O vínculo entre o clube e o novo técnico tem validade até dezembro de 2024.
Com passagens marcantes por Rosario Central e principalmente, Racing, ambos argentinos, Coudet terá no Galo o quarto clube na sua carreira, fora do seu país natal. Anteriormente, o treinador teve passagens por Tijuana – MEX, Celta de Vigo – ESP e Internacional.
Para conhecer um pouco mais sobre o novo comandante alvinegro, o portal Deus Me Dibre recorreu ao jornalista e especialista em futebol sul-americano, Lucho Silveira.

O jornalista começou falando sobre o trabalho de “Chacho” Coudet ainda no Rosario Central – ARG, primeiro clube na carreira do treinador:
Já acompanho o trabalho dele faz um bom tempo. Podemos recordar o duelo dele contra o Grêmio, na Libertadores da América, quando treinava o Rosario Central – ARG (oitavas de final de 2016 / o Rosario venceu ambas as partidas 3 x 0 (Argentina) e 1 x 0 em Porto Alegre). Aliás, para muitos, quem deveria ter sido o campeão daquela Libertadores era o Rosario Central. Era uma equipe com alguns jogadores experientes, é verdade, mas que em especial, potencializou os garotos. Podemos lembrar do Lo Celso (Villareal – ESP), Franco Cervi (Celta de Vigo – ESP), jogadores que passaram pelo Coudet.
Ainda sobre a época no Rosario, ele completou:
Trabalhava com uma defesa com jogadores fortes, uma equipe que tinha os primeiros 15 minutos “infartantes”, que marcava muito alto, pressionava bastante, tentava roubar a bola o mais perto possível da área do adversário para já liquidar a fatura. Atuava ainda com dois avantes bem potentes, como o Marco Rúben e o Larrondo; jogadores móveis, com certa habilidade, mas que tinha como principal característica o gol. O esquema preferido dele naquela época era um losango no meio, com um primeiro marcador na frente da área, dois meias mais abertos, um de cada ponta e um jogador mais centralizado que jogava mais próximo aos atacantes.

Após a passagem pelo Rosario, onde o clube da província de Santa Fé mostrou um grande futebol na Copa Libertadores (eliminado nas quartas de final pelo Atlético Nacional – COL, vencendo na Argentina por 1 x 0 e perdendo na Colômbia por 3 x 1), Coudet acabou fazendo as malas e desembarcando no México, para treinar o modesto Tijuana. Não obtendo bons resultados o técnico fez suas malas e voltou para o seu país natal, para trabalhar no Racing, clube que obteve mais sucesso.
Lucho Silveira falou sobre o assunto:
Ele sai para o México, para treinar o Tijuana, onde não obteve muito sucesso. Não era uma equipe de ponta, era uma outra proposta. Aí ele volta para a Argentina, para o Racing, um dos grandes do país. Aí, lá, ele ganha um grande título. Atuando com as mesmas características, o mesmo estilo de jogo. Marcação alta, forte. Pressionando muito a saída de bola adversária. O Lautaro Martínez (Inter de Milão – ITA), hoje na seleção argentina, ganhou muita força com a chegada do “Chacho” Coudet.

Após o grande trabalho no Racing – ARG, Coudet chega pela primeira vez no Brasil em 2020, para comandar o Internacional.
Para Lucho, uma troca importante na carreira do treinador, que conseguiu mostrar um outro lado, com um time um pouco menos ofensivo, mais equilibrado:
Aí ele sai campeão do Racing – ARG e chega ao Internacional. Um novo mercado para ele. Posso dizer que acredito que o “Chacho” tenha sido um dos treinadores mais inteligentes que passaram pelo Inter recentemente. O motivo? Ele entendeu o contexto. Ele chega de fora, esbarra com o Grêmio que vinha ganhando tudo, tinha uma pré-Libertadores pela frente e sabia que a vida dele seria curta no Brasil se ele fracassasse de cara. O que ele fez? Trouxe o Musto, jogador de confiança dele. Arma uma defesa com uma linha de 4 jogadores, onde o Musto volta para ser quase o 5º homem para proteger bem. Ele se fecha bem e consegue dessa maneira, mais fechado que na época do Racing e Rosário, sobreviver ao início no Brasil.
E completou…
Desta maneira ele vai avançando no Campeonato Gaúcho, na Copa do Brasil, no Brasileiro e na Libertadores, se preservando. Por vezes utilizando até o 3º zagueiro, para não perder. Era um momento diferente na sua carreira. Ele sabia que precisava confirmar que era um treinador de ponta, de elite, que poderia trabalhar em outros mercados que iria obter sucesso também. Ele se sai, na minha visão, muito bem. Quando ele sente que a coisa não tinha mais como evoluir, decolar, entregar mais, ele recebe uma proposta do futebol espanhol e vai embora.
Sobre a saída do Internacional, o jornalista disse:
Muita gente virou a cara, não gostou, “torceu o bigode”, aquela coisa toda, mas eu julgo que ele tenha tomado a atitude correta. Ele sentiu que não tinha mais da onde tirar e diz tchau.

Lucho ainda falou sobre o estilo do novo técnico atleticano:
Sobre o estilo dele: trabalha com uma primeira linha com 4 homens. No Rosario atuava no meio com um losango, mas no Inter já não foi assim. Ele gosta de jogadores que trabalham essa bola no meio campo. No ataque ele pode atuar com dois centroavantes, não há problema quanto a isso. Mas vale lembrar que ele gosta também de atacantes móveis. Não é um treinador que trabalha de uma forma só. Quanto ao temperamento, é um cara explosivo. Era assim como jogador, sangue quente, se envolveu em muitas confusões. Como treinador está conseguindo se controlar, mas é um cara que realmente tem o sangue quente, que vibra muito ao lado do campo. Tem um “estilão” muito próprio dele, que funciona e que conquista os jogadores.
E finalizou, dando sua opinião sobre a contratação atleticana:
Acredito que seja um baita nome para o Atlético, um baita nome. Acredito sim que ele fará um bom trabalho, pelo elenco que tem, pela torcida que tem e pela capacidade de mercado que tem. Acredito ter sido uma grande sacada do Galo.