
Já é de conhecimento público a bipolaridade atleticana e essa capacidade de ir do céu ao inferno em questão de minutos é motivo de piada até mesmo entre nós, alvinegros. É engraçado como experimentamos os extremos com facilidade e, durante os 90 minutos, somos capazes de transformar heróis em vilões, perebas em craques e vice-versa. É um transtorno hereditário, não tem jeito de fugir. Claro que comigo não poderia ser diferente.
Tanto que ao término do primeiro tempo do jogo contra o xará paranaense, tomado pelo espírito de Reinaldo Antônio do Bairro das Indústrias, minha vontade era de trucidar os jogadores do Galo. “Pegar, render e matar”, exatamente nessa ordem, conforme orientação do sábio profeta. Os primeiros 45 minutos na Arena da Baixada foram de tristeza e ranger de dentes. Pra piorar, quando chamaram o show de horrores do intervalo, lembrei do Sette Câmara falando que havíamos jogado a sul-americana no lixo para priorizar o Brasileirão e a Copa do Brasil. Nesse exato momento a Chapecoense vencia o Flamengo, na Arena Condá. Pensei: jogando desse jeito? Fodeu, irmãozinho. Fodeu no Brasileiro e na Copa do Brasil. Ah, presidente lazarento… eu vou gritar o seu nome sim, mas é pro diabo que te carregue!
Aí veio o segundo tempo e o time voltou outro. Fomos pra cima, amassamos o Atlético do Paraguai, finalizamos um caminhão de vezes e logo o empate saiu. A virada era questão de tempo e quando ela finalmente veio, eu já estava perguntando qual time era melhor: esse do Thiago Larghi com Blanco, Roger Guedes e Ricardo Oliveira ou o Galo do Cuca com Ronaldinho, Tardelli e tudo mais. Foda-se o primeiro tempo, foda-se o presidente, foda-se minha bipolaridade: eu já estava era com dó da Chapecoense.
Fim de jogo, 2×1 no placar e três pontos na sacola de volta pra casa. Seguimos firmes no campeonato, do jeito que a cartilha manda: somando pontos fora de casa e vencendo no Horto. Dá pra acreditar? Essa matemática definiu os últimos campeões da competição e eu até larguei pra lá aquele negócio de “faltam tantos pontos pra não ser rebaixado”. Culpa desse Galo do segundo tempo aí. Não fosse o vacilo do Roger Guedes contra o Vasco e a cagada do Patric no Morumbi contra o São Paulo… imagina? Seriam quatro pontos a mais e a liderança isolada do Brasileirão. Ê Galo…
Mas aqui, não vou ficar chorando o leite derramado não, viu. Até porque teremos outras chances de tomar a liderança nas próximas rodadas. Daqui até a parada para a Copa do Mundo serão mais sete jogos, sendo seis em casa: crüzeiro, Flamengo, Chapecoense, América, Fluminense e Ceará. Fazer o dever de casa será fundamental.
Antes disso, teremos o jogo decisivo contra a Chape, pela Copa do Brasil. Largui já disse que o time principal vai com tudo pra cima dos catarinenses, mas a grande questão é: qual dos dois Galos que vimos no último domingo entrará em campo? O do primeiro tempo ou o do segundo tempo? Com a resposta, os jogadores. Só depende deles.
#VamoGalo
Foto: Bruno Cantini / Atlético