
FOTO: INSTAGRAM / RAFAEL MIRANDA (@rafaelmiranda5)
Enfim o grito ecoou no Mineirão. Após a vitória de 2 x 1 sobre o Fluminense, a torcida atleticana não segurou mais e cantou a plenos pulmões “É Campeão!”.
Mesmo ainda faltando 2 pontos a serem conquistados, ou perdidos pelo segundo colocado, Flamengo, a emoção tomou conta do “Gigante da Pampulha” após o apito final do árbitro Marielson Alves Filho, fazendo com que jogadores, torcedores e membros da comissão técnica do clube fizessem uma linda festa.

Foto: Bruno Sousa / Atlético
Para falar sobre esse momento marcante na história alvinegra, o portal Deus Me Dibre conversou com o ex-jogador e torcedor declarado do Galo, Rafael Miranda. A reportagem foi dividida em 2 partes. Nesta primeira, o volante que ficou marcado por ser um dos nomes da volta atleticana para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, comentou principalmente, sobre a emoção vivida agora nas arquibancadas.
Sobre o momento que o clube vive, em comparação a quando subiu para o profissional, no início dos anos 2000, Rafael falou:
Quando eu estou na rua o que mais escuto é: “você pegou um momento muito difícil, financeiramente muito diferente”. Mas, por outro lado, e se fosse este momento de agora? Será que eu jogaria? Se a gente pegar o elenco do Galo hoje, que é convocado para as partidas, dos 23 jogadores, temos poucos da base. O Nathan que é formado aqui e voltou de empréstimo. O Neto e o Savinho têm tido poucas oportunidades. O Calebe, que chegou no Atlético em seu último ano de Sub-20, vindo do São Paulo. Então será que eu teria a chance, que eles não estão tendo hoje? Pra mim, pessoalmente, quando subi para o profissional era um ano difícil, outra realidade do clube. Mas acho que foi um momento importante também, onde pude dar minha parcela de contribuição ao lado dos jogadores que estiveram lá comigo.
Quando questionado sobre como foi essa virada, deixando de ser jogador e voltando a ser torcedor, e da maneira que se porta nas arquibancadas, o ex-volante falou:
As vezes eu me pego olhando as reações dos torcedores que estão ali do meu lado. Até porque, na maioria das vezes, vou de arquibancada e estou ali, junto da galera. O que posso dizer é que o acontece ali é uma coisa muito passional, do sentimento mesmo do torcedor.
Quando assisto aos jogos em casa, sozinho, minha esposa mesmo fala, que xingo mais. Ela até brinca comigo “É, você fica aí xingando jogador, mas na sua época você ficava bravo né?”. Aí respondo pra ela, que fico bravo e só preciso desabafar. Mas quando estou no Mineirão, pode até ser que em alguma jogada saia algum xingamento, mas vaiar jogador, eu nunca vaiei. Não acho legal e dentro de campo eu sei que o jogador sente. Por isso que eu digo, o jogador precisa ser mentalmente muito forte.
Rafael também comentou sobre o sentimento que tem tido de poder estar vivenciando este grande momento atleticano com seu filho, nas arquibancadas do Mineirão, além de comentar a fotografia tirada deles no estádio:

Rafael Miranda ao lado do filho no Mineirão – Foto: Domênico Bhering
Meu filho não larga futebol. Hoje ele tem 5 anos, mas desde quando aposentei e quis tirar um ano sabático, ele só queria assistir futebol. Não sei se é genético, mas ele gosta de futebol desde muito novo. Então, ele sempre acompanhou e naturalmente é Galo, até por que não tem outra opção.
No jogo contra o Corinthians a foto (acima) repercutiu muito e que por acaso foi o Domênico (Bhering – ex-diretor de comunicação do Atlético) quem tirou, créditos a ele. Para ser sincero, eu nem vi quando foi tirada, só me falaram da repercussão que estava tendo. Eu depois até postei e toda vez que eu vejo aquela foto, eu me emociono demais, é uma coisa muito louca. Eu me vejo ali, há trinta e poucos anos atrás, naquela mesma posição com meu pai, que começou a me levar para os jogos quando eu mal sabia conversar.
Poder passar esta herança pro filho é uma sensação única. Na postagem que fiz, eu até escrevi “Só quem é pai e torce pro Galo entenderia o meu sentimento naquela foto”. Poder estar ali, mostrando tudo para o meu filho, falando que eu já representei o Galo e olhar na cara dele e ver um olhar parado, perplexo, sem muitas reações, me emocionou muito. Foi um dos dias mais legais da minha vida, para ser bem honesto.