LEVIR CULPI, NOSSOS VÍCIOS E VIRTUDES NÃO MUDARAM

Compartilhe

FOTO: BRUNO CANTINI/ATLÉTICO

Batemos, fora de casa, o terceiro colocado na tabela, eliminamos dois concorrentes da última vaga para a Libertadores 2019, sendo que um deles será nosso próximo adversário. Superamos desfalques, o camisa 10 se destacou novamente, o Inter era o último invicto como mandante no Brasileiro, o Galo não vencia três partidas seguidas desde junho e só havia conseguido o feito duas vezes na temporada, até então. A lista de motivos para comemorar é grande e vão além dos três pontos na tabela, principalmente em uma semana de turbulências para o Atlético nos bastidores do clube.

Os inícios de trabalho de Levir Culpi por aqui, quase sempre, foram marcados por tropeços. Em 1994, perdemos em casa para o Vasco e fomos eliminados da Copa do Brasil, em 2006, derrota para o Brasiliense, empate com o Santos, Santo André e derrota para o Avaí, deixando a torcida mais preocupada com a terceira divisão do que esperançosa com o retorno à primeira. Na volta o clube em 2014, eliminação da Libertadores ao empatar com o Atl. Nacional, da Colômbia, em casa, e derrota, em casa, para o Goiás. Em 2018, três derrotas e um empate, tudo isso em meio a um turbilhão de problemas extracampo, com direito a demissão do diretor de futebol.

Só que em 1994 nós chegamos à semifinal do Brasileiro, levamos o Mineiro de 1995, voltamos à primeira divisão em 2006 e conquistamos o Mineiro de 2007, conquistamos a Copa do Brasil 2014, Recopa 2014, Mineiro de 2015, além do vice-campeonato do Brasileiro em 2015 e a semifinal de 2001. Com tempo, o burro, o gagá, arrumou a casa, levantou taça e nós não tivemos paciência quando foi preciso recomeçar.

Aprendemos agora? Não! Menos de um mês após a apresentação do treinador na Cidade do Galo, boatos por whatsapp, reclamações e pedidos por um novo treinador para a temporada 2019. De tão absurdo, parece mais um desses casos engraçados que ele conta nas coletivas, mas não é. Defendê-lo após três derrotas e um empate foi pedir para ser metralhado e é por isso que eu já reforcei o colete à prova de balas para as duas partidas que restam. Se perdermos as duas, se não ficarmos com a vaga da Libertadores, se ele falar besteira nas entrevistas, ainda assim Levir é o cara para 2019.

Nós mantemos os mesmos vícios, queremos o que não está aqui, focamos tanto na grama do vizinho que a nossa morreu por não ser cuidada. Achamos motivos para tirar Levir, Aguirre, Marcelo, Roger, Micale, Oswaldo, Larghi e nada funcionou. Agora é hora de achar motivos para cobrarmos a permanência. Pesquisar o passado, aprender com os erros e evoluir, fórmula que vale para a torcida e para os dirigentes.

Buscamos tantos trechos de entrevistas para jogarmos contra os profissionais e não fazemos o mesmo quando algo de produtivo aparece nos microfones. Com Cazares e Chará rendendo mais nos últimos jogos, me chamou a atenção a declaração de Levir ao afirmar que conversa com os gringos fazendo perguntas simples. “Como está a família? Como você tem se sentido morando em outro país?”. Fosse algo negativo, certamente apareceria até naquela página da Veja com aspas de famosos.

Mais uma lição? Lembra de Galo e Santos, na Vila Belmiro, em 2015? Levamos quatro no lombo, a era Levir começou a se desmoronar naquela semana e em pouco tempo começávamos o rodízio trimestral de treinadores. Perder na Vila para o Santos não é o fim do mundo, vencer não limpa o débito desse grupo com a torcida na temporada, só não podemos ficar na bipolaridade de “demite o Levir”, “Guardiola do Paraná” a cada três dias.

Duas partidas que restam, duas finais, talvez sem poder colocar em prática tudo o que queria, principalmente nos testes de peças para a temporada 2019, já que estaremos com um olho em campo e o outro na tabela. Não tenho certeza sobre a dificuldade que encontraremos nesses confrontos, quem deve ser titular, quem não deve ser aproveitado. Sobre o treinador, uma certeza eu tenho – Levir é o cara para o final de 2018, Levir é o cara para 2019.

Compartilhe