
O que dá sentido à vida? Para mim, não há resposta mais simples: são as alegrias, as tristezas. Os sorrisos, as lágrimas. O que dá sentido à vida, muito mais que as aquisições, são as sensações. É o ser, mais que o ter. O que dá sentido à minha vida é a minha história.
E a minha história já me deu muito mais do que aquele menino magrelo, barrigudo e de joelhos batatudos, nascido à beira do Xopotó, esperava. Meus pais, meu avô, minha esposa, meus filhos, minha neta… O Tio Ciro e o Galo.

Tio Ciro
Eu nasci de mãe atleticana e pai cruzeirense. Nasci atleticano. Mas, foi em 21 de agosto de 1981 que meu amor pelo Galo se estabeleceu. Nesse dia, agarrado ao radinho de pilha, com Tio Ciro e meu irmão do meu lado, o Galo foi eliminado da Libertadores pelo escrete do José Roberto Wright. Poucos vão entender. Os atleticanos não terão duvidas de que só podia ter sido assim. O que dá sentido à vida são as sensações.
Daquela noite de agosto até hoje, eu vivi mil sensações. Foram vitórias e derrotas. Foram títulos ganhos e títulos perdidos. Sim, mais títulos perdidos que ganhos. Mas, veio 2013… O pé santo de Vítor, a mágica de Ronaldinho, a leveza de Bernard, a raça de Pierre, a precisão de Tardelli e o gol de Leo Silva. Veio 2014… Veio Luan e 1981 virou história da carochinha. A página virou. Acontece que em todas, simplesmente todas as sensações que o Galo me fez viver, eu me lembrei do meu Tio Ciro. O cara que converteu para essa religião que enlouquece dez milhões de malucos-beleza.
Ah, Ronaldinho, me perdoe – eu te adoro – Mas, Reinaldo é maior que você. Réver, Leo… vocês me deram algumas das maiores alegrias da minha vida. Mas, eu fico com Luizinho. Éder, sou mais você que Bernard. Porque na vida, o que valem são as sensações. As vitórias que vieram e as que fugiram… Isso somos nós. Porque estar vivo é ter a capacidade de se arrepiar. É por isso que me arrepiei outro dia quando achei no youtube uma narração do Willy Gonzer de um gol do… Dinho (um lateral direito perna de pau da década de 90).
No dia 06 de março, voltei ao Mineirão. Eu estava com meus irmãos (Gilmar, Diego e Elisângela), meu primo (Geovane) meus sobrinhos (Mateus, Davi, Yan e Yuri), meus filhos (Naiá, Natan e Clara). Sim. Essa é toda a nossa família. Cem por cento atleticanos. O Galo perdeu para o Cerro Portenho. Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Contraditório? Sim, pensarão os ateus. Faz todo sentido… Terão certeza os adeptos dessa religião marcada em preto e branco.
25 de março. GALO, 111 anos de História. Rei, Éder, Luizinho… Valeu por todas as sensações. Mas, meu herói continua sendo o Tio Ciro, que nesse instante, deve estar lá no Santo Antônio, à beira do Xopotó, ouvindo a Itatiaia e gritando para o comentarista dizer pro Levir não escalar o Patric. Kkkk
Parabéns Galo. Obrigado por tudo.
Tio Ciro, eu te amo.
Texto: José Geraldo de Araújo