LE COQ E GALO – PARA COMEMORAR E COBRAR

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IMAGEM: DIVULGAÇÃO LE COQ

Sempre que via o galo da marca Le Coq Sportif em produtos desportivos, imaginava como seria fantástico a empresa assinando o manto alvinegro do Atlético. Porém, considerava impossível, pelo fato de a empresa não trabalhar com nenhum clube brasileiro; e é por isso que eu não sou diretor de planejamento e marketing do Galo ou da Le Coq. Ao trabalhar em um clube ou empresa gigante, é preciso sempre buscar o inalcançável, o impossível se torna possível para quem planeja e faz.

Certamente, as primeiras horas após o anúncio oficial do clube impressionaram os franceses. O número de seguidores no Twitter disparou, as postagens do Instagram relacionadas à parceria chegam a ter dez vezes mais curtidas que imagens anteriores e até no falecido Facebook houve crescimento no número de curtidas da página.

Existem três análises na parceria – A poetizada, por vermos a empresa com um galo assinando a camisa do Galo, abrindo mil e uma possibilidades para uso da marca em postagens, imagens e ações de marketing. O lado institucional envolvendo valores e entrega de material para atletas e lojistas e o terceiro ponto, o torcedor que vai passar o cartão de crédito freneticamente sem pensar na fatura do mês seguinte para adquirir a camisa.

Confesso que nunca vi o anúncio do fornecedor de material esportivo sem a velha choradeira por não ter sido Adidas ou Nike. Milhões de atleticanos abraçaram instantaneamente a Le Coq, rolou química natural, como em uma fila de cinema onde a outra pessoa tem o mesmo gosto que o seu. “Olha, você curte galos? Nós também”! Paraíso nos primeiros dias da relação.

A outra análise deve ser fria, sem a empolgação da arquibancada, buscando o bem da instituição em diversas áreas. Cifras na conta do clube de forma integral, como consta no contrato, sem onerar o Atlético, como fez a Dry World, atletas do profissional, base, equipe feminina treinando sem improvisos, remendos ou ansiedade pela dúvida se o uniforme de jogo chega a tempo da partida, como aconteceu com empresas que passaram por aqui nos últimos anos. Lojistas, seja das Lojas do Galo ou não, recebendo o material, de preferência dentro do prazo, com estoque para datas comerciais e sem prejuízos ao ver outras lojas vendendo para o cliente por valores abaixo do que pagaram, como aconteceu com a Puma.

E nós, torcedores, adquirindo material com qualidade equivalente ao valor pago. O material das camisas lançadas nos últimos anos vem caindo de qualidade e o de 2018, assinado pela Topper, foi ridículo. O absurdo de pagar quase trezentos reais por uma camisa que você não sabe se poderá usar dez vezes é pouco abordado. Não falo exclusivamente do Atlético, a prática é comum em todo o país. Abusam da paixão do torcedor com preços altíssimos e entregam um produto ruim. Por diversas vezes já tentei personalizar camisa em lojas do clube e não consegui por não ter letra, algo básico. Em 2013, ano da conquista da Libertadores, era depressivo chegar na principal loja do Atlético e encontrar duas araras com camisas tamanho 5G e mais nada.

Alexandre Kalil dizia que perua é quem se importa com marca, enquanto isso a Lupo não conseguia sequer manter padrão de listras, atender o clube e o torcedor. Daniel Nepomuceno ficou hipnotizado pelos valores do cheque da Dry World e não escutou na reunião que eles não tinham a mínima noção do que estavam fazendo.

Temos todo o direito de nos empolgar ao vermos uma marca tradicional em parceria com o Atlético. Existe uma lenda que Adidas, Nike, Puma etc. levam a marca do clube para outros países. Mentira! Vira canto de página em catálogo abandonado por lá. Com a Le Coq foi diferente, já rolou o escudo alvinegro fechando uma página inteira do Instagram para comunicar aos franceses e demais seguidores pelo mundo: “Fechamos com os alvinegros que deram um sapeca em muito clube aqui da Europa”. Não foi assim o anúncio, mas poderia ser.

Passada a festa após a assinatura do contrato, que os setores responsáveis do Atlético tenham se precavido quanto à possíveis dores de cabeça e exijam qualidade no material vendido para o torcedor, cobre datas e quantidade no atendimento às diversas categorias do futebol e que os lojistas não sejam prejudicados.

É preciso equilíbrio na balança entre a empolgação e preocupação. Quem vai fabricar já prestou serviços? Deu conta do recado? O que será diferente dessa vez? A lista de problemas com material esportivo na atual década é extensa e por diversas vezes tomamos decisões de clube amador. Chegou a hora de mudar e a Le Coq pode ser o primeiro passo para que isso aconteça. Ici c’est coq!

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