FINANÇAS DO GALO – OS NÚMEROS PREOCUPAM

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

O placar da primeira partida da final do Campeonato Mineiro 2019 não me preocupou tanto quanto o balanço patrimonial apresentado ao Conselho Deliberativo do Atlético. Claro que os balanços de anos anteriores nunca empolgaram o atleticano, mas o crescimento da dívida do clube e queda de faturamento em diversas áreas, aliada aos últimos resultados dentro das quatro linhas, nos faz questionar uma das últimas frases de Alexandre Kalil como presidente – “É um caminho sem volta”.

Na arrecadação com venda de ingressos, o balanço de 2017, divulgado em 2018, mostrava a expressiva queda de R$ 11 milhões de reais em relação ao ano anterior. Em 2016, faturamos R$ 28,5 milhões; apenas R$ 16,8 milhões em 2017 e assustadores R$ 8,1 milhões em 2018. São vinte milhões a menos no caixa alvinegro no curto intervalo de dois anos, apenas em bilheteria. Caso confirme a construção da Arena MRV no futuro, a relação com a LuArenas, no Independência, não deixará saudades, já que, mais uma vez, não houve vantagem para o Galo no balanço apresentado.

Em breve, o Galo Na Veia, programa de sócios do clube, passará por uma grande reformulação. Avaliar a queda de receita no programa de maneira supérflua, apenas como um desgaste natural pelos anos, é enterrar o novo formato antes mesmo de nascer. O Atlético precisa, com urgência, repensar a maneira como conduz a venda de bilhetes e como se relaciona com o torcedor. Contar com a bola na casinha, pelo andar da carruagem, é um suicídio financeiro para a próxima década.

Com seguidas eliminações precoces, sem grandes partidas decisivas, quando os ingressos são mais valorizados, veremos menos grana no caixa, montaremos times menos competitivos e nos contentaremos com premiações insignificantes em competições que anunciam cifras cada vez maiores. A provável eliminação na fase de grupos da Libertadores 2019 mostra que a bola de neve corre com força total e o segundo semestre de 2019 parece não ter forças para interrompe-la.

Em 2009, ficamos um ano sem estampar qualquer marca no manto alvinegro até encontrarmos quem pagasse o que valia de fato os principais espaços na camisa de um grande clube brasileiro. Assinamos com diversas empresas, desde então, e passamos por diferentes experiências, positivas e negativas, como a parceria com a Dry World e Topper. Prejuízos levados para os tribunais, frutos de uma instituição de namorou cheques sem analisar a estrutura de quem assinava os contratos.

Além do momento instável na economia no país, o desempenho péssimo nas temporadas levou o Galo de destaque internacional, após finais de Libertadores, Copa do Brasil e disputa do Mundial, a notinhas informando o placar no encerramento de programas esportivos. Meio de tabela, primeira fase de Sul-America e Copa do Brasil não são prioridades. Resultado? Queda na receita de patrocínios/marketing. É preciso poluir a camisa com mais marcas para faturar menos. Não é teoria, está documentado.

Para não dizer que não falei das flores, praticamente dobramos o valor arrecadado com transferências. Bremer e Otero, aquisições de outras administrações, foram negociados, oxigenando o caixa, porém, a grande jogada no tabuleiro de xadrez foi Róger Guedes. Sette Câmara usou o direito de esperar, previsto em contrato, para oficializar uma contraproposta. A minutos do encerramento da janela chinesa, faturamos mais do que o esperado, o que evitou um rombo maior do que o déficit de vinte e um milhões de reais em 2018. Essa noite, peça a Deus para abençoar a vida do Róger.

Vivemos 365 dias angustiantes na Cidade do Galo em 2018, diminuindo a tristeza de derrotas e eliminações com o pensamento de que era preciso arrumara a casa para o futuro. Se não mudarmos a forma como conduzimos o futebol e a marca ATLÉTICO, nem mesmo a Arena MRV nos salvará. Não me assustaria se o estádio também se tornasse uma dor de cabeça financeira, caso os administradores não mudem a maneira como encaram o futuro da instituição.

Adiantamento de cotas, empréstimos com instituições financeiras, débito maior com outros clubes e credores diversos, queda de faturamento com bilheteria e programa de sócios morrendo TV nos dão a impressão de que a casa não esteja passando por uma limpeza. Só trocaram o cara que segura a chave.

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