“Férias forçadas” no futebol: Galo prejudicado ou beneficiado?

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

A paralisação do futebol brasileiro foi um balde de água fria na expectativa criada pelo atleticano após a contratação de Jorge Sampaoli. O treinador argentino não comandou a equipe no clássico contra o Cruzeiro e teve apenas uma partida do estadual para conhecer o time alvinegro. Como o jogo aconteceu no Alçapão do Bonfim e sem torcida, ainda não houve um contato direto entre a Massa e Sampaoli.

Durante uma transmissão ao vivo pela TV Galo, Alexandre Mattos disse que era necessária a paralisação nos campeonatos, mas lamentou o fato dela acontecer logo após a contratação de Sampaoli. Apesar de não possuir 0,01% da experiência do vitorioso Mattos no assunto, peço permissão ao diretor para discordar e apresentar motivos para comemorar a pausa, apesar do reflexo negativo nas finanças da instituição.

Apesar de termos visto pouco mais de dois meses no calendário do futebol nacional até o momento, o Atlético viveu emoções extremas, positivas e negativas. Deixando de lado o comportamento do torcedor e focando nos atletas, o grupo vinha de uma pré-temporada com a chegada de bons reforços no elenco e expectativa de protagonismo nas competições que disputaria. O período de convívio com Dudamel não foi dos melhores, os resultados tampouco, duas eliminações vexatórias, relação conturbada com a arquibancada e confiança na estaca zero.

Além de ter que implantar a ideia de um novo modelo de jogo, sem pré-temporada, o treinador lutaria contra um desapontamento coletivo com o desempenho entregue nas primeiras semanas. Após o período de férias, caso o futebol retorne, o elenco pode mostrar que a paralisação era a terapia ideal para digerir tudo o que aconteceu, levantar a cabeça e voltar com a sensação de nova chance. Nem sempre a rotina de treino, viagem, concentração e desgaste diário no ambiente de trabalho permite essa organização de emoções internamente.

Com dois jogos para cumprir na primeira fase do Mineiro, o conhecimento das peças que Sampaoli tem em mãos viria no mata-mata. O torcedor poderia amenizar uma eliminação antes da final diante do início do trabalho, mas cogito sempre o comportamento de terra arrasada causado pelo sentimento ruim com a terceira frustração em três meses. O ideal é começar a disputa do Brasileiro com total sintonia entre torcida e time, estádio cheio e deixando o período de protestos para trás.

A maior herança a longo prazo será a possibilidade de administrar um elenco inchado e desequilibrado. Mesmo que o técnico assistisse a vídeos editados pelo departamento de análise de desempenho e comandasse alguns treinos e jogos, detectar quem não se encaixa na proposta de jogo do gringo, encontrar destino para todos eles, criar a lista de possíveis reforços e apresenta-los na Cidade do Galo levaria tempo. Talvez algumas (cruciais) rodadas do Brasileiro.

Alexandre Mattos afirmou que tem assistido aos jogos do Atlético nos últimos meses. O “lazer” com certeza gerou dor de cabeça por perceber que o telefone não vai parar de tocar, caso Sampaoli tenha a mesma distração nas horas vagas. “Mattos, esse hermano, Zé Welison, yo creo que” … Trocamos o pneu com o carro andando, mudamos treinador, diretor, preparador de goleiros, auxiliar técnico, analista de desempenho e até os seguranças. Era hora de a poeira abaixar e decidir até onde iria essa reformulação no departamento de futebol.

Ao ser apresentado na Cidade do Galo, Jorge Sampaoli afirmou que alguns clubes largariam na frente no Brasileiro por já possuírem uma ideia de jogo e apresentarem evolução nas primeiras semanas do ano. O safety car entrou na pista, alinhou todo mundo e deixou o Atlético em situação de igualdade com os concorrentes. Hora de aproveitar!

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