O Atlético reatou com o atleticano

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FOTO: PEDRO SOUZA/ATLÉTICO

Meu telefone tocou em uma tarde de domingo, no final de 2019, e o nome que apareceu na tela fez abrir um sorriso no meu rosto. Era um grande atleticano, conhecido por defender as cores do Galo e brigar, como poucos, pela nossa torcida. Entre os diversos assuntos na prosa, que se estendeu por horas, o distanciamento cada vez maior entre Atlético e arquibancada. Além dos péssimos resultados em campo, dirigentes e setores do clube não conseguiam comunicar com o torcedor, coluna principal da instituição, desde 1908. Caso a conversa se repita no final de 2020, é provável que a análise seja outra, diante das ações realizadas pelo Atlético, mesmo com a paralisação das competições.

Desde 2018, Sérgio Sette Câmara não publicava nada no Twitter. Em 2020, ao anunciar a contratação de Diego Tardelli, o presidente voltou a utilizar a rede social. Na sequência, respondeu a uma brincadeira feita por um torcedor e não parou mais, postando fotos para anunciar Jorge Sampaoli, Alexandre Mattos, além de informar sobre a chegada do goleiro Rafael e o início das obras na Arena MRV. Antes, o Twitter era citado como uma praça de guerra com metralhadoras de críticas e ofensas, inclusive com mensagens que terminaram na justiça. O presidente percebeu que aquele copo poderia ficar meio cheio.

Não foi só na internet que o dirigente alvinegro enfrentou duras críticas. Nos estádios, Sette Câmara ouviu gritos de protestos que ganharam força a cada eliminação. Faixas e camisas teriam sido barrados, segundo torcedores, o que causou um efeito contrário e aumentou o engajamento da arquibancada nos protestos. Para ganhar a confiança do atleticano, o discurso de que a missão é pagar contas para garantir um futuro próspero para o Galo ganhou força. A cada conta paga, devidamente anunciada no perfil de Sérgio, fica a impressão de um aumento da popularidade do mandatário entre os internautas. Quando se pensa em eleição, ou reeleição, como é o caso de Sette Câmara, o ideal é que se tenha boa convivência não só com o Conselho Deliberativo, mas com os “consumidores” também.

As faturas quitadas também são citadas nas entrevistas concedidas em chamadas de vídeo durante a quarentena. E não foram poucas ‘lives’. Sette Câmara topou até falar com alguns blogueiros do Youtube, outro espaço com fartas críticas ao trabalho do dirigente. Ainda que com dificuldade, Sérgio começa a evoluir quanto à autocrítica de que o trabalho, até o momento, coleciona muito mais erros do que acertos. Se tem sido comum ver o rosto do presidente na web durante o período em casa, Sette Câmara chegou a ficar cem dias sem conceder coletiva, em 2019. Sem ter que encarar o microfone após resultados ruins, foi possível ver um homem menos sisudo, mesmo que ainda tropece ao abordar temas polêmicos.

Lásaro Cândido da Cunha, vice-presidente do Atlético, também buscou a aproximação entre clube e torcedor. Assim como o presidente, Lásaro usou o Twitter para anunciar a intenção de termos visitas programadas à Cidade do Galo e obras da Arena MRV. Se a pandemia de coronavírus não permite que as visitas aconteçam atualmente, o Atlético encontrou outra maneira de engajar o público durante a quarentena. Lançou um concurso para que o torcedor crie um modelo de camisa que será utilizada pelo time de um a três jogos oficiais. Quem vai escolher? O próprio atleticano, através de votação da internet. Esse era um pedido antigo na torcida, colocado em prática no momento em que o clube tenta uma aproximação daquele que é a pedra fundamental do Galo – O ATLETICANO.

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