
Não. O texto não é sobre o Renaldo, como batizou meu ídolo Willy Gonser, o baiano que veio do Paraná. O texto é sobre mim.
Cheguei em Belo Horizonte em 1992. De Belém trouxe a saudade da minha terra e a paixão pelo Clube do Remo. Ao chegar em Minas percebi a polarização do Estado e para não desagradar alvinegros e celestes, escolhi “fingir” torcer pelo América.
Morava no bairro Salgado Filho e, como na época, menor de 12 anos não pagava passagem e ingresso, bastava ter jogo no Mineirão e lá estava eu. Por coincidência ou decisão divina, meus cinco primeiros jogos no Mineirão foram do Cruzeiro. Isso mesmo. Coelho sempre jogava no Horto. Explico a decisão divina.
Só Deus para me fazer ir em cinco jogos do Cruzeiro e escolher não torcer pelo time azul. Deus reservou para mim, como primeiro jogo do Galo no Mineirão, a noite em que Negrini resolveu, debaixo de um temporal, mostrar pra mim o que era, é e será para sempre sentir a emoção de torcer pelo Clube Atlético Mineiro.
Na medida que a paixão pelo Remo diminuía, o amor pelo Atlético tomou conta da minha alma. Hoje, 27 anos depois, entendo o fascínio que o Galo exerce sobre torcedores e imprensa de todo o Brasil.
O meu fascínio veio da vitória contra o Olímpia, o do resto do Brasil vem desde quando o Bruxo Ronaldinho Gaúcho empatou um jogo no Morumbi e gritou para o mundo: Aqui é Galo, Porra. Isso mesmo, o pênalti do Tijuana e todas as viradas de 2013 e 2014 começaram naquela explosão do R10.
Porém, Fascínio é diferente de amor. Meu amor pelo Galo cresceu quando em 1994 o Branco venceu o preto e branco. Aumentou quando um juiz resolveu ajudar o Palmeiras em 97 para o Juca Kfouri não cortar o braço, em 99 quando o pênalti não marcado nos tirou o Brasileiro e ao final do Globo Esporte chorei ao ver e escutar um senhor de barba e cabelos brancos dizer: não verei o Atlético campeão.
Em 2005 quando no precipício me joguei junto com milhões. Poderia aqui citar milhares de momentos felizes, mas juro amigos, foram situações como essas que me fizeram descobrir que lá em 11 de outubro de 1980, em Belém do Pará, nascia mais um que torceria eternamente contra o vento …
Texto de: PAULO HENRIQUE BANDEIRA OUAKNIN AZULAY