COPO MEIO CHEIO NO ATLÉTICO

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

É natural desde os primórdios da imprensa que os erros da sociedade tenham maior holofote que os pontos positivos. Chacinas que encerram vidas ganham primeira capa, descoberta de novas vacinas para salvar vidas, nem sempre. É o que a plateia quer e só estudos específicos podem trazer resposta para tal comportamento.

Com a sequência de resultados negativos obtidos em campo, o Atlético tem sido personagem principal em enredos de um verdadeiro filme de terror. Eliminações doídas, erros de planejamento, demissões, decepções e desentendimentos entre torcida e clube. Porém, até as grandes guerras mundiais tiveram pontos positivos, como as invenções dos M&M’s, computador, internet, gps, nylon, panela de teflon, antibiótico, muito utilizado por esse hipocondríaco que vos escreve. Na guerra vivida em solo alvinegro, o que teria saído de positivo para o presente e futuro do Atlético?

Sem dúvida, a principal qualidade da atual gestão foram as diversas ocasiões em que o clube recebeu propostas por atletas do elenco. Além de vendas e empréstimos, a situação de Róger Guedes foi algo atípico no futebol e com final feliz para o Galo. Usando a cláusula que lhe dava direito a igualar qualquer proposta em até setenta e duas horas, Sette Câmara deixou o telefone no gancho e aguardou pela ligação de empresários e dirigentes que portavam malas de dinheiro Made in China. A janela do país asiático fecharia antes e a venda não seria concretizada, gerando prejuízo ao Palmeiras e Criciúma. Milhões de euros para a Sede de Lourdes por um jogador emprestado e continuidade na parceria com o Palmeiras, mesmo que pouco produtiva, desde então.

No empréstimo de Otero para o Al Wheda, milhões de euros que fizeram o Huachipato, clube chileno dono de parte dos direitos econômicos do jogador, arrancar os cabelos exigindo parte do valor ao alegar que se tratava de uma venda maquiada. Otero voltou para Minas um ano depois e ainda é um ativo do Atlético para negociações futuras. Destaque do futebol espanhol pelo Betis, o lateral Emerson viveu poucos meses na Cidade do Galo antes de render boas cifras e fazer as malas para a Europa. Bremer, Alerrandro, Chará e Cleiton engrossam a lista de vendas, decisão muitas vezes pouco popular, mas necessária para clubes brasileiros que se preocupam como nunca com as regras rígidas do Profut. Contas em dia!

Os valores contribuíram para acerto de alguns dos débitos antigos na FIFA, outro tema que causa calafrios nos dirigentes brasileiros diante da possibilidade de severas punições. Dinheiro gasto também na ampliação da Cidade do Galo com novos campos e vestiários construídos para as categorias de base e futebol feminino. Estrutura que enche os olhos dos responsáveis pela logística de clubes e seleções no país e no exterior.

Com tamanho potencial em mãos, era hora de uma verdadeira reformulação nas categorias de base, prometida ainda na coletiva de posse do presidente Sérgio Sette Câmara. Com a chegada do diretor de futebol Rui Costa, Júnior Chávare foi chamado para começar um novo departamento de formação da estaca zero. Além da criação do time de transição, a equipe sub-20 foi praticamente toda reformulada com a saída de diversos atletas. Mesmo que seja apenas uma mudinha plantada, era preciso dar o primeiro passo para colher frutos no futuro.

Por fim, demos seguimento ao projeto da Arena MRV, concluindo etapas e deixando o sonho cada vez mais palpável. A ansiedade do torcedor gerava o temor de que a ideia ficasse estagnada e se perdesse com o tempo, mesmo com a venda de parte do shopping Diamond Mall. Diante da contagem regressiva para o início das obras, o Atleticano olha para o futuro com esperança e na torcida para que o clube erre cada vez menos e a bola passe a entrar na casinha. Um Galo forte e vingador é o que queremos ainda em 2020.

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