“Era Sampaoli” começa corrigindo erros no Atlético

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Dia desses, um grupo de amigos começou uma longa discussão sobre erros em contratações nas últimas temporadas. Alguém citou “o Felipe Santana do Borussia” e eu só não pedi mais uma dose para o garçom, pois os bares de Belo Horizonte estão fechados. O “Felipe Santana do Borussia” poderia ser o nome de uma tese de mestrado para justificar os péssimos resultados obtidos pelo Atlético nos últimos anos. O zagueiro chegou na equipe alemã em 2008 e o torcedor mineiro usava a passagem para justificar a contratação em 2017.

Tudo bem, não há nada de mal em diferentes opiniões na arquibancada. Somos apaixonados e não temos acesso às plataformas que monitoram o desempenho de milhares de atletas. O que me preocupa é o comportamento do clube ser o mesmo do torcedor. Considerando que se trata de uma empresa que gira centenas de milhões de reais anualmente, o que se espera é que ela trabalhe com os melhores em cada setor. Podemos subir a hashtag #DançaVina esperando que o meia marque em clássicos e provoque o adversário, mas quem o contrata precisa ter todo o raio-x do jogador em mãos, inclusive o extracampo. Nesse caso, o Galo dançou.

Em entrevistas recentes, Sette Câmara concordou que a avaliação do clube precisava errar menos, o que é um avanço. Detectar o erro é o primeiro passo para corrigi-lo. No futebol, profissional bom erra pouco, se destaca nas avaliações, percebe rápido quem agrega e, quando necessário, não demora a tomar decisões cruciais. Em poucas horas de trabalho com Sampaoli e Mattos, o treinador de goleiros foi substituído, o observador técnico e o analista de mercado também.

Muitos dos grandes erros de Sette Câmara poderiam ser evitados com um mínimo de experiência no posto. Aconteceu também no início da era Kalil, ou você não se lembra de Júnior Carioca, Trípodi, Lopes, Elder Granja, Alex Bruno, Saci, Rentería, Pedro Oldoni, Jorge Luíz, Benítez, entre outros, apenas na primeira temporada? Não precisava ser o Florentino Pérez ou Pep Guardiola para questionar cinco anos de contrato para José Welison, Edinho, Terans e Denilson. Alguém com um mínimo de conhecimento em administração no futebol teria questionado o grande problema que o clube teria em breve com rescisões ou empréstimos para aliviar o prejuízo.

Dudamel não abriu mão de Zé Welison no meio e Di Santo no ataque. Mesmo sem subir um degrau na evolução do time em dois meses de trabalho, seguia com as mesmas “convicciones” de Rui Costa. Após a quarentena com VT’s e meia dúzia de ligações para Alexandre Mattos, Sampaoli percebeu que não poderia contar com Ricardo Oliveira, Edinho, Zé Welison, Di Santo, Martínez e Hernández. Análise rápida, decisão necessária, sem estender o erro por motivo ‘X’ ou ‘Y’. É entender que manter o discurso de Rui Costa e colocar o elenco em uma prateleira que ele não está gera eliminações vexatórias, caixa vazio e ausência de taças.

Quem observou Maicon antes de contratá-lo por um alto valor em moeda estrangeira? Quem banca o prejuízo de Hernández e Martínez meses após um grande investimento? É preciso aprender, ter autocrítica, mas não podemos ficar estagnados sem tomar as decisões necessárias.

O meu desejo, talvez com uma grande pitada de fé como torcedor, é que nosso percentual de erros diminua de agora em diante. Pela experiência maior do presidente, pelo currículo de Sampaoli, pela história do campeão Alexandre Mattos. Apesar do discurso de “anos arrumando a casa”, ela continuava uma bagunça e o primeiro passo efetivo para a arrumação pode ser dado agora. Após a eliminação para o Afogados, pela Copa do Brasil, prometi não me iludir mais e não pretendo cumprir essa promessa. Pra cima deles, Galo.

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