Cuca admite desempenho ruim, cita problema como “mandante” e projeta reação na sequência

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O Atlético foi derrotado pelo Cruzeiro por 2 a 0, na Arena MRV, no primeiro jogo das quartas de final da Copa do Brasil. Após o clássico, o técnico Cuca reconheceu as falhas de sua equipe, avaliou as escolhas feitas durante a partida e projetou uma resposta no duelo de volta, no Mineirão.

Logo no início da coletiva, o treinador explicou a opção pela saída de Gustavo Scarpa no segundo tempo e emendou com a análise da partida, em que surpreendeu escalando Dudu como titular:

“Começar pelo fim: o Scarpa saiu porque nós pusemos um armador no lugar dele que tem mais chegada na área. Ele tava muito fora da área e a gente precisava de uma companhia mais perto do Hulk. Foi assim. Saiu um armador e entrou um ponta de lança. Se tivesse tão bem, não teria saído. O jogo, eu penso que o primeiro tempo foi muito bom, criamos oportunidades pra fazer o gol e pecamos na finalização, jogo intenso, corrido, lá e cá. Tivemos mais posse de bola e finalizações, mas não fomos efetivos e não fizemos o gol. Cruzeiro numa bola despretensiosa, um gol atípico, um golaço e muda todo o jogo, contexto vira outro.”

O técnico também chamou a atenção para o retrospecto recente em jogos eliminatórios dentro da Arena MRV, onde o Galo não consegue manter bons desempenhos além dos resultados negativos:

“Em cinco jogos são quatro derrotas em casa, se a gente colocar o jogo do Grêmio. O que acontecia no passado, ao contrário, hoje a gente está muito atrás nisso. Não tem como explicar o que está acontecendo. Tem que trabalhar pra buscar soluções. Mais uma vez tomamos um gol na bola parada, igual contra o Grêmio. E não é por falta de treinamento.”

Cuca admitiu preocupação com o desempenho coletivo, abaixo das expectativas:

“A gente tem que ser realista, não estamos jogando o que podemos. Pode jogar mais. Tem jogador importante que pode jogar. Não estamos tirando a essência de cada um. Não é por falta de trabalho ou dedicação. Simplesmente não está acontecendo.”

Em relação às mudanças feitas durante o jogo, o treinador explicou suas decisões:

“Infelizmente, a gente não conseguiu vencer. As coisas poderiam ter saído melhor. Depois a gente tem que abrir o time, eu arrisco, tiro o Franco pra ter mais armação. O Dudu deu uma cansada, Cuello também. Depois a equipe deu uma bagunçada, o que acontece. A gente põe o zagueiro na área pra tentar na jogada aérea ter uma oportunidade melhor, mas o jogo já tinha fugido do nosso controle.”

Mesmo reconhecendo o momento difícil do time, Cuca destacou que ainda acredita em uma virada no confronto:

“Tem que acreditar, tudo é possível. Da mesma forma que se perdeu aqui, pode ir no jogo da volta e fazer o placar. É muito difícil, o Cruzeiro vive um grande momento, as coisas estão dando tudo certo pra eles. É melhor momento que o nosso. Já tem uma equipe encaixada, um sistema, ganhou tempo em relação a nós por não estar em tantas competições, não ter um desgaste, ainda que a gente tenha poupado o time, não foi o suficiente.”

O treinador também reconheceu a força da torcida rival no clássico e assumiu, a princípio, a responsabilidade pelo resultado negativo:

“Muito difícil hoje falar algo positivo pro torcedor, em cima de uma derrota no clássico. A festa que eles fizeram hoje foi absurda. Ontem também. Não tenho queixa do torcedor. Mas não andou, infelizmente o resultado não veio e a gente tem que administrar. Sem achar culpado. O culpado maior é o treinador.”

Ao analisar a diferença entre os tempos, Cuca destacou o impacto do primeiro gol cruzeirense, dizendo que: “O primeiro gol destoa todo o jogo. O adversário fica mais à vontade, você tem que se expor mais. Eu não vi grandes buracos, é natural.”

Questionado sobre os problemas enfrentados pela equipe, o técnico afirmou que testou alternativas, mas que elas ainda não surtiram o efeito esperado.

“Taticamente, o que a gente tenta? Hoje eu tentei com uma dupla de ataque, o Cuello e o Hulk, a gente estava bem. Depois passamos o Cuello pra fora, com o Scarpa fazendo o meia. Depois colocamos dois meias com Igor e Reinier. Tudo que taticamente a gente pode mexer, foi mexido. Às vezes melhora, às vezes piora. Se continuássemos com o time do jeito que tava, eu não sentia que estávamos criando pra empatar. Ainda não foi o suficiente, o time pode jogar mais sim.”

O treinador ressaltou a importância da sequência, incluindo a pausa no calendário, para buscar evolução. “Falta o jogo do Vitória, depois uma parada boa de 11 dias, pra treinar e recuperar jogadores. Tudo é possível no futebol.” Vale ressaltar que a pausa se deve pelas datas FIFA.

Sobre cobranças em relação a uma melhora mais rápida, Cuca foi direto ao dizer que não trabalha com um prazo específico para apresentar uma melhora da equipe:

“Eu não tenho um prazo. Faço o meu melhor. Tudo que eu consigo, eu ponho em prática. Não tenho prazo e nem certeza que vão melhorar. Eu tenho vontade de trabalhar e fazer com que as coisas melhorem.”

Ele também comentou sobre o sentimento dos atletas após mais um revés, quando questionado sobre o incômodo de ver seu time perdendo pro maior rival em casa, e saiu em defesa dos atletas: “É o perfil de cada um. Cada um sofre de um jeito. Tem jogador que se rebelia, tem outros que não. A gente tem que respeitar isso, mas eles estão bastante abatidos. Não é o suficiente, mas dignidade eles têm, pode ter certeza.”

Por fim, Cuca reconheceu que alguns jogadores estão abaixo do nível esperado, preferindo não citar nomes e se colocando como o responsável para achar soluções:

“Hoje tiveram peças que não renderam o que podem. A gente não precisa nominar, mas eles jogam muito mais do que jogaram. E cabe ao treinador tirar o máximo de cada um deles, eu tenho que melhorar nesse aspecto pra tirar o máximo de cada um deles.”

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