
Se tem uma coisa certa nessa vida é que do coração o atleticano não morre. Pode apostar. Morreremos de cirrose, febre amarela, coice de mula ou picada de marimbondo. Mas do coração, não. Meu pai mesmo, com seus sete infartos, tá lá comendo torresmo, tomando a sua gelada e fazendo esforço como se tivesse 20 anos. Tá é certo, afinal, quem sobreviveu a tantos jogos do Galo não morre por qualquer bobagem.
Contra o Ceará, lanterninha do campeonato e agora detentor do recorde nacional de rodadas sem vitória no Brasileirão, o Galo fez questão de testar novamente o coração do meu velho e de mais de 7 milhões de atleticanos espalhados nesse mundão de Deus. Parece que é tudo combinado antes no vestiário, mano. Não tem condição.
O gol perdido por Blanco e a bola na trave que Samuel Xavier meteu ainda no primeiro tempo eram um sinal de que a noite seria sofrida e isso se confirmou quando os cearenses abriram o placar aos 30 minutos do segundo tempo, com gol de Naldo. Nessa hora eu já não sabia se queria whisky, água de côco ou coquetel molotov pra tacar no ônibus do Galo na saída do Indepa e ver aquele balaio lindo pegando fogo com todos os jogadores lá dentro.
Ainda bem que não demorou para Roger Guedes, sempre ele, igualar o placar e salvar a nossa pele mais uma vez. A dúvida agora era se a gente comemorava ou ficava triste com o empate que havíamos acabado de conseguir. Putamerda… empatar com o Ceará em casa é mais triste que dia dos namorados solteiro e meu amigo Fael sabe bem do que tô falando. Empate não prestava. Empate era vexame e todo mundo sabia disso.
O tempo foi passando e já tinha nego dizendo pra olhar o lado positivo – positivo como, mano? – afinal de contas esse empatezinho era melhor que derrota, que injeção não dói e que suco de soja era gostoso. Foi quando Ricardo Oliveira tabelou com Luan na entrada da área, já nos acréscimos, e o maluco foi pra dentro no melhor estilo Galo Doido, estufando as redes e decretando que empate era o caralho. Suco de soja aqui não, filhão! Aqui é Galo! E o estádio foi à loucura. Vitória tranquila deve ser até legal, mas desse jeito é muito melhor. Ê Galo… como é bom viver essa montanha russa! Como é bom sentir o coração pulsando de alegria e alívio, tudo ao mesmo tempo.
Agora é parada para a Copa do Mundo e algumas dúvidas vão infernizar nossos dias daqui pra frente. Roger Guedes fica? Esse gringo novo vai engrenar? Vai chegar mais alguém? Infelizmente eu não tenho resposta pra nenhuma dessas perguntas. A única coisa que eu sei é que do coração o atleticano não morre. Nem fodendo.
#GaloSempre
Foto: Bruno Cantini / Atlético