Funcionários demitidos pelo Atlético cobram acerto e lamentam atraso

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FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Cerca de 250 pessoas foram demitidas pelo Atlético, desde a paralisação das competições, em março. Du, massagista no Galo há 36 anos, Kalilzinho, preparador físico, e Andreia, responsável pelos mascotinhos, são alguns dos rostos mais conhecidos. Porém, a grande maioria dos nomes presentes na extensa lista de demissões nunca foi citado em matérias, nem faz parte da linha de frente de profissionais que trabalham nas partidas do futebol profissional.

Muitos viram o fim do sonho de trabalhar no clube do coração terminar de forma repentina e lamentam pela comunicação da instituição com os ex-funcionários após as demissões. Demitido em maio, um ex-funcionário conversou com o Deus Me Dibre para reclamar de atrasos em valores a serem recebidos após o fim do vínculo. Com o desejo de um dia voltar a trabalhar no clube social, onde exerceu a profissão nos últimos anos, ele pediu que não tivesse o nome revelado.

Segundo o denunciante, o processo de quarentena teve início em março e se estendeu pelo mês de abril. De casa, assistiu às notícias com desligamentos diários no Atlético. Em maio, após pequeno atraso no pagamento mensal, todos teriam sido convocados para assinar a redução do salário, com parte dos valores sendo substituída pelo auxílio do governo durante a pandemia da Covid-19. Dias após a assinatura, ele afirma que, aproximadamente, quarenta pessoas, de diversas funções, foram surpreendidas com o anúncio da demissão.

A dificuldade do clube em conseguir arcar com os compromissos, mesmo com a redução salarial, teria sido o principal motivo alegado pelos responsáveis do clube social. O ex-funcionário afirma que todos os demitidos teriam sido informados que o acerto dos direitos trabalhistas e demais valores aconteceria no dia 12 de junho. Porém, na sexta-feira (12), ao chegarem no local pré-determinado, não havia ninguém para recebê-los. Em nova tentativa de contato, dessa vez na segunda-feira (15), nova frustração por não conseguir resposta sobre uma possível data para acerto. Um dos funcionários demitidos afirmou que o FGTS estaria atrasado há nove meses.

Em um grupo de Whatsapp, criado para troca de informações sobre a demissão em massa, diversas pessoas afirmaram que conseguiram receber nesta terça-feira (16), enquanto outras aguardam pelo pagamento.

Com a paralisação das competições, o Galo tem se destacado nas manchetes esportivas pelas contratações que envolvem altos valores. Léo Sena, Alan Franco, Bueno e Marrony custarão ao Galo algo em torno de R$ 38,5 milhões. Em entrevista ao programa Os Donos da Bola, da TV Band Minas, Sérgio Sette Câmara afirmou que o Atlético trabalha com “três dinheiros” e que o investimento feito nas contratações não influenciaria no atraso de pagamentos, entre outras dificuldades financeiras vividas pelo clube.

“Temos três dinheiros, e é bom que o torcedor entenda isso de forma bem clara. Um dinheiro é o do estádio, que o Atlético não põe um centavo lá dentro, nem esse dinheiro é utilizado para o Atlético no dia a dia. O dinheiro reservado para o estádio, como diria um ex-ministro nosso, é “imexível”. O segundo dinheiro é o que vem dos nossos apoiadores, investidores. Eles não estão dispostos a sair pagando dívida passada, nem salários. Eles estão dispostos a ajudar em reforços para o time. É uma questão de escolha. Ou faz investimento em contratação, ou então não tem dinheiro. O terceiro dinheiro é o que o clube arrecada, com sócio torcedor, Globo (direitos de transmissão), venda de camisa, venda de jogador. É com esse que a gente paga o dia a dia do clube, atletas, funcionários. Estamos fazendo um trabalho duro em cima do fluxo de caixa. Para esse terceiro ponto, infelizmente tivemos que fazer cortes”, disse o presidente.

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